No dia 08 de março é celebrado o '''Dia Internacional das Mulheres'', data que aparece no calendário mundial para relembrar a todos não só do ocorrido na fábrica russa em 1917, como inúmeros outros pontos que a causa feminista levanta, um deles, a falta de liberdade da mulher e a importância de lutar contra misoginia e exigir que nossos direitos sejam respeitados.
Neste mês de significado tão valoroso para a mulher, o canal de tv paga ''Curta!'' exibe pela primeira vez o documentário de Maria Lutterbach, ''Verde-Esperanza: Aborto Legal na América Latina''. O filme joga luz em uma das causas mais debatidas dos últimos tempos e muito ainda negligenciada, o aborto. Faz um recorte estatístico sobre a questão na América Latina onde apenas cinco países permitem que as mulheres acessem serviço de saúde publico para realizar um aborto de forma segura e conta com participações de advogadas, médicos, coordenadores de projetos voltados as politicas da mulher e muitos outros. Estes últimos aparecem na tela informando didaticamente como os direitos à liberdade e à saúde da mulher estão juridicamente plenos nas constituições de inúmeros ou quase todos os países latinos, mas são violados devido a Lei punitiva que restringe a prática e faz valer o procedimento apenas em caso de estupro ou em que a vida da gestante corra risco (mais recentemente também foi instituído também exceção no caso de anencefalia).
O documentário se apresenta de forma dinâmica, mas usa também o estilo já conhecido de ''talking heads'', e nos leva a viajar por cidades Brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília para conhecer advogadas e lideres de projetos que lutam pela causa. Também nos transporta para Colômbia e Argentina e percebemos como por lá, a causa da saúde da mulher é tida como essencial e levou muitos as ruas e ao congresso para lutar. Nas palavras da ginecologista colombiana Laura Gil ''Quando se regula o aborto a partir da legislação de saúde e não pela legislação criminal, equipes de profissionais acompanham as pacientes de forma integral como a contracepção, o aconselhamento contraceptivo, ou a detecção de violência e tal feito traz beneficio futuro. Não é somente prestar um serviço de aborto. É prestar atenção médica integral à mulher ou menina que o solicita. Assim evitando também a gravidez indesejada, pois haverá contracepção eficaz, haverá menos procedimentos de aborto, pois reduzirá os casos de gravidez por acidente e a mulheres terão um serviço mais digno e completo, o que também influi na diminuição da mortalidade infantil, um dos grandes objetivos do milênio''. E a fala segue um caminho verdadeiramente humanista, muito mais do que progressista, revelando como os nossos hermanos aqui do lado tem uma visão mais clara da situação de proibição do aborto.
Teaser
Ficha TécnicaTítulo original e ano: Verde-Esperanza: Aborto Legal na América Latina, 2022. Direção: Maria Lutterbach. Narração: Ana Flávia Cavalcanti. Roteiro e Montagem: Maria Lutterbach. Argumento: Giulliana Bianconi. Pesquisa e Reportagem: Giulliana Bianconi, Maria Lutterbach, Maria Martha Bruno, Vitória Régia da Silva. Coordenação de Dados: Natália Leão. Elenco: Brunna Oliveira. Performers: Consuelo Bassanesi e Lara Lima. Participações: As advogadas Gabriela Rondon, Carolina Haber, Receba Mendes, Nely Minyersky, a coordenadora de projeto social Lia Manso, Laura Malinari, Gisele Pereira, Ana Cristina González, Laura Gil, Senadora Victoria Sandino, Marina Ardila, Jamila Gomez, a jornalista Laura Salomé Canteros, Deputada Silvia Lospenato, Sonia Correa, Senadora Maria Eugenia Catalfamo, Marria Bitercourt, Maíra Marques. Trilha Sonora Original: Mario Cappi. Desenho de Som e Mixagem: Helena Duarte. Som Adicional: Marcos Valério. Direção de Fotografia: Ana Rezente. Design: Victoria Ferrari e Victoria Sacagami. Colorista: Silvia Abreu, DAFB. Imagens Adicionais: Ramon Iriarte (Colômbia), Calra Cavour, Elisa Mendes, Eder Neves (Rio de Janeiro), Ana Luiza Meneses, Raísa Vilela (Brasília). Motion: Luciano Gomes. Produção Executiva: Giulliana Biaconi e Maria Martha Bruno. Produção: Aline Gatto Boueri - Argentina e Colômbia. Produção: Maria Lutterbach - Brasil. Produção: Vitória Régia da Silva - Brasil e Colômbia. Coprodução: GN. Duração: 43min.Classificação: 12 anos.
A película também alterna o pensamento politico e jurídico da questão com casos reais de mulheres mais novas e mais velhas que necessitaram usar do sistema de saúde para evitar a gravidez. Algumas delas, já mães e conscientes do que representaria ter outro filho e de uma forma forçada por conta de leis penais. No Brasil, a advogada e mãe Rebeca Mendes apresenta seu caso e de como teve medo em acabar como uma das mulheres pobre do país, morta em uma vala ao tentar acessar o serviço de forma ilegal. Porém ao entrar em contato com uma organização colombiana conseguiu realizar o procedimento com segurança e tranquilidade. Também contou com a ajuda de pessoas no Brasil que juridicamente tentaram a ajudar por aqui mesmo, mas teve os pedidos indeferidos. Na Argentina, vemos a jovem Jamila Gomez, de 19 anos, por exemplo, ir se consultar com um médico e assistimos a conversa. O profissional presta todas as informações possíveis e a moça também fala a câmera de sua situação ''Já tenho um filho, não tenho dinheiro para ter outro. Além disso, meu companheiro não está mais comigo''. Na sequência a Deputada Silvia Lospenato e a jornalista Laura Salomé Canteros também explanam como a ''onda verde'', movimento pela luta da liberação do aborto, cresceu no país e como o feminismo foi importantíssimo para gerar mais consciência na população e a campanha feita levantava o lema ''educação sexual para decidir, anticoncepcionais para não abortar e aborto legal para não morrer''. Evidenciando a preocupação dos ativistas por todo o contexto da saúde feminina e não somente ''o aborto''. O Aborto foi legalizado na Argentina em 2020.
Créditos: Divulgação, Curta!
O filme não deixa de exibir que mulheres com até 40 anos no país já podem ter feito aborto e muitas dessas não são exatamente mulheres pobres. Não só isso destaca que mais de sessenta por cento das mulheres que realizaram aborto em 2021 são mulheres negras e pobres. Os convidados também notam a questão do crescimento do conservadorismo no mundo e como isto foi um ataque aos direitos das mulheres, já que até mesmo nos Estados Unidos leis que regiam a temática foram revogadas (Roe v. Wade).
Em suma, Maria Lutterbach dirige um filme que mostra o trabalho de inúmeras pessoas que tentam não só combater as leis punitivas e alterá-las, mas quem auxilia mulheres a acessar o serviço de forma segura, mesmo que tenha que ir para fora do país. Mais eloquente ainda é notar que países vizinhos lutaram com muita garra e conseguiram vencer opinião pública ou religiosa e conservadora para garantir um direito único que é o direito a saúde. A produção é informativa e é demasiada necessária.
O filme ganha exibição nesta sexta-feira (10), às 21 horas, no canal Curta!, mas também está disponível no Curta!On - Clube de Documentários, streaming do Curta! na Claro TV+ em CurtaOn.com.br — novos assinantes do site têm sete dias de degustação gratuita de todo o conteúdo da plataforma. O Canal também exibe nesta quarta o documentário ''Fio do Afeto'' que faz parte da Maratona do ''Dia Internacional da Mulher''.
Horários alternativos: 11 de março, sábado, às 1h e às 16h30; 12 de março, domingo, às 23h; 13 de março, segunda-feira, às 15h; 14 de março, terça-feira, às 09h.
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