O livro de Alexandre Dumas, ''Os Três Mosqueteiros'', publicado em 1844 por um folhetim, é um verdadeiro marco na história da literatura francesa. A obra, traduzida para inúmeros idiomas, acabou trazendo a tona não só uma aventura de ficção incrível, mas também uma trama amarrada preenchida com o que se sabia de personagens históricos relevantes do Reino. Ademais, não só o próprio autor da história levou o enredo ao teatro como o mundo inteiro já a adaptou para o formato visual. São mais de vinte e nove produções que incluem filmes infantis (Barbie e Os Três Mosqueteiros e Mickey, Donald e Pateta: Os Três Mosqueteiros), minisséries e outras produções televisivas e inúmeros longas falados principalmente em inglês - não esquecendo também do spinoff com Leonardo DiCaprio "O Homem da Máscara de Ferro" (1998) que detalha um carro comentado na obra de Dumas. Os franceses, proprietários da narrativa, não jogavam luz na aventura/romance desde 1961 quando foram produzidos ''A Vingança de Milady'' e ''Os Três Mosqueteiros'', ambos dirigidos por Bernard Borderie. Em 2011, o cinema mundial conheceu uma nova roupagem da história original com Logan Lerman como D'Artagnan e um elenco conhecido (Christoph Waltz, Orlando Bloom, Mads Mikkelsen, Milla Yovovitch, Matthew MacFadyen). Este ano, outra adaptação inglesa deve ser lançada também, mas é a francesa, com produção da magnânima Pathe, que deve chamar a atenção.
Filmado entre agosto de 2021 e junho de 2022, Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan, fará parte de uma série de dois filmes - aliás, sua sequência, ''Os Três Mosqueteiros: Milady'', prevista para o fim do ano, foi rodada em conjunto - e apresenta, com muita similaridade ao livro, as aventuras dos famosos guardas reais franceses. O primeiro foco é dado a entrada de D'Artagnan ao grupo, personagem vivido pelo ator queridinho dos tempos atuais, François Civil (O Próximo Passo, Amor à Segunda Vista e Encontros). Sua chegada a Paris, vindo de Gasconha, é atribulada e atormentada já de cara por Milady, Eva Green em uma faceta de ''mulher fatal'' extremamente convincente. O jovem é quase morto e seus pertences, entre eles uma carta de recomendação para ser entregue ao capitão dos mosqueteiros, são furtados. Quando ele consegue então se salvar, acaba se deparando com Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmaï) e Aramis (Romain Duris) de forma que os três se irritam com sua presença e o desafiam para um duelo. Corajoso e sem nada a perder, D'Artagnan aceita cada um dos embates, tomando tempo ainda para agendá-los de forma a conseguir atender a todos. No entanto, tais encontros eram proibidos e no momento do acerto de contas entre os três mosqueteiros e o jovem, o grupo é cercado por soldados reais e lhe é solicitado que entreguem as espadas. Formando agora um quarteto de batalha, os homens não se entregam e acabam com a raça daqueles que atrapalharam a briga com hora marcada.
Athos, Portos, Aramis e D'Artagnan são levados ao encontro do rei Louis XIII (Louis Garrel) e a realeza, apesar de puxar a orelha deles, fica extasiado que os quatro derrotaram um batalhão inteiro sozinhos. O que se iniciou como inimizade, agora é o inicio de uma baita amizade. Afinal, o jovem é incluído na guarda e passa a treinar e andar com os mais famosos mosqueteiros. Como na história original, o filme traz o caso em que os quatro tentam safar a Rainha Anne (Vicky Krieps) de maus lençóis, conta também de sua richa com o Cardeal Richelieu (Eric Ruf) e o ''possível caso'' com um duque inglês. Lembrando que as tramóias do Cardeal ocorrem com ajuda de Milady. Athos também é levado a júri para comprovar sua inocência mediante um caso de assassinato. Logo, enquanto seus companheiros tentam o livrar da morte, este não está muito preocupado com esta. Já D'Artagnan não tira os olhos da ama da Rainha Anne, Constance (Lyna Khoudri). E esta última retribui os olhares de afeto.
O emaranhado dos conflitos que Dumas escreveu é transportado para as telas em um roteiro de Matthieu Delaporte e Alexandre de La Patellière. A direção da película fica por conta de Martin Bourboulon que embarcou no projeto a convite do produtor Dimitri Rassam, principal responsável pela escolha dos atores que vivem os quatro mosqueteiros. Não só isso, por juntar a nata do cinema francês atual em um clássico riquíssimo e super bem filmado.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Les trois mousquetaires: D'Artagnan. Direção: Martin Bourboulon. Roteiro: Matthieu Delaporte e Alexandre de La Patellière. Elenco: Françouis Civil, Vicent Cassel, Eva Green, Vicky Krieps, Louis Garrel, Pio Marmaï, Romain Duris, Eric Ruf, Lyna Khoudri. Gênero: . Nacionalidade: França. Trilha Sonora Original: Guillaume Roussel. Fotografia: Nicolas Bolduc. Edição: Célia Lafitedupont. Direção de Arte: Patrick Schmitt. Figurino: Thierry Delettre. Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 02hrs01min.
A estrutura do filme foge pouco do que é apresentado na obra original (um calhamaço de quase 800 páginas que é considerado um clássico mundial) e destaca muito bem o humor presente no livro. Algo que não é gratuito e que encanta pela boa condução das interpretações. Há momentos de muita torcida na guerra do bem contra o mal, afinal, a jornada de D'Artagnan quase nos remete ao que Cândido vive na obra clássica de Voltaire, uma lida cotidiana com ataques de cunho depreciativo. Um exemplo de mudança é que Constance é uma mulher casada e aqui se mostra como uma jovem trabalhadora e até então solteira.
Créditos: Divulgação
François Civil, Romain Duris, Pior Marmaï e Vicent Cassel eram as primeiras escolhas do diretor e do produtor para os seus respectivos papeis no filme. O primeiro a aceitar a tarefa foi Civil.
Temos na tela atores franceses que são conhecidos no mundo inteiro interpretando uma história de sua terra natal e arrasando a cada capitulo revelado. Alguns deles vivem personagens historicos descritos e desenvolvidos por Dumas a partir de seu conhecimento prévio. O Cardeal Richelieu é uma dessas personalidades que o autor coloca na parede, pois era tido como um homem sinistro e de muito poder no reino. O Rei Louis XIII é visto como um homem ciumento, cheio de crises e estúpido, mas ainda assim tem gratidão e admiração transparente aos mosqueteiros. A Rainha Anne, que teve que se casar para interligar reinos, como muitos dos casamentos reais, é vista sendo perseguida pela igreja, no papel do cardeal, e inspira todos a sua volta por sua força. O Duque de Buckigham ganha um aspecto romântico e de sofrimento por um amor impossível. O inglês realmente existiu, mas o romance é puramente ficção até onde se sabe.
Créditos: Divulgação
Alguns clássicos franceses como Os Duelistas (1977), Os Caçadores da Arca Perdida (1981), Cyrano (1990) e A Rainha Margot (1994), ajudaram a produção e o diretor a compor detalhes e preparar o filme.
Se D'Artagnan era inspirado em uma pessoa real (o guarda real Charles de Batz de Castelmore d'Artagnan), saibam que também eram Athos (no Conde de La Fère Armand de Sillègue d'Athos d'Autevielle;), Porthos (no mosqueteiro Isaac de Portau) e Aramis (no abade Henri d’Aramitz), personagens históricos que entraram na mente de Dumas e sao entregues no filme com uma baita construção detalhista.
Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan merece muito a atenção dos cinéfilos que se deleitam com o cinema francês e também dos leitores da obra, mas casa um público distinto se aventure em assistir, não vai se arrepender em passar um tempinho com os ''vingadores franceses''. de outros tempos. Ah, e não saiam da sala até os créditos finais, pois há uma cena que interliga o longa a sua sequência ''Milady''.
Avaliação: Três Espadas da Justiça (3/5).
HOJE NOS CINEMAS
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