O nono retorno do ator Tobin Bell como John Kramer, o Jigsaw, tem direção de Kevin Greteurt e se passa cronologicamente entre os filmes ''Jogos Mortais'', de 2004, e Jogos Mortais 2, de 2005. A trama deste décimo longa vem com um cunho mais intimista e pessoal e não evoca um subplot investigativo como muitas vezes o fez. É puramente o jogo e a filosofia de Kramer em prática, ou seja, mais testes em que ele acredita ''transformar e ajudar as pessoas a se redimirem'' ou saírem de sua zona patética de conforto.
Tudo tem start com nosso antagonista motivacional predileto dos últimos dezenove anos indo ao México para participar de um tratamento sem igual que poderá o salvar de sua doença terminal, o câncer. John encontra então um previsível e questionador ''tratamento de cura'' com o envolvimento de vários golpistas que não sabem exatamente onde estão pisando, entre eles, Cecilia Pederson (Synnøve Macody Lund), a chefe de toda a armação, o ''doente terminal fake'' Park Sears (Steven Brand), a mocinha Gabriela (Renata Vaca), o médico fake Mateo (Octavio Hinojosa), a enfermeira Valentina (Paulette Hernandez) e o motorista Diego( Joshua Okamoto). Um grupo determinado a dar golpes por ai e saírem ilesos, contudo, com o tempo contado.
Direto ao ponto e desta vez sem tanto rebuscado do terror carnificina ou aparatos assustadores, a produção pressupõe que John é mais humano do que se pensa e investe nisto em todos os seus minutos de duração. Sim, em cada teste os jogadores terão de passar por automutilação e correr contra o tempo para escolher entre ''a vida e a morte'', mas o interessante aqui é realmente ver que os personagens vão tentar trapacear até os seus últimos minutos de existência.
Trailer
Ficha Técnica
Título Original e Ano: Saw X, 2023. Direção: Kevin Greteurt. Roteiro: Josh Stolberg e Pete Goldfinger. Elenco: Tobin Bell, Shawnee Smith, Synnøve Macody Lund, Steven Brand, Renata Vaca, Joshua Okamoto, Octavio Hinojosa, Paulette Hernandez, Costas Mandylor, Jorge Briseño, Michael Beach. Gênero: Terror. Nacionalidade: Eua, México e Canada. Trilha Sonora Original: Charlie Clouser. Fotografia: Nick Matthews. Edição: Kevin Greutert. Design de Produção: Anthony Stabley. Direção de Arte: Ricardo Davila. Figurino: Jimena Tenorio. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h58min.
O palco dos jogos desta vez se dá no México, pois é para onde John parte para encontrar a equipe que fará sua cirurgia. Ao passo que ele tem que voltar a ''testar'' as pessoas que tentaram o passar para trás revemos um carinha bem conhecida da série e uma das sobreviventes dos jogos que se tornou sua aprendiz. Sim, Amanda Young (Shawnee Smith) é vista novamente e tem participação forte para auxiliar seu mentor nos jogos. Com os testes rolando, um ou outro planejamento de John ''aparentemente'' sai do controle e ele quase perde tudo, mas, obviamente, ele sempre tem cartas na manga e os ''jogos morais'' não são necessariamente vencidos.
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Provocando mais questionamentos morais e dando ao espectador um Jigsaw sem muitas mascaras e figrulas, Jogos Mortais X surpreende pela ''transparência'' e vem mais cru que outras vezes.
Em ''Jogos Mortais 2'', de 2005, John deixa claro que ''nunca matou ninguém em sua vida inteira, pois as decisões estão nas mãos dos jogadores''. Um dos personagens menciona o pensamento à ele e o vilão continua com seu semblante frio e modesto, o que afirma que é isso mesmo que sua filosofia implementa na simbologia da redenção e ele não necessita que ninguém o relembre. Não obstante, é intrigante vermos o texto brincar com detalhes da franquia em inúmeros momentos. Desde trazer a idéia central do jogo na fala dos personagens ou até rememorar personagens antigos como Amanda e o Detetive Hoffman (Costas Mandylor). Mas algo ainda mais provocante é ver John em posição de ''vitima'' e falando em ''salvar inocentes''. Situações que fazem seus dilemas internos quase serem pegos de surpresa e dão ao espectador mais e mais camadas deste personagem tão aclamado nos anos 2000.
A direção de Kevin Greteurt combinada a sua edição é algo que ocorre pela primeira vez, já que ele foi o editor do filme que iniciou tudo em 2004 nas mãos de James Wan, mas logo depois dirigiu sem editar Jogos Mortais VI (2009) e Jogos Mortais 3D (2010). Aqui temos um dos filmes mais longos de toda a franquia e um que sai do usual por vir menos titubeante. Há uma preocupação clara em trazer outra perspectiva de John Kramer e visualmente sentimos muito isso. A fotografia vem menos com cara de terror tosco e mais cisuda com pouca entonação para o verde simbólico e um escuridão mais equilibrada.
Estreando em setembro e não no mês do terror, Jogos Mortais X dá chance aos fãs brasileiros de curtir a produção por um precinho camarada na ''Semana do Cinema'' que acontece em todo o país de 28 de setembro a 04 de outubro. #FikDik
Avaliação: Três braços dilacerados e meio (3,5/5).
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