Um futuro não tão distante, com uma realidade não tão diferente. Ainda assim, tão inimaginável e tão longe de nós, que ao mesmo tempo que parece possível que a humanidade chegue em um cenário tão distópico, parece ser uma realidade de um universo digno de Star Wars. E assim temos The Creator, ou Resistência, como o título foi traduzido no Brasil, filme dirigido e produzido brilhantemente por Gareth Edwards, responsável por "Rogue One: Uma História Star Wars" que traz John David Washington no papel central.
O cenário de Resistência, apresenta um futuro em que a inteligência artificial avançou tão longe, que é uma espécie com consciência própria e esta habita a terra e procura seu espaço meio a uma guerra contra os humanos que temem pelo fim da sua existência. A batalha se alastra por todo o mundo e é alavancada pelos seres humanos, principalmente o exército dos Estados Unidos que luta contra o grupo de rebeldes asiáticos, já que estes últimos convivem em plena harmonia com as inteligências artificiais humanizadas.
O espectador é levado a acompanhar tudo isso, pelo ponto de vista do protagonista Joshua Taylor, vivido por John David (Tenet, Malcolm X, BlacKkKlansman). Ele é um agente duplo das forças especiais, que se infiltra na comunidade em que humanos e IAs vivem, para capturar o criador do que ele, assim como todas as pessoas que são contra as IAs acreditam ser somente robôs programados para sentir emoções humanas, mas que não merecem ser humanizados. Joshua se envolve com Maya, interpretada por Gemma Chan (Podres de Ricos, Eternos), que reside na comunidade e foi criada por IAs. Maya engravida, e perto do fim da gestação, a comunidade é invadida por uma equipe americana de militares, que interrompem a missão de Joshua, e uma grande explosão acaba separando os dois. Joshua acredita que Maya está morta, e antes da fatalidade, ela descobre as reais intenções de Joshua, e o perigo que ele representa para a família dela.
Depois de uma separação mortal e abrupta, Joshua parte para uma vida automática nos Estados Unidos, sendo vigiado pelas forças especiais, para que se lembrasse de toda a vivência na comunidade. Ele então é recrutado pela coronel Howell (Allison Janney), que o convence de que Maya na verdade está viva, e que ele precisa a salvar. Howell se compadece do que ele perdeu, porque ela mesma perdeu os filhos nessa guerra. Ela admite que os filhos se alistaram por causa dela, e se sente culpada, mas mesmo assim, não recua e vai até onde não existem limites da crueldade humana.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: The Creator, 2023. Direção: Gareth Edwards. Roteiro: Chris Weitz e Gareth Edwards. Elenco: John David Washington, Gemma Chan, Madeleine Yune Voyles, Allison Janney, Ken Watanabe, Sturgill Simpson, Amar Chadha-Patel, Marc Menchaca, Robbie Tann, Ralph Ineson, Daniel Ray Rodriguez, Rad Pereira,. Gênero: Drama, Scifi. Nacionalidade: Eua. Trilha Sonora Original: Hans Zimmer. Fotografia: Greg Fraiser e Oren Soffer. Edição: Joe Walker, Hank Corwin e Scott Morris. Design de Produção: James Clyne. Figurino: Jeremy Hanna. Distribuição: 20th Century Studios. Duração: 02h13min.
O filme traz uma discussão sobre o que é real ou não, e sobre a crueldade humana. Na comunidade em que as IAs vivem em harmonia com os humanos, quando o exército americano retorna, as crianças e mulheres reféns do exército, declaram que as inteligências artificiais em questão, são capazes de sentir emoções humanas muito mais reais e empáticas, do que os próprios seres humanos de fato. O que é o cerne da questão. Joshua passa o primeiro ato inteiro do filme acreditando que somente o que ele teve com Maya foi real, mas que nenhuma das simulantes (inteligências artificiais com corpos que habitam a comunidade), pode sentir amor de verdade, ou ter uma ligação com Maya. Para ele, a missão era destruir o criador e salvar Maya, para que os dois pudessem construir a família de verdade, em paz. Mas no meio do caminho, ele perde a humanidade que tinha. E é aqui que entra Alphie (Madeleine Yuna Voyles), uma criança simulante muito poderosa, a mais nova criação do arquiteto das inteligências artificiais. Ela é vista como uma arma por aqueles que são contra as IAs.
A arma que Joshua foi recrutado para destruir. Para os simpatizantes e para as IAs, ela significa a saída para a liberdade. A salvação para o fim de toda aquela guerra. Uma das IAs simulantes, Harun, vivido por Ken Watanabe (Inception), diz para Joshua, que a criança poderia ter sido criada para odiar os seres humanos - coisa que ele frisa que nas circunstâncias apresentadas, ela devia - mas ela foi criada de forma a ter empatia por eles. Desse modo, a criança é vista aqui, como um símbolo de um futuro melhor. Um futuro em que todas as criaturas possam viver em harmonia, sem uma guerra constante, em que a perdas para todos os lados. É como nós fomos ensinados, que o futuro é algo que as crianças vão salvar. Mesmo que quando esse futuro agora seja palpável e as coisas estejam cada vez piores, é sempre tempo de olhar para frente com olhos mais esperançosos, mais novos e ingênuos, como os de uma criança. Alphie e Joshua vão criar uma ligação. Mas não é qualquer ligação. Claro que é típico de Hollywood apresentar um roteiro em que um homem sem alma, completamente frio e pronto para fazer de tudo por vingança, amolece o coração para salvar uma criança da qual ele se apega. Não é apenas isso. No começo, Joshua não vê Alphie como uma criança, e a impressão é que até o último ato do filme, ele ainda não esteja completamente convencido de que os robôs mereçam ser salvos. Entretanto, ele se cansa da guerra, e se compromete a cuidar para que Alphie tenha a sua liberdade, e com ela, libertando toda a sua “espécie”.
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Estão entre as referências usadas pelo diretor para a composição de ideias do longa produções como ''Lua de Papel'' (1973), ''Apocalipse Now'' (1979), ''Blade Runner'' (1982), ''Et - O Extraterrestre'' (1982), ''O Traidor'' (1984), ''Akira'' (1988), ''Rain Man'' (1988) e ''Baraka - Um Mundo Além das Palavras'' (1992).
A produção custou R$80 milhões, mas sua estética, efeitos visuais, figurino, edição e trilha sonora, ficaram acima de longaa com um orçamento maior do que teve. O roteiro carrega o conflito entre humanidade e artificialidade, medo e ódio, e foi assinado por Chris Weitz (Rogue One, Cinderella, Antz, Lua Nova) e Gareth Edwards. A cinematografia é assinada por Oren Soffer e a composição de Hans Zimmer.
Como mencionado, é fácil sentir que se trata de uma distopia palpável, ao mesmo tempo que parece coisa de outro universo. Mas com toda a discussão atual sobre a inteligência artificial, se torna algo necessário refletir como seria a revolução das máquinas. Pode ser que essas inteligências não queiram se virar contra nós, mas aprendam a ser melhores do que somos. Pode ser que os seres humanos se voltem contra algo que criaram. De todo modo, como distinguir o que é uma ligação real entre as pessoas, do que é uma ligação artificial, criada por uma programação?
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