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Manami (Suzuki Uri) é uma estudante do interior, filha de um político conservador. Inconformada com seu destino e o conservadorismo da família. Certa noite vai com uma colega a um bordel masculino. Apresentada nessa noite a um cliente gay Jun (Mizuichi Atomu), amigo de sua conhecida e um rico herdeiro chinês, e a um atraente garoto de programa Seiya (Yano Masato), vê sua rotina ser virada ao avesso, metendo-se num labirinto de compulsões e taras, tipicamente freudianas e marcadas por uma forte literariedade.
O roteiro é baseado no livro Shajiku, de Osano Dan, ainda não traduzido para o português, e conta com o mesmo nome na língua japonesa. Essa base literária se traduz em várias sequências artísticas no filme, com declamação de poemas e cenas de peças de teatro, particularmente da obra Madame Edwarda, de George Bataille, importante escritor francês do século XX, cuja obra é um estudo do erotismo e do sagrado.
O personagem Madame Edwarda é um catalizador da loucura erótica que acomete Manami. Assistindo a peça com seu amigo Jun num teatro subterrâneo em Tóquio, a recatada estudante se permite seguir seus anseios e compulsões. Os dois pagam o prostituto Seiya e, em uma noite libertadora, se dão prazer. Mas esse triângulo amoroso tem seu preço, os sentimentos irrompem entre os três, causando grande sofrimento entre Manami, Jun e Seiya; as rodas e o eixo respectivamente dessa engrenagem amorosa.
Créditos: Divulgação / Elephant House
Ficha Técnica
Título original e ano: Shajiku, 2023. Direção: Jumpei Matsumoto. Roteiro: Jumpei Matsumoto - baseado no livro ''Madame Edwarda'', de Georges Bataille. Elenco: Masato Yano, Uri Suzuki, Atomu Mizuishi, Lin Honoka, Eiji Okuda, Mariko Tsutsui e Lily Franky. Gênero: Adaptação, Ficção, Drama. Nacionalidade: Japão. Fotografia: Yasutaka Nagano. Montagem: Akira Takeda. Som: Hiroyuki Onogawa. Design de Produção: Hidekazu Takeuchi. Produtor: Masamitsu Washizu. Empresa produtora: Gears. Duração: 02hrs. Classificação 18 anos.
Essa junção entre sentimentos e sexo vai num crescendo tal que desestabiliza os três. A partir daí, os diálogos e cenas são tipicamente freudianas, com menções a cenas do passado, fluidos, taras e compulsões. As cenas são filmadas com elegância, mas obviamente chocam o espectador. Algumas inclusive são explícitas, explorando os corpos femininos e masculinos.
O filme é centrado principalmente em Manami, num inteligente contraponto com Madame Edwarda. Na peça de Bataille, Edwarda é uma prostituta que fascina um cliente. Em trechos da peça, a Madame se intitula uma deusa, mesclando o profano e o sagrado em uma cena belíssima. A evolução da personagem principal de uma estudante complexada com sua família conservadora para uma deusa, também profissional do sexo, é uma overdose de sequências psicanalíticas, com cenas chocantes e simbólicas.
A ambientação é uma Tóquio estilosa, com muito neon, restaurantes e prostíbulos luxuosos. Às vezes, com jazz ao fundo, o submundo do sexo é apresentado a quem assiste o filme, voyeur de toda a situação. É curioso conhecer este outro lado da capital do Japão. Fascinados e enojados com a trajetória de Manami, termina-se o filme com mais dúvidas que certezas. É uma película difícil, mas intelectualmente instigante. Trazer a constante da reflexão é uma das missões da sétima arte.
O drama erótico japonês passou por Festivais como nos Estados Unidos, Equador e Espanha e terá três exibições durante a 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A produção é um exemplo notável de um explícito e filosófico longa-metragem!
Nota: 7/10.
Vinheta da Mostra
Site Oficial: https://47.mostra.org/
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