Lançado originalmente em 1982, o livro da escritora americana Alice Walker ‘’A Cor Púrpura’’ foi agraciado no ano seguinte com o prêmio Pulitzer. O romance foi adaptado tanto para a telona como para o teatro. Em 1985, Steven Spielberg dirigiu longa com o roteiro escrito pela própria escritora da obra. No elenco, Whoopi Goldberg, Oprah Winfrey e Danny Glover. A produção acabou recebendo 11 indicações em categorias diversas do Oscar®, não levou nenhuma estatueta, gerando uma das grandes controvérsias da história do cinema. Em 2005, uma nova adaptação baseada no filme chegou à Broadway produzida por Scott Sanders, Quince Jones, Harvey Weinstein e Oprah Winfrey, ficando em cartaz até 2008. Em 2016, uma nova montagem recebeu 2 prêmios Tony e o Grammy de Melhor Álbum de Teatro Musical. No Brasil, a história foi levada ao público, em 2019, pelas mãos do jornalista Arthur Xexéu.
Pegando carona na onda de trazer musicais de sucesso da Broadway para as telas, Blitz Bazawule dirigiu a adaptação musical. O roteiro é de Markus Gardley e estão no elenco: Fantasia Barrino (Celie), Phylicia Mpasi (Celie jovem), Ciara (Nettie), Halle Bayley (Nettie jovem), Taraji P. Henson (Shug Avery), Danielle Brooks (Sophia), Calmon Domingo (Mister), Corey Hawkins (Harpo), H.E.R. (Squeak), entre outros.
A Cor Purpura é uma obra de arte que leva o espectador a um turbilhão de emoções. A temática forte e pungente arrebata corações e mostra que, infelizmente, 41 anos após a publicação da obra original ainda somos os mesmos, bombardeados por notícias aterradoras de abusos, racismo e todas as formas de preconceito e discriminações com a população preta. É sugerido que a versão de 1985, disponível na HBOMAX, seja assistida. Entretanto entregue-se a esta nova produção com o olhar aberto ao novo, sem comparações. São leituras distintas. Dedique uma atenção toda especial aos cenários primorosos, ao figurino que descreve com requinte o passar dos anos e a liberação da mulher através das vestimentas. A calça comprida tão comum nos nossos dias foi uma grande conquista de libertação feminina. As coreografias e números musicais são incríveis. Canções com uma pegada gospel, blues e jazz bem ao estilo dos anos 1900. A direção de câmera é perfeita e merece ser apreciada na tela grande. A trama é um soco no estômago!
Trailer
Ficha Técnica
Título Original e Ano: The Color Purple, 2023. Direção: Blitz Baawule. Roteiro: Markus Gardley. Elenco: Fantasia Barrino, Phylicia Mpasi, Ciara, Halle Bayley, Taraji P. Henson, Danielle Brooks, Calmon Domingo, Corey Hawkins, H.E.R., Don Cole, Jon Baptiste, Louis Gossett Jr., Aba Arthur, Terrence J. Smith. Gênero: Musical, Drama, Adaptação. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Bris Bowers. Fotografia: Dan Laustsen. Edição: Jon Poll. Figurino: Francine Jamison-Tunchuck. Design de Produção: Paul D. Austerberry. Distribuição: Warner Bros Pictures. Duração: 02h21min.
A partir de 1909, as irmãs Celie e Nettie são criadas por um suposto pai, após a morte da mãe. Abusada por este homem desumano, Celie já deu à luz a duas crianças, que foram arrancadas de seus braços e descartadas como objetos de troca. Acontece o mesmo a própria Celie, mais tarde, quando é vendida a Mister, um viúvo com filhos pequenos. Separada da pessoa que mais ama no mundo, Celie passa a viver o inferno na terra, sem ao menos ter notícias da irmã. Revolta, injustiça, impotência são os sentimentos em questão. Mulher, jovem, preta, sem atrativos físicos, ficaria à mercê de homens cruéis desempenhando seus papéis de direito. Era assim e ponto! Sem questionamento.
Até surgir em seu caminho Shug Avery, a mulher livre, “da vida”, que reivindica seu protagonismo e poder e assume as cobranças da sociedade. E Sophia, que perante a primeira surra do marido Harpo mostra que não vai se calar diante dos abusos machistas, mesmo que isto lhe custe a liberdade. E, num período de 40 anos, Celie vai, a duras penas, descobrindo sua força e independência.
As mulheres roubam as cenas. Danielle Brooks dá um show de atuação - a atriz recebeu, assim como Oprah que interpretou o papel na versão de Spielberg, indicação ao Oscar de ''Melhor Atriz Coadjuvante''. O filme, aliás, não ganhou muito destaque na temporada de prêmios, mas já soma o total de 101 indicações e diversos festivais e organizações de críticos.
Créditos: © 2023 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.
A produção foi rodada em diversas localidades do Estados da Georgia (EUA) e chegou aos cinemas norte-americanos em dezembro de 2023.
Kris Bowers é o responsável pela trilha sonora original e é interessante ver que uma das canções que fizeram parte do filme de 1985 ''Miss Celie's Blues (Sister)'', escute aqui, foi retirada da versão levada á Broadway e retorna na iniciativa de 2023. A música chegou a receber indicação ao Oscar e é tida como um ''hino afro-americano da comunidade lésbica''. Embora as canções tenham adicionado uma certa leveza à história, ainda assim é uma temática dolorosa, que levará a plateia as lágrimas.
Extremamente necessário trazer essa forma de homenagem ao clássico e apresentá-lo as novas gerações. Afinal, Amizade, amor, companheirismo, sororidade, empoderamento, esperança, sobrevivência são temáticas muito atuais e endossam tudo que representa a força do universo feminino. Logo, a nova roupagem que se tem se exibe como um filme inspirador!!
HOJE NOS CINEMAS
1 comments:
Eu estava muito cabreiro e desconfiado quanto a esta regravação. Mas o texto de recomendação, aqui, é tão cheio de frescor, otimismo e consciência da temática dura que, não deu outra: atiçou a minha curiosidade, o conferirei. Gosto muito da versão spielberguiarna, acho-a dramaticamente respeitável, um testemunho de seu amadurecimento enquanto cineasta. Em breve, darei retorno acerca do que achei da nova adaptação...
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