Bob Marley - One Love | Assista nos Cinemas


Nascido em 06 de fevereiro de 1945, na Jamaica, ex-colônia do Reino Unido, o rei do Reggae, Robert Nesta Marley, ou melhor, Bob Marley, contagiou multidões com canções altamente vibrantes e um gingado inesquecível no palco. Convertido a religião/movimento ''Rastafari'' ainda muito jovem, Bob pregou poeticamente o amor, a paz, a liberdade, a união do povo preto e fez história sendo o primeiro grande artista Jamaicano a ser mundialmente conhecido. Nos deixou fisicamente em 1981, vítima de um câncer raro, mas sua arte está viva nos corações de fãs e familiares. E em um mundo que anda tão carente de mensagens que tragam harmonia e afeto, um filme sobre o músico foi produzido e começa a estrear nos cinemas de diversos países com o título de ''Bob Marley - One Love''. Dirigido por Reinaldo Marcus Green (King Richard: Criando Campeãs) e com o aval da família para todas as escolhas de elenco e rumos, principalmente os filhos, Ziggy, Rohan e Cedella, que estiveram a frente do projeto, o longa não necessariamente se diz ''chapa branca'', mas contorna momentos mais populares da vida de Bob como a tentativa de assassinato em casa e sua explosão na Europa com um ou outro detalhe desconhecido.

A missão de encarnar este ícone da música foi dada ao ator britânico Kingsley Ben-Adir (Barbie) e outro grande peso na jornada de Bob, a esposa Rita, ganha a vida com a performance de Lashana Lynch (A Mulher Rei e 007 - Sem Tempo Para Morrer). O produtor Chris Blackwell, responsável pela Island Records e grande guia de Bob e os Wailers em seus discos, é vivido por James Norton. Peter Tosh, Junior Marvin e Marcia Griffiths são alguns dos membros da banda citada que aparecem na dramatização constantemente. Eles são interpretados por Alexx A-Game, Naomi Cowan e David Mervin Kerr Jr, respectivamente. Em certos momentos, Bob encontra com Mick Jagger (Cosmo Wellings) ou passa por clubes londrinos onde a banda The Clash está tocando. Alguns dos filhos como Sharon, Ziggy e Stephen, tem representação na atuação de Rihanna Willoughby, Xavier Woolry e Mekhai Newell. A vida de Bob, a chegada de seu sucesso e os conflitos politicos que se desdobram na Jamaica são grande parte da trama que tem roteiro do quarteto Terence Winter, Frank E. Flowers, Zach Baylin & Reinaldo Marcus Green.  

Com distribuição da Paramount Pictures em todo o mundo, diversas ações foram pensadas para promover o longa. Uma delas, traz os fãs para tocarem as músicas de Bob em um teclado gigante (assista aqui). No Brasil, o Olodum foi responsável por agraciar o pelourinho com uma simbólica homenagem nos últimos dias (veja o vídeo). 

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: Bob Marley — One Love, 2023. Direção: Reinaldo Marcus Green. Roteiro: Terence Winter,  Frank E. Flowers, Zach Baylin e Reinaldo Marcus Green com argumentos de Terence Winter & Frank E. Flowers. Elenco: Kingsley Ben-Adir, Lashana Lynch, James Norton, Tosin Cole, Umi Myers, Anthony Welsh, Nia Ashi, Aston Barrett Jr., Anna-Sharé Blake, Gawaine “J-Summa” Campbell, Cosmo Wellings, Naomi Cowan, Alexx A-Game, Michael Gandolfini, Quan-Dajai Henriques, David Kerr, Hector Roots Lewis, Abijah “Naki Wailer” Livingston, Nadine Marshall, Sheldon Shepherd, Andrae Simpson, Stefan A.D Wade, Alexx A-Game, Naomi Cowan e David Mervin Kerr Jr, Rihanna Willoughby, Xavier Woolry e Mekhai Newell.Gênero: Drama, Biografia, música. Nacionalidade: Eua. Trilha Sonora Original: Kris Bowers. Fotografia: Robert Elswit. Edição: Pamela Martin. Figurino: Anna B. Sheppard. Produtores Executivos: Brad Pitt, Richard Hewitt, Orly Marley, Matt Solodky. Produtores: Robert Teitel, p.g.a., Dede Gardner,p.g.a., Jeremy Kleiner, p.g.a.,Ziggy Marley, p.g.a., Rita Marley, Cedella Marley. Empresas Produtoras: Paramount Pictures, Plan B Entertainment e Tuff Gong Pictures. Distribuidora: Paramount Pictures Brasil. Duração: 01h44min.

Permeado de flashbacks do passado de Bob, o espectador é levado a conhecer um pouco mais da vida do astro com tudo ocorrendo e já em pleno ritmo de sucesso. Banda montada, sons em composição, filhos nascidos e uma Jamaica em ebulição com a constante guerra entre seguidores de ideologias políticas distintas. Com uma mensagem clara de amor e paz, Bob se negava ''a ser político'', mas abordava muito mais o sentido do ''fazer parte do sistema'' não era a praia dele. Os ventos o levavam a falar ao povo e guiar mentes por caminhos mais alegres, ainda que de muita luta. Não atoa seus concertos para "assinar" a paz entre autoridades que não se bicavam foram tão importantes e conturbados.

De infância pobre, fruto de uma relação inter-racial que sua mãe teve com um oficial britânico, o jovem acaba achando ''um pai'' em sua religião Rastafari. Sempre ao lado da companheira Rita e dos amigos de banda, vão contornando tudo até encontrarem o produtor Chris Blackwell para então gravarem um disco. Com viagens, inúmeros ''affairs'', sua presença com os filhos é vista aqui e ali e Rita é a super mulher. É mãe, pai, backing vocal e uma rocha para que Bob se apoie e construa sua carreira. Assistimos a mulher quase ser morta durante o ataque que todos sofrem na ocasião de um ensaio, mas ela resiste e se recupera. Com a grande tensão no país, vão para Londres gravar um disco e as crianças são enviadas para ficar com a mãe de Bob nos Estados Unidos, longe de qualquer ameaça. Há ida e vindas. Exílios e retornos a Jamaica e através de tais momentos assiste-se a simulações de como talvez o rockstar tenha criado as canções ou como os entes queridos conheceram versões antes de todos. Algo que soa um pouco ''clichê'' visto frases arquitetadas para embelezar as audições. Cenas que remetem as imagens clássicas de Bob jogando futebol de moletom são realizadas e outros cenários e figurinos são também lembrados visto que o filme foi rodado em Kingston e em Londres para trazer mais verdade aos takes. A composição do álbum ''Exodus'', obra prima de Bob e que está na lista da revista Rolling Stones como ''um dos 500 melhores discos de todos os tempos'', é um dos grandes momentos do filme.

                                                                                                  © 2023 Paramount Pictures. All Rights Reserved.
Rita Marley, interpretada por Lashana Lynch, atriz britânica com descendência Jamaicana, casou com Bob em 1966 e teve três filhos. Tanto Bob quanto Rita tiveram filhos fora do matrimônio e a mulher foi responsável pela criação de quase todas as 11 crianças.

A família é produtora do filme (Rita, Ziggy, Cedella e Orly Marley), logo, deixam enfática a homenagem e escolhem não falar das polêmicas a respeito das várias amantes ou trazer à tona qualquer fato que tenha sido angustiante à eles. Apesar disto, em certa cena é demonstrado um certo machismo com a esposa/colega de banda quando Bob quer bater boca por conta de ''encontros'' fora do casamento. Nada muito forte, mas fica ali uma mensagem subliminar. A relação com o empresário também se revela não ser muito boa, mas descobertas de roubo tomam pouco tempo de tela. O ator Brad Pitt também figura na lista de produtores.

Por se ter amigos e familiares tão próximos a Kingsley e Lashana durante as gravações,  é notável que os atores conseguiram captar a aura de quem interpretam. Kingsley revelou em diversas entrevistas que sentia dificuldade em entender as falas de Bob e precisou transcrever muitas delas. Já Lashana diz ter tido a oportunidade de sentar aos pés de Rita Marley e apenas se deixar envolver pela mulher maravilhosa que esta é. O duo, que iniciou a conversa do que apresentariam bem antes das filmagens, cria uma ótima química e muito do que querem passar se transparece no olhar de um para o outro. Lashana, que foi vista cantando lindamente na versão de Matilda para a Netflix, em 2022, dá a sua Rita mais camadas como Backing vocal dos Wailers e tanto a atriz quando Kingsley apenas precisaram dublar com precisão as vozes originais de Rita e Bob nas canções. Para os que não tem tanta memória cinematográfica, Kingsley esteve nas séries Peaky Blinders (BBC, 2013-) e The OA (Netflix, 2016). Já Lashana foi vista em diversos filmes, inclusive, no MCU (Capitã Marvel, 2019, e As Marvels, 2023).

                                                                                 © 2023 Paramount Pictures. All Rights Reserved.
Kingsley Ben-Adir diz ter estudado para o papel enquanto estava filmando ''Barbie'' (2023) 

A trilha sonora do filme é assinada por Kris Bowers. Para a chegada ao cinema, foi lançado não só um álbum de canções (escute no spotify) usadas no filme como ainda um ''EP'' com a participação de inúmeros artistas cantando versões das mais famosas músicas de Bob Marley. Entre eles, Wizkid, Jessie Reyes, Leon Bridges e até o neto de Bob, Skip Marley (disponível no Spotify).

O longa não recebeu tradução para o seu título original, mas em países como México, Argentina e Equador seu subtítulo foi estabelecido como ''La Leyenda'' que significa ''A Lenda''. Se vê o lado da homenagem se manifestando mais uma vez, contudo, a referência a própria canção ''One Love'', um dos grandes sucessos de Bob, é ainda mais chamativo e a obra, que apesar de jogar com cautela, pode trazer momentos de emoção ao público.

Avaliação: Duas canções de redenção e meia  (2,5/5)

HOJE NOS CINEMAS 

Revisado em 22.02.24

Escrito por Bárbara Kruczyński

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