terça-feira, 30 de abril de 2024

Sem Coração, de Nara Normande & Tião | Assista nos Cinemas


Em seu primeiro longa-metragem juntos, Nara Normande (Guaxuma, 2018) e Tião (Animal Político, 2017) recriam o universo criado na primeira co-direção da dupla, o curta homônimo, Sem Coração (2014). A expansão dos 27 minutos da primeira versão para os 96 minutos da segunda vem não só com mais experiência e um orçamento maior, mas também com uma sutil mudança de abordagem.

O curta trata da hiperssexualização precoce e o lugar reservado pelos homens às mulheres e meninas fora do padrão, as que não são “boas para casar” aos olhos do patriarcado. O longa, por sua vez, foca na descoberta da sexualidade e da identidade durante a adolescência. O protagonismo não é da personagem que dá nome à obra. Esse pertence primeiro a Tamara (Maya de Vicq), depois ao bando e por último a Sem Coração (Eduarda Samara).

Quem acompanha Nara Normande desde o stop motion Guaxuma percebe claramente que Tamara, a menina sáfica cheia de privilégios, filha de pais liberais e maconheiros criada na beira da praia, é uma forma da roteirista e diretora se inserir no filme e falar através de um lugar mais pessoal, o que acrescenta toda uma camada à história.

A escolha de dar a personagens do bando conflitos profundos e tempo de tela generoso em um filme tão curto faz com que falte destaque para Sem Coração e sua relação com Tamara. O que não é inteiramente ruim, já que deixa um gostinho de “quero mais” e levando em conta que as personalidades dentro do bando são responsáveis por muito da naturalidade, leveza e conexão da obra.

                                                                                                             Créditos:  Cinemascópio e Vitrine Filmes
O filme contou com exibições nos Festivais de Veneza, Rio e na Mostra Internacional de Cinema de  São Paulo ainda em 2023. Em todos eles, recebeu indicações a prêmios e saiu vencedor do ''Prêmio Abraccine'' de ''Melhor Direção na Mostra SP e também recebeu honras por sua ''Fotografia'' no Festival do Rio.


Todo mundo que viveu a infância em uma cidade de interior conheceu um Galego (Alaylson Emanuel) e um Cidão (Lucas da Silva). Esse sentimento se dá em parte pela atuação magistral dos rapazes e em parte por quão bem foram escritos. O personagem de Binho (Kaique Brito) traz a discussão da homofobia e é muito interessante que os realizadores tenham feito os amigos do menino verem sua homossexualidade com a naturalidade que a maioria dos jovens vê hoje em dia, mas que não era muito encontrada nos anos 1990. Esse tipo de anacronismo em obras de ficção é mais que bem vindo. Infelizmente o jovem Kaique, um ícone nas redes sociais e muito prolífico na atuação e criação de vídeos curtos, dinâmicos e cômicos, não entrega o mesmo carisma que os demais.

A localização da direção de arte na década de 1990 dá o tom perfeito de nostalgia que cai como uma luva para essa história de comming of age. E o roteiro é sagaz ao localizar o espectador no tempo com apenas uma cena no início da trama, citando o assassinato de PC Farias. Para quem está conhecendo o universo de Sem Coração agora, o longa é um deleite. Para quem já acompanha desde o curta, não deixa de ser um filme e tanto, mas não dá para negar a vontade não saciada de ver os temas de antes serem desenvolvidos.

Trailer

 

Ficha Técnica: 

Título Original e ano: Sem Coração, 2023. Dirigido e escrito por: Nara Normande e Tião. Elenco:  Maya de Vicq, Eduarda Samara, Alaylson Emanuel, Maeve Jinkings, Kaique Brito, Eules Assis, Erom Cordeiro, Ian Boechat, Lucas Da Silva, Elany Santos. Gênero: /drama. Nacionalidade: Brasil, França e Itália. Design de Som: Riccardo Spagnol, Gianluca Gasparrini. Mixagem: Gilles Bernardeau. Música Original: Tratenwald. Diretora de Fotografia: Evgenia Alexandrova. Diretor de Arte: Thales Junqueira. Montagem: Juliana Munhoz, Edu Serrano, Isabelle Manquillet. Produção Executiva: Juliana Lemes, Dora Amorim. Direção de Produção: Luiza Ramos. 1ª Assistente de Direção: Laura Mansur. Figurinista: Preta Marques. Caracterização: Natie Cortez. Produção de elenco: Rafhael Barbosa. Som Direto: Lucas Caminha. Produzido por: Emilie Lesclaux, Kleber Mendonça Filho, Justin Pechberty, Damien Megherbi, Nadia Trevisan, Alberto Fasulo. Produção: Cinemascópio. Coproduzido e distribuído por: Vitrine Filmes. O longa faz parte do projeto ''Sessão Vitrine Petrobrás'' faz Duração: 92min.
É possível conferir o filme a valores máximos de 20 reais em Curitiba, no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Fortaleza, Maceió, Belo Horizonte e  Passos.

Grandes Hits, de Ned Benson | Assista no Star+

 

“Não lembrar quer dizer que nunca aconteceu?”

Não obstante a queda de ritmo no terço final, quando fica paradoxalmente acelerado, “Grandes Hits” é um filme que acalenta quem desenvolve uma relação nostálgica com as suas canções favoritas e as associa às pessoas queridas. Vale a pena pegar um bloquinho e anotar as canções listadas nos créditos finais – e aproveitar para conhecer o filme anterior do diretor, “Dois Lados do Amor” (2014), que também parte de um pressuposto musical (no caso, uma canção de The Beatles) para abordar os vais e vens de um casal. Roteirista dos próprios filmes, Ned Benson é um nome em que devemos prestar atenção, já que ele consegue ser autoral mesmo quando adere aos clichês de um subgênero específico.
Aguardemos os seus próximos trabalhos, portanto! 

Obedecendo rigorosamente à cartilha dos clichês que validam o fascínio pelas tramas românticas, “Grandes Hits” (2024) é um filme que possui traços em comum com diversas obras: em relação a “Alta Fidelidade” (2000, de Stephen Frears), por exemplo, compartilha a importância das canções enquanto acessório/impulsionador afetivo, e, da mesma forma que “P.S. Eu Te Amo” (2007, de Richard LaGravenese), aborda a questão do luto, como algo a ser enfrentado, a despeito da pletora de ‘flashbacks’ com a pessoa amada e ausente. Em apenas seu segundo longa-metragem, o diretor Ned Benson consegue chamar a atenção pela maneira como valoriza o apelo emocional advindo das preferências cancionais de seus personagens. 

Da maneira similar ao que ocorre nos enredos adaptados de livros de Nick Hornby, este filme alia um senso descolado de humor a um ótimo gosto musical: a protagonista Harriet (Lucy Boynton) sonha diuturnamente com o seu namorado Max (David Corenswet), que faleceu durante um acidente de carro. Ela desenvolveu, de maneira involuntária, uma habilidade que lhe permite voltar no tempo, sempre que ouve alguma canção que curtiu ao lado dele. Porém, isso traz consigo alguns empecilhos cotidianos: geralmente, ela desmaia quando essas “viagens” acontecem, de modo que precisa utilizar fones de ouvidos para bloquear os alto-falantes urbanos. A fim de que ela se sinta plenamente segura, freqüenta ambientes onde se toca música contemporânea, já que se passaram dois anos desde que Max faleceu...

O melhor amigo de Harriet, Morris (Austin Crute), é um DJ que sabe de sua condição específica e tenta ajudá-la a encontrar o disco definitivo, aquele que supostamente permitirá que ela impeça o acidente automobilístico que causou a morte de Max. Porém, ele insiste que sua amiga deve abrir-se para o mundo novamente, encontrar outro amor. Ela recusa-se, infelizmente: faz terapia com a dra. Evelyn Bartlett (Retta), num grupo de apoio ao luto, cujo lema é “as perdas são para sempre, mas a dor é temporária”. E é precisamente neste grupo que ela encontrará David (Justin H. Min), que lida com o falecimento de ambos os pais.

Ao conhecer David e perceber que possui o mesmo gosto musical que ele – adquirem um disco raro de ‘remixes’ da banda Roxy Music, em esquema de “guarda compartilhada” –, Harriet sente-se tentada a prosseguir com a sua vida, o que ela define como uma característica peculiar dos seres humanos. Mas, enquanto ela se sentir culpada pelas condições que levaram ao acidente que vitimou Max, não conseguirá desfrutar adequadamente do que esse novo amor tem a lhe oferecer. Então, ela tem o ‘insight’ que faltava: ela já vira David anteriormente, num instante em que ainda estava com Max!

Créditos: Far Hills Pcitures, Groundhounds Procuctions, Searchlight Pictures / HULU / Star+
''Grandes Hits'' tem uma um enredo similar a coprodução entre Coréia do Sul e Estados Unidos ''Press Play'' (2022) estrelado por Lewis Pullman e Clara Rugaard. Ademais, O filme Brasileiro ''Evidências do Amor'', com Sandy e Fábio Porchat, lançado este ano, também entrega enredo sobre um casal que volta no tempo por conta de canções que ouviram juntos.

Conforme se percebe através desta sinopse estendida, “Grandes Hits” possui um extraordinário ponto de partida, com inúmeros chamarizes para quem aprecia boa música. A cantora Nelly Furtado faz uma breve aparição, além de emprestar uma de suas canções mais famosas à banda sonora: “I’m Like a Bird”, cantarolada por David e Harriet durante um passeio. Para que o filme seja devidamente apreciado, é necessário ceder a algumas concessões tramáticas, visto que o roteiro é bastante falho em justificativas físicas e teleológicas. Exemplo: Harriet reclama que, quando volta no tempo, não consegue convencer as pessoas a deixarem de fazer algo e, por isso, as situações ocorrem sempre da mesma maneira. Por motivos óbvios, isso infringe um princípio elementar da causalidade, pois tudo o que fazemos influencia nos destinos de outras vidas e da humanidade em geral. 

Os atores são simpáticos e, claro, as canções aproveitadas na trilha musical são mui aprazíveis. A montagem do filme precipita-se em sua meia-hora final, no afã por possibilitar um final feliz para todos os personagens envolvidos. Às custas da perda de mais um quinhão de lógica interna, lamentavelmente: por mais gracioso que seja, o desfecho soa deslocado em relação à cadência melancólica do restante da narrativa. E, não duvidemos, o clímax ocorre justamente num concerto da banda Roxy Music! 

Trailer


Ficha Técnica
Título Original e Ano: Greatest Hits, 2024. Direção e Roteiro: Ned Benson. Elenco: Lucy Boynton, David Corenswet, Justin H. Min, Austin Crute, Retta, Andie Ju, Jenne Kang, Tom Yi, Nelly Furtado. Gênero: Drama, Romance, Fantasia, Música. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Ryan Lott. Fotografia: Chung-hoong Chung. Edição: Saira Haider. Design de Produção: Page Buckner. Direção de Arte: Sarah M. Pott e Carol Uraneck. Figurino: Olga Mill. Decoração de Set: Kimberly Leonard. Produção: Far Hills Pcitures, Groundhounds Procuctions, Searchlight Pictures. Disponível no Star+. Duração: 01h34min.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Contra o Mundo, de Moritz Mohr | Assista nos Cinemas


O jovem ator Bill Skarsgärd descende de uma família repleta de artistas e tão novo já conta com uma filmografia extensa que vai além de 40 títulos, com dois deles previstos para este ano - ''Nosferatu'' e ''O Corvo''. Em seu mais recente trabalho , ''Contra o Mundo'', vive ''Garoto'', um menino que após ter os pais assassinados é treinado para virar uma máquina mortal e acabar com a ditadura dos Vander Koy, clã liderado por Hilda, papel de Famke Jansen. A produção tem direção do diretor alemão Moritz Mohr que estréia na condução de longas-metragens após a realização de uma série de tevê e três curtas. O elenco é formado por atores renomados como Michelle Dockery (Downton Abbey), Sharlto Copley, Brett Belman, Andrew Koji e outros.

Co-produção entre Alemanha, África do Sul e Estados Unidos, a película vem com muita violência explicita e ganhou a classificação máxima no Brasil e em muitos outros países. Chegou a passar pelo Toronto International Film Festival, em setembro de 2023, e iniciou sua caminhada de estreia pelo mundo esta semana. Mohr aplica ao filme um gênero tarantinesco com vibe de video game oitentista que possui um leve gosto de ''Jogos Vorazes'' e apesar do filme se desequilibrar em certas escolhas, apresenta um bom desenvolvimento e um plot twist pra lá de intrigante.

''Boy Kills World'', título original do longa, chega ao país com distribuição da Paris Filmes.

Trailer


Ficha Técnica
Título Original e Ano: Boy Kills World, 2023. Direção: Moritz Mohr. Roteiro: Tyler Burton Arend Remmers, Mortiz Mohr - baseado no curta ''Boy Kills World'', de Arend Remmers e Mortiz Mohr. Elenco: Bill Skarsgard, Famke Janssen, Jessica Rothe, Michelle Dockery, Brett Belman, Isaiah Mustafa, Yayan Ruhian, Sharlto Coplaey, Nicholas Crovetti, Cameron Crovetti, Quinn Copeland, Andrew Koji. Gênero: Drama, Suspense, Ação. Nacionalidade: Alemanha, África do Sul e Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Ludvig Forssell. Fotografia: Peter Matjasko. Edição: Lucian Barnard. Direção de Arte: Kirk Doman e Charis Baleson. Figurino: Danielle Knox. Empresas Produtoras: Hammerstone Studios, Nthibah Pictures, Ventaro Filmes, Raimi Productions. Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 01h55min. Classificação: 18 anos. 
Contra o Mundo segue uma linha narrativa onde o espectador acredita estar sabendo o que está acontecendo com a jornada dos personagens e, na verdade, ele está assistindo tudo como se fosse o personagem central, Garoto (Skarsgärd). O menino desde criança é treinado por Shaman (Yayan Ruhian) de forma brutal para lutar ferozmente e destruir aqueles que estão no poder. O menino que acaba ficando mudo muito pequeno tem sonhos surreais que claramente são provocados por alucinógenos que Shaman o dá sem que este saiba. Assim, tudo que o garoto imagina ou pensa saber vai se tornando uma verdade confusa sobre quem ele é e criando uma única certeza para ele: matar Helda Van Der Koy é sua única missão na vida e vingar a morte de seus entes queridos.

Os anos se passam e ele finalmente se sente pronto para lutar, mas Shaman não sabe ao certo se é a hora. Logo, na chegada da cerimônia em que os civis são ''castigados/mortos'' para causar medo e respeito, Garoto se rebela e sai atacando a segurança de Helda. Neste meio tempo dá de frente com os aliados e parentes da tirana, Melanie Van Der Koy (Michelle Dockery), Gideon Van Der Koy (Brett Belman e Glen Van Der Koy (Sharlto Copley). Melanie e Glen são casados e Gideon e Melanie, que são irmãos, são responsáveis pela cerimônia. O time de segurança dos Van Der Koy é extremamente vil e June27 (Jessica Rothe), uma lutadora sarada e que não leva desaforos para casa, sai batendo em qualquer um que ousar perturbar os ideais de seus superiores. 

Enquanto tenta se safar da perseguição que enfrenta, Garoto conhece os líderes da revolução Bennie (Isahah Mustafa) e Basho (Andrew Koji). Os homens querem derrubar os Van Der Koy há anos, mas um deles estava preso e o outro afugentado, pois todo o grupo da revolta houvera sido morto ou desapareceu. Mas com o imparável Garoto, percebem que finalmente tem uma grande chance e decidem ir pra cima com tudo e acabar com a dinastia sanguinária da família de Helda. O trio consegue chegar longe, mas é ao se depararem com a lider do clã que Garoto perceberá quem é e o porquê o Shaman o treinou. As memórias de seu passado, imagens da irmã Mina (Quinn Copeland) e a mãe sendo morta voltarão com novas e reveladoras surpresas. 

                                                                                                   Créditos: Courtesy of Roadside Attractions
A produção foi rodada em Cape Town, na Africa do Sul, em fevereiro de 2022.

Com um humor bastante ácido e até pesado, o filme desponta para um longa de ação surpreendente e inesperado. Porradaria, explosões, encontros e desencontros familiares e muito, muito sangue se dão em tela. Michelle Dockery está perfeita como a ambiciosa Melanie, Sharlto Coplay é o bobo da corte, pois é um dos apresentadores da cerimônia de abate dos civis. Já Gideon é o diretor de tudo. E nada pode dar errado, ainda que dê. Bill Skarsgärd está gigantesco em cena. Luta, apanha, e se passa por um grandalhão perdido que só quer vingança. Seu amor de irmão o motiva a ir longe e ele consegue mais respostas do que imaginava ter. Famke Jansen, está assustadora e muito maluca, sua ditadora cruel é guiada por motivos sanguíneos e é a sua entrada em cena que responde o que aqui e ali o espectador podia pensar ser verdade.  Yayan Ruhian aparece como um guia místico malucaço e ao fim do terceiro ato se entende o porquê. Jessica Rothe entrega uma guerreira potente e que vai até o fim para defender os seus.

O longa tem um tom de distopia ao mesmo tempo que é uma ação contagiante e cheia de entretenimento. O colorido pop que se exibe é atraente e muito parecido ao estilo visto em ''Kill Bill - Volume 1'' ( Tarantino, 2003). Um figurino de classe alta é visto nos Van Der Koy, enquanto os civis vestem fiapos e roupas rasgadas. A trilha de Ludvig Forssell constrói as ambientações em cenas de perseguições e porrada de forma crucial e a direção de Mohr é realmente muito necessária. O diretor vem com tudo e simplesmente apresenta ao público um filme bem atípico e que tem tudo para agradar os fãs de cultura pop.

                                                                                       Créditos: Courtesy of Roadside Attractions                               
Assim como Bill Skarsgärd seu irmão Alexander viveu um personagem mudo em ''Mute'' (2018) 

Personagens malucos, famílias poderosas, civis contra militares, Contra o Mundo embala uma jornada de vingança intimista que se torna uma ode ao afeto entre irmãos. 

Não saia da sala de cinema até o fim dos créditos.

Avaliação: Três socos no coração(3/5)

HOJE NOS CINEMAS

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Rivais, de Luca Guadagnino | Assista nos Cinemas

 
A temática sexual sempre estará inserida nos filmes do diretor italiano Luca Guadagnino (Até os Ossos e Me Chame Pelo Seu Nome). E o realizador, que também escreve e produz muitas de suas películas, consegue apresentar o assunto de forma delicada e instigante. Seu mais recente trabalho, ''Rivais'', evidencia um trio de tenistas envoltos em uma relação conturbada, sexy e deveras competitiva. O longa conta com roteiro de Justin Kuritzkes,  produção da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) e da Pascal Pictures. O elenco principal é formado por Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor.

O filme não tem uma apresentação linear. O enredo se inicia nos evidenciando que há um jogo de tênis rolando entre Patrick Zweig (Josh O’Connor) e Art Donaldson (Mike Faist) e uma linda mulher de azul os assiste com certa irritação sentada no meio da platéia. Ela é Tashi (Zendaya), esposa de Art. Dali partimos para 2019 e conhecemos a moça nas quadras arrasando com sua adversária enquanto a dupla de amigos Patrick e Art fica embasbacada com tanta beleza e talento a frente deles naquela quadra de tênis. Horas depois, eles se infiltram em uma festa organizada pela família de Tashi apenas para terem contato com ela e jogarem as cartas na mesa que estão muito afim de um contato mais intimo, pois entraram para o seu fã clube após o último jogo dela. Esperta, atenta, e querendo entender melhor os dois jovens, Tashi não resiste ao convite e vai até o lugar onde eles estão hospedados, após um convite partindo deles para ''tomar uns bons drinks''. A principio, eles não levavam fé que a moça comparecerá, mas a atleta também já os viu jogar e acredita que eles tem potencial. 

A jovem os motiva a querê-la ainda mais. Uma pegação caliente entre os três acaba rolando por ali, mas decidida a fazer joguinhos com os dois amigos, para que eles lutem por ela, diz que sairá com o vencedor das partidas de tênis na modalidade que estes atuam. Art acaba perdendo a vez e o amigo garanhão Patrick chega ao patamar de namorado de Tashi. Contudo, Art e Tashi acabam indo parar na mesma universidade e durante os jogos acadêmicos um acidente tira a garota para sempre das quadras como tenista. Por sua vez, ela acaba tendo uma briga raivosa com Patrick e quem assume a posição de companheiro é Art, que sempre se disse super apaixonado por ela. Percebendo que pode também trazê-la ainda para mais perto, a convida para ser sua treinadora e os dois formam uma aliança nas quadras e na vida amorosa. Do relacionamento pessoal, nasce Lily (A.J. Lister), e o casal acaba dividindo seu tempo entre cuidar da garotinha e arquitetar os jogos de Art. Tashi super focada na carreira do marido, pensa em tudo. E quando ele passa a perder mais do que ganhar, reimagina um novo lugar para ele e o incentiva a voltar a torneios menores para tomar mais confiança. O que os dois menos imaginam é que o velho amigo Patrick, um pouco fálido e precisando também de se mostrar nas quadras, se joga no mesmo torneio e um reencontro cheio de farpas e muito fogo acontece. 

                                  Créditos: Niko Tavernise / © 2023 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc. All Rights Reserved. 
Este é o oitavo longa-metragem de ficção de Luca Guadagnino que tem na carreira ainda mais dois documentários e inúmeros curtas.


A narrativa investiga o comportamento de três personagens cheios de tesão um pelo outro e também pelo tênis. Ou vice-versa. Temos a sugestão de bissexualidade entre os personagens masculinos em cenas que eles comem churros enormes ou bananas e até um beijo que parecia preso na garganta acontece. Tudo é instigado pelo fio condutor feminino, a peça por qual estes dois, aliás, competem. A trilha sonora insana e super pra cima de Trent Raznor e Atticus Ross (que trabalham pela segunda vez com Gudagnino depois de ''Até Os Ossos) é ferramenta essencial para o caminhar da trama. O duo de compositores inserem um som eletrônico típico deles que chega até a ser repetitivo em momentos cruciais, mas que evocam o poder entre as relações e trazem emoções diversas a quem assiste.

Justin Kuritzkes, que por sinal, é esposo de Celine Song, responsável pelo belíssimo ''Vidas Passadas'' (2023) - outra produção que também aborda trios amorosos - não exatamente estraçalha seus personagens a ponto do espectador os odiarem, mas faz com que a audiência entenda as razões e as vontades destes bem como o olhar ambicioso de cada um. Constrói uma protagonista preta, sexy e com sangue no olho pela vitória e deixa Zendaya fazer uma trabalho fenomenal e maduro. A atriz, inclusive, passou três meses treinado com Brad Gilbert, um atleta do Tênis que também se tornou treinador, e até seu assistente teve que praticar o esporte. Josh O'Connor, conhecido por sua performance como Principe Charles na série britânica ''The Crown'' ou ainda as comédias românticas ''Emma'' (2020) e ''Only You'' (2018) esbanja atitude e fome sexual e esportiva como Patrick. Tem características típicas do ''boy lixo'' que só dá atenção para o que têm quando perde e nem no fundo do poço deixa de tentar ser o primeiro. Art é leve e Mike Faist consegue emplacar nele um ar de bom moço, mas que sabe a hora de não deixar a moça bonita ficar só. Tem um jeito mais família e se preocupa muito com o que a esposa quer que ele faça até tomar a decisão de sair do jogo. Fisicamente, Patrick e Art tem contrastes claros. O primeiro com cabelos negros e este último com cabelos dourados. Um simbolizando a ambição e outro a angelicalidade, a certo modo. O trio entrega em cena um trabalho espetacular. 

Trailer

Ficha Técnica

Título Original e Ano: Challengers, 2024. Direção: Luca Guadagnino. Roteiro: Justin Kuritzke. Elenco: Zendaya, Mike Faist, Josh O’Connor, Darnell ApplingNada DespotovichJoan McshaneA.J. ListerA.J. ListerAlex BancilaGênero: Drama, Romance, Esporte. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Trent Raznor e Atticus Ross. FotografiaSayombhu MukdeepromEdição: Marco Costa. Design de Produção: Merissa Lombardo. Figurino: J.W. Anderson. Empresas Produtoras: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) e Pascal Pictures. Distribuidora: Warner Bros Pictures Brasil. Duração: 2h10min.

 

Luca Guadagnino já tem em sua espera mais sete produções previstas. Aqui realiza com primor uma conversa no pé do ouvido com seus seguidores mais assíduos. Este é seu segundo filme rodado nos Estados Unidos e sua câmera é ainda mais rápida, mais observadora do jogo e mais participativa. Um diretor que escreve seu nome com um estilo marcante dentro da indústria.

O filme não tem momentos ou cenas exageradas. É tudo muito equilibrado e não foge de uma conduta que raciocina bem o que quer passar. Se há um beijo entre os personagens e eles demonstram ter tempo para mais, a conversa se converte para um tesão competitivo no jogo que se torna uma ótima metáfora para falar de relacionamentos. Afinal, se o Tênis é um jogo que pode se dar entre duplas, ou de forma individual, aqui ele traz o progressismo de um trisal cheio de fogo que terá fases e mais fases e que ao divergir tudo pode mudar. 

Avaliação: Cinco Raquetes Douradas (5/5)

HOJE NOS CINEMAS
See Ya
B-

Clube Zero, de Jessica Hausner | Assista nos Cinemas


Para quem sofre com distúrbios alimentares, Clube Zero não é o filme mais indicado dentro do leque de opções que se terá esta semana nos cinemas. Brincando com muito humor negro sobre a temática, o longa-metragem pode estimular péssimas ideias a quem é suscetível. Afinal, a produção é uma associação de pessoas que não se alimentam mais, ou seja, ingerem zero calorias.
Isso é possível? Claro que não. Essa abordagem fantasiosa e satírica do tema pode prover muito desconforto nos espectadores. Cinema, porém, tem tendência a ser provocador. Em situações absurdas, essa loucura alimentícia é mostrada em detalhes, às vezes asquerosos, entre alunos de uma escola para ricos, em algum lugar da Europa. A austríaca Jessica Hausner assina a direção e o roteiro e seu texto é deveras exagerado para propositadamente criar o desconforto e o asco. Preparem-se para assistir a uma das cenas mais nojentas da história do cinema...
Mia Wasikowska interpreta a professora Ms. Novak. De semblante sereno e sorrisinho permanente no rosto, a vilã influencia os adolescentes das aulas de alimentação consciente a comerem cada vez menos. Nessa loucura de conceitos de pseudociência, filosofia oriental barata e palavras e gestos doces, ela monta um culto de fanáticos, que acabam aderindo ao Clube Zero e deixam de se alimentar. Os jovens, com suas crises de angústia características da idade, são inebriados por essa flautista de hamelin sedutora e correm em direção ao precipício.
A sátira tipifica muito os personagens, são situações artificiais, não são críveis. Esse é o problema do filme. O assunto é demasiado sério para ser tratado dessa forma. Mas, embarcando no conceito da estória, dá-se boas risadas com os absurdos apresentados. Os pais, por exemplo, vendo os filhos embarcando nesta jornada perigosa, não agem com firmeza, e ficam numa tagarelice sem fim, citando conceitos politicamente corretos, numa ironia flagrante aos ditames da vida moderna, como as conhecemos e tentamos seguir. Não há sutilezas.
Créditos: Coop99 Filmpoduktion, Coproduction Office, ARTE, Arte France Cinéma
A produção recebeu oito indicações em premiações diversas, inclusive, a Palma de Ouro em Cannes pela direção de Jessica Hausner. A Trilha Sonora recebeu prêmios nas últimas edições do European Films Awards e no Sitges - Catalonian Films Awards

Essa é a proposta da diretora, presença habitual no Festival de Cannes pelos filmes Inter-View (1999); Lovely Rita (2001), Hotel (2004) e outros. Essa linhagem de películas com viés cult pode gerar estranheza. Mas o intuito é esse: chocar, fazer pensar, bagunçar as ideias. Clube Zero consegue isso plenamente.
Os diálogos são mordazes e perturbadores. A paleta de cores da fotografia é elegante e em tons suaves, combinando entre si. O cenário da escola de elite é luxuoso e belíssimo. A beleza externa, combinando com a loucura da professora e as mentes atormentadas de seus alunos, contrastam surpreendentemente, alicerçado ainda mais pelas atitudes inconsequentes dos pais. O final fantasioso choca ainda mais e gera reflexão para muitos dias. O resultado, porém, é muito artificial; uma brincadeira em cima de um tema muito sério. Essa dualidade de sentimentos gera desconforto em quem está assistindo. É uma arte de provocação. 
Trailer

Ficha Técnica
Título Original e Ano: Club Zero, 2023. Direção: Jessica Hausner. Roteiro: Jessica Hausner, Géraldine Bajard. Elenco: Mia Wasikowska, Sidse Babett Knudsen, Amir El-Masry, Camilla Rutherford, Amanda Lawrence, Sam Hoare, Elsa Zylberstein, Keeley Forsyth, Mathieu Demy, Emily Stride, Szandra Asztalos, Florence Baker, Samuel D Anderson. Nacionalidade: Alemanha, Áustria, Catar, Dinamarca, França, Reino Unido Gênero: Drama, Romance, Comédia, Suspense. Montagem: Karina Ressler. Trilha Sonora Original: Markus Binder. Direção de Fotografia: Martin Gschlacht. Desenho de Produção: Beck Rainford. Figurino: Tanja Hausner. Supervisão de Direção de Arte: Alisson Adams. Produção: Bruno Wagner, Johannes Schubert, Mike Goodridge, Philippe Bober. Distribuidora: Pandora Filmes. Duração: 110 min.

O filme teria estréia em abril, mas sofreu nova alteração para o inicio de maio.
Nota: 7/10.
02 de Maio nos Cinemas

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Guerra Civil, de Alex Garland | Assista nos Cinemas


Alex Garland é um roteirista fantástico. À sua filmografia já somam-se mais de quinze trabalhos e muitos deles têm amplo significado cinematográfico e diria ainda, filosófico. Dirigiu e produziu quatro destes filmes, entre eles, ''Ex-Machina'' (2014), ''Aniquilação'' (2018), ''Men'' (2022) e agora o corpulento ''Guerra Civil'', estrelado por Kirsten Dunst, Cailee Spaeny e ator brasileiro Wagner Moura. Garland adentra a distopia novamente e traz o futuro caótico vivido por estado-unidenses e imigrantes onde o governo está contra o seu povo e o seu povo está contra si mesmo em uma luta armada viabilizada pelo embate de ideologias, questões culturais e religiosas, entre outros. Neste intenso fogo cruzado e de muita polarização, a trama escolhe focar no papel de jornalistas que cobrem os conflitos civis e como estes colocam em risco não só a saúde física, mas mental, estando diariamente de frente com o perigo. A produção, que custou cerca de $50 milhões, têm assinatura da A24 com a DNA Films em associação a IPR.VC e chega aos cinemas 163 anos depois do real ocorrido de guerra em solo norte-americano que ficou conhecido como ''Guerra da Secessão''.

O enredo é daqueles cheios de camadas e nenhuma delas é rasa. Pelo contrário, o realizador instiga visualmente a sua audiência a se localizar na história e tomar rumos chocantes com personagens cheios de dilemas e muito a entregar. Ao passo que os jornais exibem os conflitos demarcados por toda a terra do Tio Sam e um governo fascista está tirando a vida de inocentes a qualquer custo, conhecemos a Fotógrafa Lee, vivida por Kirsten Dunst, ajudando uma jovem colega de profissão, Jessie, papel de Cailee Spaeny (Priscilla, 2023), quando esta última toma uma porretada no rosto ao tentar fotografar os conflitos de muito perto. Lee está acompanhada do jornalista e amigo Joel, interpretado por Wagner Moura, e juntos a dupla tenta se manter ativa e buscar os principais detalhes de tudo a volta deles. Percebendo cada vez mais que os enfrentamentos estão por um fio de derrubar a maior voz do pais, o presidente (Nick Offerman), decidem traçar um plano de ir a Washington D.C. em um trajeto de carro muito perigoso, visto que precisam passar por zonas de conflitos tomadas por rebeldes fascistas ou soldados altamente armados e sem escrúpulos. A idéia do duo chega aos ouvidos do renomado Sammy, papel de Stephen McKinley Henderson, voz importante no New York Times, e este pede aos dois para aderir a aventura de alto risco. Além dele, Jessie acaba também entrando no embalo e se juntando ao grupo, ainda que contra a vontade de Lee. 

A partida rumo a casa branca não é nada fácil e o quarteto é assombrado por tiroteios no meio da estrada, em prédios abandonados, na busca por gasolina e até em encontros com outros colegas de profissão. O ideal armamentista do país e o ''american way of life'' é visto de forma extrema durante a viagem, a ponto, aliás, do grupo presenciar mortes e mais mortes, inclusive, dos próprios colegas. Em paralelo, assiste-se a fotojornalista mais velha e arrebentada das muitas coberturas de guerra se tornar empática com o crescimento da colega em inicio de carreira, ainda que muito crítica a escolha desta última por seguir este caminho tão conturbado. A camaradagem meio a tempos obscuros ultrapassa o necessário e torna estes guerreiros midiáticos muito protetivos um do outro, até mesmo quando não se sabe quem sairá vivo e/ou quem conseguirá ter a melhor foto do confronto ou a sonhada entrevista com a maior autoridade da nação. 

                                                             Créditos: A24, DNA FILMS, IPR.VC | Diamond Films Brasil
Guerra Civil foi rodado entre maio e junho de 2022 em Atlanta e Pensilvânia, nos Estados Unidos, e também nos famosos estúdios londrinos.

Em um mundo contemporâneo onde uma das maiores nações do mundo auxilia conflitos armados acontecerem em outro continentes de forma que seus interesses políticos e econômicos ditam as relações dos ''atores internacionais'', é demasiado intrigante se assistir ''uma guerra civil'' perturbar a sociedade norte-americana. A polarização de ideologias e questões diversas que vem ocorrendo em todo o globo chega ao seu ápice no roteiro apresentando por Garland e performa a extremidade das lutas armadas e o impacto reflexivo que tais conflitos podem causar a sociedade como um todo. Jornalistas cansados e frustrados de um horror dilacerante que assistem e precisam evidenciar a população apenas com energia de seguir em frente. O medo é tão grande quanto a vontade de estar ali presenciando o caos odioso dos embates. Prosseguindo com um trabalho que leve informação e denuncie táticas covardes e torturas locais. Ainda que choque, o foco voltado a mídia, traz esse nosso olhar para o próprio umbigo, pois no dia a dia passamos por situações que muitas vezes nos deixam paralisados e refletir para o que pode ser feito nos atordoa e desgasta mentalmente.

Garland que já escreveu distopias (o livro A Praia, publicado no Brasil em 1999, é de sua autoria e deu origem ao filme com Leonardo DiCaprio) e tem inúmeros roteiros que repensam o futuro (Não Me Abandone Jamais, 2010), sempre presenteia o espectador com temáticas relevantes e que o fazem pensar. Seu trabalho em Guerra Civil é magnânimo e joga um ótimo filme nas telonas fora das grandes temporadas como o verão ou a época das premiações. O longa ganha uma edição sem firulas e que se garante por não se enrolar. Sua direção de arte é impecável e dá luz a um palco de guerra horroroso e altamente surreal. A trilha sonora não se afugenta e tem momentos pop's e de muita tensão. A fotografia ganha um ar mais documental, ainda que a película não seja deste gênero. As cores mais pálidas e sólidas estão nos personagens atordoados pelos ocorridos enquanto os que guerreiam se vestem de sangue.

Wagner Moura tem um papel central e importantíssimo na história. O ator que tem um ativismo político evidente, desde sempre, se mostra aqui muito centrado no papel de um jornalista que vai a linha de frente. Mantêm seus aliados, tem seus momentos de descontração, mas também fica enraivecido dos ataques decorrentes. Kirsten Dunst está estupenda no que diz respeito ''ao cansaço de tudo''. A caracterização e o posicionamento frente as câmeras nos exibe uma atriz forte e certeira no que quer passar - ainda que esta tenha sentido o baque das gravações e revelado em entrevistas que precisou de um tempo para aliviar as dores da personagem. Cailee Spaeny tem sido escalada para ótimos papéis e aqui tem mais um destaque fervoroso, logo depois de ter vivido o bibelô de Elvis Presley em ''Priscila'', de Sofia Coppola. Sua Jessie chega inexperiente e talentosa, mas vai se moldando e ficando mais esperta. Ao final, faz o que ela mesmo questiona. Stephen McKinley Henderson e Nelson Lee vivem dois jornalistas queridos pelo trio e suas jornadas em tela são reflexivas ao passo que um soldado patriota não está para papo com imigrantes ou jornalistas mais velhos. As cenas em que estes acabam sendo abatidos são de extrema emoção e frustação.

Trailer


Ficha Técnica
Título Original e Ano: Civil War, 2024. Direção e Roteiro: Alex Garland. Elenco: Wagner Moura, Kirsten Dunst, Cailee Spaeny, Stephen McKinley Henderson, Jesse Plemons, Nick Offerman, Jefferson White, Nelson Lee, Greg Hill,  Vince Pisani,  Justin James Boykin,  Edmund Donovan,  Jesse Matney,  Evan Lai, Tim James. Gênero: Ação, Thriller. Nacionalidade: Reino Unido e EUA. Trilha Sonora Original: Geoff Barrow e Ben Salisbury. Fotografia: Rob Hardy. Edição: Jake Roberts. Figurino: Meghan Karpelik. Direção de Arte: Mark Dillon e Jason Vigdor. Produção: A24, DNA Films e IPR.VC. Distribuição: Diamond Films Brasil. Duração: 01h42min.
Guerra Civil causou um ótimo impacto na bilheteria norte-americana em sua estreia (25 milhões arrecadados) e tem de tudo para fazer o mesmo ao redor do mundo. Talvez cause também muito estrago na cabeça de quem se diz ser ''cidadão de bem, religioso e anti-debates progressistas''.

 Avaliação: Cinco tiros no alvo (5/5).