“O que são dez minutos na vida?”…
Numa determinada manhã, ele recebe a notícia de “uma boa corrida” (título original do filme), uma convocação para percorrer toda a cidade de Paris com uma passageira, o que lhe renderá um pagamento volumoso. Entusiasmado, mas ainda desconfiado, ele dirige-se ao endereço indicado. Após buzinar muitas vezes, é abordado por uma senhora de noventa e dois anos de idade, Madeleine Keller (Line Renaud), que operará uma verdadeira transformação em sua vida…
Sem evitar os clichês sentimentais e/ou melodramáticos, o roteiro – escrito pelo próprio diretor, em parceria com o dramaturgo Cyril Gély – destacará as conversas entre a passageira e o taxista, ao longo do percurso. Ela fala bastante, enquanto ele demonstra-se calado, taciturno. A fascinante história de vida da primeira enternecerá o segundo, o que culminará num desfecho previsível e positivamente emocionante. O tipo de catarse lacrimal esperada em tramas como essa, com pitadas benfazejas de empoderamento feminino temporão.
Trailer
Ficha Técnica
Título Original e Ano: Une Belle Course, 2022. Direção: Christian Carion. Roteiro: Christian Carion, Cyril Gely. Elenco: Line Renaud, Dany Boon, Alice Isaaz, Jérémie Laheurte, Gwendoline Hamon, Julie Delarme, Thomas Alden, Hadriel Roure. Gênero: Drama. Nacionalidade: França. Direção de Fotografia: Pierre Cottereau. Desenho de Produção: Chloé Cambournac. Trilha Sonora: Philippe Rombi. Montagem: Loïc Lallemand. Figurino: Agnès Noden. Distribuição: Califórnia Filmes. Duração: 91 min.
Na adolescência, pouco após a II Guerra Mundial, Madeleine (então interpretada por Alice Isaaz) apaixona-se por um soldado norte-americano, mas ele volta para o seu país, três meses depois de um inesquecível idílio romântico. Tal situação aparece em ‘flashback’, à medida que a idosa Madeleine relata os eventos de sua juventude para o empedernido Charles. Pouco a pouco, ele se demonstrará muito interessado naquilo que ela tem para contar. Principalmente, depois que ela revela que foi presa…
Criando sozinha o seu filho, Madeleine casa-se com um homem violento, Ray (Jérémie Lahuerte), numa década, a de 1950, em que as mulheres são judicialmente subjugadas aos seus maridos. Ray a espanca freqüentemente, mas ela suporta a violência relacional, pelo bem de seu filho, a quem Ray tacha de “bastardo”. Quando o garoto pergunta à mãe o que quer dizer esta palavra, Madeleine constata a toxicidade de sua relação. Como ela terminou solteira, na velhice? Ainda há muito a ser contado…
Créditos: Une Hirondelle Productions, Pathé e TF1 Films Production
A co-produção franco-belga ''Conduzindo Madeleine'' chegou a ser indicada a prêmios em festivais no Japão e em Beijing.
Em determinado momento, sabemos que ela está indo para um asilo, onde ficará internada, visto que mão possui nenhum parente vivo. O espectador começa a imaginar como será o desenlace dessa viagem, sendo que, muitas vezes, acompanhamos a contagem do taxímetro no automóvel de Charles. Teria ele coragem de cobrar à adorável velhinha a alta conta associada à corrida? Será que eles possuem algum parentesco? Charles compreenderá a relevância das viagens e das lembranças, conforme insiste Madeleine, em seus conselhos benevolentes? São perguntas um tanto óbvias, mas que funcionam bem na cadência leve e discreta desta narrativa entremeada pela carência afetiva, afinal solucionada pela graça fortuita de um encontro. São noventa minutos de duração que compensam a entrega espectatorial: uma fofura de filme! Sem arroubos autorais, mas terno naquilo que propõe, em meio às variegadas convenções do gênero dramático. Vale o preço da corrida!
HOJE NOS CINEMAS
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