Bobby é um jovem adulto que ganha a vida em um ringue durante as noites. Seu trabalho é bater e apanhar de acordo com as combinações de seu chefe para que a casa não perca muito dinheiro com as apostas. Durante a labuta, ele utiliza uma máscara de macaco enquanto seus colegas emulam outros bichos selvagens nas lutas armadas.
A princípio, não sabemos nada sobre ele. Seu passado é revelado lentamente e em forma de flashes. Sabemos apenas que Bobby não tem laços afetivos com ninguém, mas exibe apenas cicatrizes, carrega traumas e um aparenta ter objetivo ainda misterioso. Nem seu nome verdadeiro nos é revelado. Bobby é um codinome que ele inventa ao conseguir um trabalho na cozinha de uma boate de luxo.
Com o passar das cenas, fica claro que ele deseja vingança contra aqueles que destruíram a pequena comunidade em que vivia quando criança e foram responsáveis pela morte de sua mãe. Assim como outros heróis sem nome do cinema, ele parece não se importar com as consequências de seus atos e nem mesmo com o próprio aniquilamento, desde que consiga matar os culpados pela ausência materna que o persegue, que nesse caso - assim como na vida real - inclui um religioso milionário (Makrande Deshpande) e um líder das forças policiais (Sikandar Kher).
Créditos de Imagens // All Rights Reserved: BRON Studios, Thunder Road Pictures, Monkeypaw Productions, Minor Realm, S'YA Concept / Distribuição: Diamond Films Brasil
Um aspecto que se destaca no longa é a inclusão da comunidade trans através da casta das hijras. Após ser gravemente ferido, o protagonista encontra refúgio em um templo comandado por elas, que abraçam sua violência como uma forma de resistência. Isso cria uma dinâmica de contraste muito perspicaz com o influente líder religioso que prega contra a violência das manifestações populares pela televisão, enquanto aponta os candidatos de sua preferência para as eleições locais.
Em contrapartida nas aparências o embate é entre a brutalidade e o pacifismo. Por trás dos panos trata-se da reação dos oprimidos contra a agressão institucional que visa manter o status quo. Dessa forma, a narrativa faz uma finta, finge que vai abraçar a vingança coletiva em nome da comunidade, mas logo se volta para a vingança pessoal do protagonista novamente, o que está de acordo com o arco do protagonista e o gênero, mas não deixa de ser uma decepção.
Outra decisão questionável é que nas cenas de ação o roteiro abandona os caminhos mais críveis e sensatos e opta por ações que favorecem cenas de luta espetaculosas, como a em que “Bobby” é cercado por dezenas de capangas do líder policial e nenhum deles carrega uma única arma de fogo, todos atacam usando os próprios punhos e objetos encontrados no local para que o herói possa se defender da mesma forma. Embora tal escolha desafie a lógica, é totalmente coerente com a tradição do gênero e maximiza a experiência audiovisual.
Dev Patel entende perfeitamente sobre o que é o cinema - expectativa, pacto com a audiência, narrativa, ritmo, impacto e uma sementinha de questionamento. Aparentemente, há um futuro promissor para ele atrás das câmeras.
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Ficha Técnica
Título Original e Ano: Monkey Man, 2024. Direção: Dev Patel. Roteiro: Dev Patel, Paul Angunawela e John Collee com arguementos de Dev Patel. Elenco: Dev Patel, Sharlto Copley, Pitobash, Vipin Sharma, Sikandar Kher, Sobhita Dhulipala, Ashwini Kalsekar, Adithi Kalkunte, Makarand Deshpande. Gênero: Ação. Nacionalidade: Estados Unidos da Canadá, Singapura, Índia. Trilha Sonora Original: Jed Kurzel. Fotografia: Sharone Meir. Figurino: Divvyya Ghambir e Nhidi Ghambir. Direção de Arte: Ahmad Zulkarnaen. Design de Produção: Pawas Sawatchaiyamet. Distribuidora: Diamond Films Brasil. Duração: 02h01m.
O longa tem produção de Jordan Peele, diretor de ''Corra'!'
Um comentário:
Confissão: o penúltimo parágrafo me deixou louquinho de vontade de ver este filme! (risos)
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