Em 2015 o cineasta George Miller retornou ao universo de sucesso e de sua assinatura, ''Mad Max'', com o estrondoso ''Estrada da Fúria'' (leia texto aqui). Naquele ano, inconscientemente ou não, ou até mesmo fazendo uma leitura do que a sociedade começava a se questionar, Hollywood produziu inúmeras grande produções com protagonistas femininas e muitas destas eram donas de suas narrativas. Entre elas, Ray (Daisy Ridley) em ''Star Wars - O Despertar da Força'', de J.J. Abrams, Katniss (Jennifer Lawrence) na continuação de Jogos Vorazes, de Francis Lawrence, e também Beatrice (Shailene Woodley) em Insurgente, de Robert Schwentke. Vieram também muitos outros filmes nos gêneros de comédia, terror ou drama e ao total se teve um aumento de 22%, em relação a 2014 (ver pesquisa aqui), para o protagonismo feminino nas telas, um que veio a se elevar cada vez nos próximos anos. Miller realmente conseguiu surpreender a todos com sua película ao passo que a trilogia anterior, estrelada por Mel Gibson, salientava muito mais o mundo masculino e nesta nova aventura do forasteiro perdido em um futuro distópico e sem recursos naturais, Max seria apenas um aliado de mulheres guerreiras que estavam tomando as rédeas de seus destino. Furiosa, era vivida por Charlize Theron, e Max pelo astro em ascensão Tom Hardy. O filme chegou a passar pelo Festival de Cannes e recebeu dez indicações ao Oscar, ganhando um total de seis prêmios no evento - ''Melhor Figurino'', ''Melhor Mixagem de Som'', ''Melhor Montagem'', ''Melhor Direção de Arte'', ''Melhor Maquiagem e Penteados'' e ''Melhor Edição de Som''.
Com todos os olhares voltados para uma então continuação da saga, mas agora com mais filmes com Hardy para que, talvez, ele pudesse liderar de vez, Miller surpreendeu mais uma vez e decidiu levar a história ao passado e contar as origens dessa nova personagem que brilhava tanto na narrativa. Muito se falou da continuidade de Theron como Furiosa e o diretor até diz em entrevistas que pensou em usar tecnologias de rejuvenescimento, no entanto, uma outra atriz ascendia na indústria e chamou a atenção de Miller. Anya Taylor-Joy foi assim escalada para dar vida aos anos de juventude da super guerreira. A trama seguiria os passos dados por esta forte mulher para se tornar Furiosa e assim entendermos, por exemplo, como esta foi parar na Wasteland comandada por Poderoso Joe ou ainda como teria perdido seu braço e também as suas dores de não estar mais em um lugar de fortuito como dizia ser o seu lar. E assim o é.
A película se inicia com informes de que o mundo já não é mais o mesmo e de como tudo virou caos com a escassez de uma leva de itens necessários a existência humana e ainda de como o globo todo perdeu seu rumo com a também privação de gasolina. O espectador é então levado a um Oásis no meio do deserto e ali duas crianças tentam retirar uma fruta de uma árvore alta. No meio da aventura, acabam encontrando homens perigosos que estão no local para pegar comida e o que mais precisarem. Uma das crianças, a menina Furiosa (Alyla Browne) é então sequestrada por um desses invasores e as mulheres do local saem em uma perseguição ferrenha para trazê-la de volta e não deixar que ela informe nada daquela comunidade. Uma destas mulheres é a mãe de furiosa. Apesar da guerreira correr bravamente contra o tempo e tentar recuperar a filha é surpreendida pela crueldade daqueles homens sedentos por poder e morta tentando proteger sua cria. Em seguida, o grupo trava confronto com os soldados do líder Poderoso Joe (Lachy Hulme) para o deixarem fraco e, mediante um plano de escalada ao poder, tomam posse da Cidade Combustível que Joe possui. A menina, que estava na posse do temerário Dementus (Chris Hemsworth), é levada para Wasteland, um local não muito povoado por mulheres, a não ser as resguardadas por Joe como suas, e entende que deve se esconder e disfarçar qualquer traço feminino que tenha. Apesar de estar presa a situação, se veste então como menino e vira mão de obra nas oficinas dali. Cresce esperta e sabendo cuidar de si. É atenta a tudo que pode no local e constrói o que precisa para se cuidar e algum dia fugir com destino a sua terra natal.
Trailer
Ficha Técnica
Título Original e ano: Furiosa — A Mad Max Saga, 2024. Direção: George Miller. Roteiro: George Miller e Nick Lathouris. Elenco: Anya Taylor-Johnson, Chris Hemsworth, Tom Burke, Alyla Browne, George Shevtsov, Lachy Hulme, John Howard, Angus Sampson, Charlee Fraser, Elsa Pataky, Nathan Jones, Josh Helman, David Field, Rahel Romahn, David Collins, Anna Adams. Gênero: Ação, aventura, scifi. Nacionalidade: Australia e Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Tom Holkenborg. Fotografia: Simon Duggan. Edição: Eliot Knapman e Margaret Sixel. Supervisão de Direção de Arte: Sophie Nash. Figurino: Jenny Beavan. Design de Produção: Colin Gibson. Distribuidora: Warner Bros Pictures. Duração: 02h28min.
O roteiro desta vez proporciona uma jornada que até chegar ao seu terceiro ato é mais lenta. Nos exibe como o universo feminino se tornou de resistência em um mundo dominado por homens que são chefes de gangues motorizadas ou donos de Citadelas e estes últimos vivem em guerra ou em uma ''união por interesses''. Os donos de mais recursos mandam e aqueles que tem audácia para tomar o poder um do outro tem de lidar com a rebeldia dentro do seu próprio grupo. Personagens como os War Boys, ou os filhos de Poderoso Joe, ''Rictus Erectus'' (Nathan Jones), e até ''The People Eater'' (John Howard) reaparecem aqui. Mas temos inúmeros outros novos como o aliado de Furiosa, Praetorian Jack (Tom Burke) ou ainda Scrotus (JoshHelman), mais um dos inúmeros filhos tenebrosos de Joe.
A jovem Furiosa é inteligente e consegue ser rápida no gatilho em todas missões que se mete. Percebe que os homens estão sempre metidos em conflitos e segue firme e forte em sua meta de tentar fugir pelo deserto, mas mal sabe ela que uma guerra sem fim se inicia e ela tem lutar junto a Praetorian para que o malucaço Dementus não consiga tudo que quer. É neste momento que o espectador assiste a mulher construir sua calçada para ter o respeito daqueles que estão em Wasteland e chegar a ser a Furiosa de Estrada da Fúria.
Créditos: © E ᵀᴹ 2024. Warner Bros Discovery Inc. Todas as marcas registradas são propriedades de deus respectivos donos.
A película foi rodada inteiramente na Austrália diferente de Estrada da Fúria (2015) que teve locações na Namíbia e na África do Sul
Chris Hemsworth é visto em uma caracterização que muda seu rosto (nariz, dentes e cabelos grisalhos) e com mais vilania do que o esperado. O ator, na verdade, fez teste para estar no filme de 2015 e só agora conseguiu a chance de trabalhar com George Miller. Sua esposa, Elsa Pataky, ganha dois papéis na produção, mas todos de coadjuvante. É vista logo no inicio como uma das Vulvalinis, terra natal de Furiosa, e mais ao meio da produção como uma das guerreiras dentre os conflitos. Anya Taylor-Joy tem sua face digitalmente mexida junto a de Alyla Browne para dar semelhança entre as duas. Sua performance não tem muitas falas e atriz é extremamente potente em atuar com os olhos e tem expressões marcantes. Os cabelos que Furiosa deveria ter ganho em Estrada da Fúria, são vistos aqui. Também se assiste ela os perder por vontade própria. Escolha que talvez venha para criar conexão e até funciona, contudo, a escolha dos cabelos raspados para a personagem foi um pedido pessoal da atriz Charlize Theron quando interpretou Furiosa. Aqui, Anya não precisou o fazer e nem poderia devido a contratos com outros filmes, o que é compreensível.
Os aspectos técnicos de Furiosa são tão maravilhosos e perfeitos quanto qualquer outro filme da franquia Mad Max. A fotografia, o som, os figurinos, as caracterizações insanas, as ambientações e todo o design em si do filme é orgástico. Talvez mais prêmios venham para a equipe, inclusive. Ademais, o universo criado por George Miller é rico e muito bem sustentado.
Para os fãs de ação, o filme tem um ritmo diferente, mas ainda assim entrega muita adrenalina e fortes cenas de combate entre a gangue de Dementus e aqueles liderados por Poderoso Joe. É, na certa, um bom filme e que deve atender a demanda, contudo, não consegue superar o baque que a audiência sofreu com Estrada da Fúria em 2015.
Avaliação: Três galões de gasolina (3/5).
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