Imaculada, de Michael Mohan | Assista nos Cinemas


“Sofrimento é amor”, proclama a Madre Superiora interpretada por Dora Romano no filme de terror do momento. Seguindo tais palavras, ‘Imaculada’ provoca reflexões sobre os limites da devoção e que tipo de sacrifício é necessário para se alcançar um ideal distorcido de amor. A convite do Padre Tedeschi (Álvaro Morte), a noviça recém-chegada dos Estados Unidos, Irmã Cecilia (Sydney Sweeney), se junta a um recluso convento na região rural da Itália que funciona como casa de acolhimento para freiras idosas. Após ter pesadelos aterradores, Cecília é surpreendida com a descoberta de que, mesmo tendo se mantido fiel a seus votos de castidade, está grávida. Apesar de a comunidade religiosa interpretar tal concepção sem pecado como uma bênção, o suposto milagre logo se revela um terrível pesadelo.

Imaculada’ não existiria se não fosse pela intervenção divina de Sydney Sweeney. A atriz fez testes para atuar no filme, mas o desenvolvimento nunca foi adiante até que ela própria comprasse os direitos do roteiro e se tornasse produtora do projeto, após despontar ao estrelato com seu papel no hit da HBO ‘Euphoria’. Para o cargo de direção, Sweeney convidou Michael Mohan, com quem já havia trabalhado na série ‘Everything Sucks’ e no thriller ‘Observadores’.

Trailer



Ficha Técnica
Título Original e Ano: Immaculate, 2024. Direção: Michael Mohan. Roteiro: Andrew Lobel. Elenco: Sydney Sweeney, Alvaro Morte, Simona Tabasco, Benedetta Porcaroli, Giorgio Colangeli, Dora Romano, Giulia Heathfield Di Renzi, Betty Pedrazzi, Giampiero Judica. Gênero: Terror. Nacionalidade: . Trilha Sonora Original: Will Bates. Fotografia: Elisha Christian. Design de Produção: Adam Reamer. Figurino: Annalaura Belli, Lisa Crescioli e Sonia Ravenna. Direção de Arte: Francesco Scandale. Edição: Christian Masini. Empresas Produtoras: Black Bear e Fifty-Fifty FIlms. Distribuição: Diamond Films Brasil. Duração: 01h29min.

O longa protagonizado por Sydney Sweeney traz uma dose extra de brutalidade para o subgênero do horror religioso, que ano após ano desova no cinema mais exemplares de filmes que, em maior ou menor grau, repetem os mesmos chavões e vícios, por vezes sequer se dando ao trabalho de não soar genéricos e formulaicos. ‘Imaculada’ acaba ficando no meio-termo, servindo lugares-comuns esperados (como freiras assustadoras e portas rangendo de forma cartunesca), mas se permitindo ir um pouquinho mais além. Chega até mesmo a flertar com o conceito de nunsploitation, ao arriscar uma nesga de ultraje, um tantinho de afronta. A personagem de Sweeney, uma devota dedicada a sua fé que se vê numa situação que não tem controle, é vítima das circunstâncias, mas também não é uma mocinha indefesa que encara tudo passivamente. Ela tem agência, é curiosa e usa suas vulnerabilidades como força motriz para se salvar. A atuação de Sweeney é o ponto alto de ‘Imaculada’, trazendo camadas interessantes para um filme que infelizmente falha em tirar proveito de todo potencial que sua trama apresenta. Enquanto o roteiro de Andrew Lobel deixa várias deixas para construção de situações promissoras de suspense e terror psicológico, certas cenas soam mal executadas devido a escolhas fáceis, como jump scares que tentam surpreender o público, mas acabam por diluir a tensão de forma anticlimática. O longa de Michael Mohan, contudo, tem alguns outros méritos, como boas cenas de violência gráfica, um senso de movimentação fluído e deslizante que torna cenas mais envolventes ao integrar deslocamentos de câmera pelos cenários com a atuação do elenco. 

Créditos de Imagens: Black Bear e Fifty-Fifty Films / Divulgação
O filme que conta com distribuição norteamericana da NEON começou sua rodada de estréias comercias em março deste ano. Sua primeira exibição foi realizada no ''South by Southwest Film Festival''.

Se beneficiando do star power e da performance admirável de Sydney Sweeney, 'Imaculada' é um filme regular que se destaca por sua camada tímida porém deliciosa de absurdo e heresia. De forma nada sutil, reflete acerca da autonomia das mulheres sobre o próprio corpo, ressoando a decisão da Suprema Corte americana de vetar a jurisprudência Roe vs Wade, que garantia o direito individual ao aborto nos Estados Unidos. Ainda que caia em clichês batidos do gênero e apenas em seu último ato prove a que veio, apresenta um final ousado e impactante o suficiente não apenas para fugir das inevitáveis comparações com o recente ‘A Primeira Profecia’, mas principalmente para permanecer na memória do público.
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Escrito por Petterson Costa

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