Este texto contem spoilers
Uma gêmea do bem, uma gêmea do mal, núcleo cômico, vilões perversos ao extremo, um intrincado segredo familiar do passado a ser desvendado. Esta parece com a descrição de uma novela brasileira, certo? Mas não é! Na verdade são as características da nova série ''The Acolyte'', produção de tevê disponível a partir de hoje no serviço de streaming da Disney. Com criação de Leslye Headland e estrelado por Amanda Stenberg, Carrie-Anne Moss, Lee Jung-Jae, Charlie-Dean Chapman, Dafne Keen e Jodie Turner-Smith, a estória faz parte da franquia bilionária Guerra nas Estrelas, em inglês Star Wars.
Bebendo das mesmas fontes imemoriais das mitologias dos povos antigos, novelas brasileiras ou filmes de sucesso de Hollywood apelam para os sentimentos mais primitivos de plateias sedentas de emoções. Essa combinação de clichês milenares, quando bem utilizados, criam clássicos eternos das artes audiovisuais. Década após década, essas obras-primas vão fidelizar os antigos espectadores, assim como fazer brotar novas plateias.
A trama se passa no período da Alta República, um século antes do nascimento do Darth Vader e da jornada de seu filho como herói. Jedis são assassinados por uma misteriosa mulher ligada aos seus passados sombrios e a um incêndio misterioso ocorrido há muito tempo. Da família morta no incidente, os guerreiros da Força conseguiram salvar uma garota, Osha (Amandla Stenberg), agora principal suspeita dos assassinatos. Com poderes psíquicos, ela foi treinada como aprendiz Padwan do mestre jedi Sol (Lee Jung-jae), atual encarregado de persegui-la e levá-la a julgamento.
Osha segue trabalhando como reparadora clandestina de cascos de naves espaciais, alega inocência, mesmo sendo reconhecida por todos, inclusive pelos espectadores. Na grande luta do início do primeiro episódio, mostra-se a identidade da assassina da jedi Indara (Carrie Ann-Moss), numa participação especialíssima da atriz da franquia Matrix, e inegavelmente é Osha. Só que a pretensa facínora tem uma irmã gêmea, Mae, morta na conflagração em que Osha foi sobrevivente e que vitimou boa parte desta família.
Créditos de Imagem: Divulgação / Disney +, Lucas Film e The Walt Disney Company
A série foi rodada em diversos lugares do Reino Unido como Londres, Berkshire e o País de Gales, e também contou com filmagens em Madeira, Portugal
Alerta de spoiler!!! Só que a Mae não morreu e foi treinada por uma seita de assassinos, os acólitos, guerreiros que usam o outro lado da Força. Sua missão é matar, sem armas, os mestres jedi que foram ao seu planeta e estão envolvidos no misterioso ocorrido que matou toda sua família, inclusive sua irmã gêmea, que ela não sabe que está viva.
Nesta confusão familiar entre as duas irmãs, Osha e Mae, de segredos do passado, de gêmeos que ressurgem das cinzas, a série Star Wars: The Acolyte estreia em 04 de junho, com dois episódios disponíveis de uma vez, os outros entrando no streaming da Disney semanalmente, até completar um total de oito capítulos. Como algo passado cem anos atrás, não se encontram nos episódios televisivos os personagens carismáticos das duas trilogias passadas no cinema, que amealharam bilhões de dólares. Cabe aos roteiristas criarem no espectador essa ligação e apresentar novos arcos dramáticos, tarefa difícil porque eles não têm a qualidade das lendas cinemáticas criadas por George Lucas, contudo, talvez tenha alguma proximidade com as séries já em andamento e que são um Spin-Off do mesmo universo (The Mandarolian, Andor, Ahsoka, Bad Batch, O Livro de Boba Fett, Obi-Wan Kenobi).
Independente da alta qualidade da produção dos estúdios Disney, com os efeitos especiais CGI esmerados, cenários suntuosos e adoráveis aliens, numa direção de arte exemplar como sempre, falta carisma aos heróis e vilões dos dois primeiros episódios que estarão disponíveis às 22hrs. Mas ainda há tempo de recuperar. Nos próximos capítulos, o desenvolvimento dos personagens poderá reverter essa má impressão do início. A questão de prequels, muito distantes do enredos principais queridos por todos, é que esse hiato gera muito estranhamento logo de cara. As fórmulas de sucesso, porém, estão presentes, agora é fazê-las crescerem perante os olhos da audiência. Além disso, a modernização da franquia continua sendo exercida: mais diversidade racial nos personagens, o que é muito importante para gerar empatia no fã atual, mais exigente quanto a este aspecto. Conhecer profundamente as diferenças entre os jedis é uma boa solução de roteiro, suas peculiaridades são deliciosas e inusitadas, investir nisso é criar mais força para a série. O bom de produções do gênero é que se tem tempo, ainda que todo o material já esteja gravado, para sentir o retorno dos espectadores a cada semana e ao fim de tudo repensar o que pode ou não vir a calhar em uma próxima temporada, sendo esta aprovada.
Trailer
Ficha Técnica
- Título Original e Ano: The Acolyte, 2024. Criação: Leslye Headland. Direção: Hanelle M. Culpepper, Alex Garcia Lopez, Kogonada, Leslye Headland. Roteiro: Leslye Headland, Jasmyne Flournoy, Jocelyn Bioh, Claire Kiechel, Charmaine DeGrate, Jason Micallef, Eileen Shim, Cameron Squires, Jen Richards - baseado nos personagens e no universo criado por George Lucas. Elenco: Amanda Stenberg, Carrie-Anne Moss, Charlie Barnett, Leah Brady, Rebecca Henderson, Joona Suotamo, Amy Tsang, Manny Jacinto, Lee Jung-Jae, Charlie-Dean Chapman, Dafne Keen, Jodie Turner-Smith. Gênero: Aventura, Ação, Scifi. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Michael Abels. Fotografia: James Friend e Chris Teague. Design de Produção: Sophie Becher e Kevin Jenkins. Edição: Miikka Leskinen. Figurino: Jennifer L. Bryan. Empresas Produtoras: Disney +, Lucas Film e The Walt Disney Company. Disponível no Disney+ em 04/06 às 22 horas.
Nota: 7/10
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