A corrida espacial agitada por Russos e Estado-unidenses entre 1957 e 1975 foi algo extremamente fora de série e que maravilhou quem assistia as duas nações competirem para demonstrar maior desenvolvimento no espaço científico e extraterritorial. A então União Soviética liderava a disputa com projetos de sondas sendo construídos e enviados para estudar o universo através da Agência Roscosmos, enquanto os norte-americanos, mediante o trabalho da NASA, tentavam melhorar suas espaçonaves para despachar mais do que máquinas, mas os próprios cientistas, aos lugares ainda não visitados fora do globo. Com o crescente desenvolvimento do rádio e da tevê, o mundo conseguia acompanhar as notícias com rapidez e conhecer melhor as iniciativas. Por sua vez, o American Way Of Life, já bem espalhado no mundo inteiro, tentava cada vez mais apresentar que aquele país era o primeiro em tudo e sua agência espacial iniciou um trabalho ferrenho para abrilhantar mais do que suas descobertas, mas a sua imagem. Em paralelo, o sucesso das missões, como a chegada do homem à lua, em 1969, levantava teorias de que tal ocorrido era fruto também da produção de filmes Hollywoodianos - teoria que se apresenta no documentário francês ''Operation Lune'' [2002, William Karel], mas que também se descontrói nos minutos finais. Com base no filme, Rose Gilroy escreveu o roteiro da comédia romântica ''Como Vender A Lua'', película com direção de Greg Berlanti (Com Amor, Simon, 2018) que estreia este mês em diversos países e usa de forma divertida as paranóias conspiratórias sobre o ocorrido para falar do poder do marketing para vender o que quer que seja.
O longa da Sony Pictures e com produção da Apple Studios e a These Pictures têm como protagonistas: Scarlett Johansson, Channing Tatum, Woody Harrelsson e Ray Romano. A trilha sonora é assinada pelo indicado ao Oscar Daniel Pemberton e Johansson está lista de produtores do filme.
A trama nos apresenta a marketeira Kelly Jones (Scarlett Johansson) e suas táticas agressivas para vender os carros da época e assim fechar contratos com homens poderosos. Seu nome chega longe e um dos ''homens do presidente'' que se apresenta como ''Moe'' (Woody Harrelsson), contudo, não necessariamente se chama assim, afinal, é um espião contratado diretamente pela Casa Branca para realizar trabalhos ''confidenciais'', intervém por ela para que a ''vendedora'' consiga melhorar a imagem de um dos grandes projetos atuais do Governo, a ida do homem à lua, iniciativa da Nasa, agência espacial Estatal, que não tem sido muito bem vista aos olhos do público devido as fatalidades de astronautas em missões teste. A moça e sua secretária seguem então para o Kennedy Center, na Flórida, e iniciam um conjunto de ações para ressignificar o trabalho de inúmeros cientistas e criar na cabeça dos civis um sentimento de orgulho sobre a iniciativa que talvez não existia antes. Ao chegar no local, Kelly enfrenta certa dificuldade em realizar seu trabalho devido aos confrontos que tem com o chefe da missão Cole Davis (Channing Tatum). Ainda assim, a Casa Branca deixa claro que a especialista em marketing e relações públicas está ali com um propósito de auxiliar e tem total apoio do presidente. Aos poucos, a mulher consegue ir vencendo Davis, isto porquê a Agência precisa que o Senado vote a favor dos projetos em vigor para que a Nasa continue recebendo verbas e juntos eles iniciam uma tour para convencer senadores e políticos que vão ajudá-los a manter o lugar funcionando. O que Davis ainda não sabe é que o principal projeto, o Apolo 11, teria alguma extra ajuda de Kelly e do diretor Lance Vespertine (Jim Rash) para ''formatar'' televisivamente como o mundo verá a chegada do homem à lua. A armação, contudo, cai por terra, quando a missão sai completamente conforme os cientistas projetaram.
Trailer
Ficha Técnica
Título Original e Ano: Fly Me To The Moon, 2024. Direção: Greg Berlanti. Roteiro: Rose Gilroy - baseado nos argumentos de Keenan Flynn e Bill Kirstein. Elenco: Scarlett Johansson, Channing Tatum, Woody Harrelson, Ray Romano, Jim Rash, Anna Garcia, Donald Elise Waltkins, Noah Robbins, Christian Clemenson, Colin Woodell, Nick Dillenburg, Christian Zuber, Gene Jones, Joe Chrest, Colin Jost, Stephanie Kurtzuba. Gênero: Comédia, Romance. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Daniel Pemberton. Fotografia:Dariusz Walski. Edição: Harry Jierjian. Direção de Arte: Lauren Rosenbloom. Figurino: Mary Zophres. Design de Produção: Shane Valentino. Empresas Produtoras: Apple Studios e These Pictures. Distribuição: Sony Pictures Brasil. Duração: 02h12min.
Com um tom de comédia leve e um romance do tipo ''gato e rato'', o filme entrega uma experiência cinemática agradável e daquelas que não é preciso ficar pensando muito em física e matemática, apesar de abordar assuntos sérios e como conspirações foram construídas a partir deles. Temos personagens carismáticos e uma construção da narrativa que coloca o espectador na torcida não só do romance como da missão espacial - o sucesso do jeito norte-americano de se viver.
As táticas marketeiras de Kelly Jones em vender ''o rosto dos astronautas, o que eles usam, consomem, vestem e etc'' são uma baita aula de marketing comercial agressivo e que reflete como grandes marcas pensam. Scarlett Johannson, aliás, faz uma tremenda performance e sua química com Channing Tatum flui naturalmente. O personagem de Tatum, aliás, quase foi de Chris Evans, mas o ator abandonou o projeto por conta de agenda. Cole Davis é um cara centrado e fala, respira, come e digere trabalho, assim, ele se sente atraído por Jones, mas resiste até o último minuto possível, pois não está convencido de que ela tem uma índole confiável - e o passado da moça confirma isto. No entanto, comédias românticas tem um propósito de emocionar e deixar o coração quentinho e erros são perdoados e segue-se em frente.
Créditos de Imagens: © CTMG | 2024 SONY PICTURES DIGITAL PRODUCTIONS, INC. ALL RIGHTS RESERVED.
O longa foi rodado em Cidades da Geórgia, além, do Kennedy Center, na Flórida.
A produção brinca sorrateiramente com a teoria de que o cineasta Stanley Kubrick tenha sido o responsável pelo vídeo de chegada do homem à lua, mas zomba de forma hilária da personalidade do diretor e prefere trazer um diretor fictício para tal papel e é ai que Jim Rash entra e arrasa com sua comédia magnânima, conhecida desde a época da série de tevê ''Community'' [2009-2015]. Excêntrico, cheio de ''frufrus'', com um super figurino, Lance é convidado para auxiliar secretamente Kelly na empreitada de filmar a chegada a lua sem que a Nasa saiba, nem mesmo o crush da moça. A direção de arte dá todo um retoque especial no momento e eles conseguem filmagens impressionantes pela semelhança com o real e a cena é um dos momentos mais orgásticos do filme.
Do outro lado, tem Cole Davis e seu time tentando não errar para conseguir realmente botar Neil Armstrong e cia lá no alto. Henry (Ray Romano), braço direito de Davis, além de outros cientistas, são quem vão auxiliando na missão e deixando a situação cada vez mais humana. Nesta parte até se fala de como vários dos engenheiros são prodígios da ciência e muito novos já estão envolvidos no projeto. Contudo, a questão da idade é algo muito convencional que exibe competência e a imagem que se vende para o mundo é de que a equipe era bem mais velha do que se apresenta.
A cena do lançamento do foguete no Kennedy Center é real, pois durante as filmagens estava previsto que eles o fariam. A equipe aproveitou para filmar em 4k o ocorrido.
Greg Berlanti é produtor, roteirista e dirige um filme pela quinta vez. Aqui nos entrega uma produção com classe, elegância e muita, muita ficção. O elenco é exemplar em seu trabalho performático e o casal protagonista envolve o público com seus acertos e erros e a sutileza do romance faz com que o surfe que se dá por temáticas diversas não seja raso ou entediante.
Colin Jost e Scarlett Johansson, que são casados na vida real, tem pela primeira vez uma cena juntos. Jost interpreta um dos senadores que Kelly e Cole tentam convencer a votar pela cessão de verbas ao caixa da Nasa. Jost que é atualmente da bancada do humorístico semanal Saturday Night Live (NBC) ganha um figurino acertado e se encaixa bem no papel. Aliás, o figurino do filme, assinado por Mary Zophres, é um dos atrativos para fazer a película parecer tão sessentista.
Avaliação: Dois foguetes e meio (2,5/5).
HOJE NOS CINEMAS
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