A Jovem e o Mar, de Joachim Rønning | Assista no novo Disney+


“Olho para as outras garotas e não posso ser como elas.”

Olímpiadas de Paris 2024 rolando a todo vapor e a querida Disney presenteou nos últimos dias seus assinantes com uma pérola cinematógrafica para amantes (ou não) dos esportes. Baseada na fantástica história real relatada no livro “Young Woman and the sea – How Trudy Ederle Conquered the English Channel and Inspired The World”, de Glenn Stout, a película títulada ''A Jovem e o Mar'' (ver aqui) tem roteiro de Jeff Nathanson e direção de Joachim Rønning.
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Nascida em Nova York em uma família alemã tradicional e simples, Gertrude Caroline Ederle, ou Trudy como era chamada, há quase 100 anos, marcou a história, desafiou o sistema, quebrou recordes e barreiras sociais. Ainda garotinha, Trudy venceu seu primeiro desafio ao se recuperar do sarampo, uma enfermidade que, quando não ceifava vidas, deixava sérias sequelas. No caso da menina, a audição foi afetada e ela foi proibida pelos médicos de frequentar piscinas. Sorte do mundo que ela não levou tal proibição à risca! Por ser do sexo feminino também viu empecilhos durante seu crescimento. Apenas os garotos podiam ter aulas de natação. O esporte não era considerado “adequado” para garotas. 

O pai de Trudy, um açougueiro e belo exemplar do patriarcado, não permitia que as filhas saíssem da linha e ficassem “mal-vistas” na vizinhança. Afinal, para ter um bom casamento era preciso manter a reputação inabalável. Mas graças aos céus, a mãe tinha outra visão de mundo e lutou com unhas e dentes para que as filhas aprendessem a nadar, por segurança de vida, já que ela própria havia perdido um ente querido afogado. Como Trudy não podia frequentar as aulas na piscina, o próprio pai a ensinou a nadar no mar de forma rudimentar. A jovem era uma atleta nata e logo mostrou a que veio. Durante a adolescência começou a competir, tornando-se destaque no nado crawl, quebrando paradigmas no estilo que era uma novidade na época, proibido para garotas. Mulheres só podiam nadar estilo peito. 

Em 1924, Trudy fez parte da Delegação Feminina dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos em Paris, ganhando três medalhas – uma de ouro na modalidade livre ''4X100'' e duas de bronze nos 200 metros e 400 metros livre. Um ano após os Jogos, Trudy teve a ideia de cruzar a nado o Canal da Mancha, um braço de mar no Oceano Atlântico entre o norte da França e a Grã-Bretanha.
Crédito de Imagens: All images ©Disney. 
O longa foi rodado entre a Bulgária, Estados Unidos e França 
Sua primeira tentativa foi em 1925, sem sucesso. Apenas 5 homens tinham conseguido tal feito e nenhuma mulher sequer havia tentado. A travessia é considerada o teste mais difícil de todos os esportes. Desacreditada por uma sociedade patriarcal e machista, que pregava que mulheres não eram capazes, sendo o único objetivo feminino o dever de se casar, constituir família e ser “do lar”, a jovem nadadora aceitou o desafio e encarou águas revoltas e geladas durante o verão. Não só isso, mas também ondas gigantes, águas vivas, e o escuro da noite. Tudo sem qualquer equipamento de apoio.
Trudy, trajando um maiô duas peças (um escândalo na época), com o corpo todo besuntado de gordura de ovelha, nadou por 14 horas e 31 min entre Cabo Gris-Nez, próximo a Calais, na França, até Dover, Kent, na Inglaterra. A atleta bateu o recorde mundial masculino do argentino Enrique Tiraboschi. Após o feito heroico, Nova York presenciou a maior celebração pública com mais de 2 milhões de cidadãos indo às ruas para aplaudir a jovem atleta.
O filme entrega cenários de época primorosos, fotografia e figurinos que segue a risca a temporalidade. A trilha sonora envolvente traz a canção “Ain’t We Got Fun”, de Peggy Lee, como tema de vida da jovem nadadora. Daisy Ridley, a Rey da mais recente empreitada Star Wars, encarna com muita emoção o papel da atleta. E uma curiosidade: a atriz tem medo de nadar em águas abertas e teve que superar seu trauma para assumir o papel, que desempenhou com perfeição. Destaque também para Tilda Cobham- Hervey que vive a irmã mais velha de Trudy, Margaret, e Jeanett Hain que aparece como a matriarca pulso firme e grande incentivadora da filha. Sian Clifford interpreta a treinadora que primeiro acreditou no potencial da atleta.
Trailer

Ficha Técnica
  • Título Original e Ano: Young Woman and The Sea, 2024. Direção: Joachim Rønning. Roteiro: Jeff Nathansan - baseado no livro de Glenn Stout. Elenco: Daisy Ridley, Christopher Eccleston, Tilda Cobham-Hervey, Stephen Graham, Jeanett Hain, Kim Bodnia, Glenn Fleshler, Sian Clifford, Ethan Rouse e Olive Abercrombie. Gênero: Romance, Drama, Biografia, Esporte. Nacionalidade: Reino Unido, França, Hungria, Eua e Itália. Trilha Sonora Original: Amelia Warner. Fotografia: Oscar Faura. Edição: Úna Ní Dhonghaíle. Design de Produção: Nora Takacs Ekberg. Direção de Arte: Ivan Ranghelov. Disponível no Disney+. Duração: 02h09min.
A obra homenageia a história da atleta nas Olímpiadas. ''Young Woman and The Sea'', título original da produção, é um daqueles filmes inspiradores que arrancam lágrimas de felicidade e agradecimento. Trudy mostrou aos machos dominantes que as mulheres podem nadar (e fazer o que quiserem) e se destacar naquilo que se propõe a fazer.
Vale conferir meio a empolgação com os jogos Olímpicos.
Avaliação: Três Medalhas de Ouro (3/5).

Escrito por Helen Ribeiro

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