A Viúva Clicquot, de Thomas Napper

 
Barbe-Nicole Posardin era filha de um comerciante de indústrias têxtil e político. Nascida em 16 de dezembro de 1777, na cidade de Reims, no nordeste da França, a mulher se casou com François Clicquot aos 21 anos. Do casamento nasceu a pequena Clementine, única filha do casal. François era responsável por bancos, comércio de Lã e também vinhedos que produziam bebidas. Assim, com sua morte, ainda jovem, deixou tudo no controle da esposa, aos 27 anos, e esta se tornou uma grande empresária internacional quando construiu um império de Champanhe levada por muita determinação e lutando contra uma sociedade inteiramente machista e controladora. A jornada da ''Veuve Clicquot'', ou em português, Viúva Clicquot, foi estudada pela historiadora Tilar J. Mazzeo e publicada no livro de 2008 ''A Viúva Clicquot: A História de Um Império de Champanhe e da Mulher Que O Construiu'' - a Editora Rocco comprou os direitos da obra da Harper Collins, traduziu e lançou no Brasil em 2009.

Em 2019, Madame Posardin ganhou um musical sobre sua vida e em 2023 um filme, baseado na publicação de Mazzeo, teve sua estreia no Festival de Toronto. A atriz Haley Bannett (A Garota no Trem e Cyrano) interpreta o recorte que o longa apresenta, o momento da morte do marido e a persistência da mulher em continuar a produção de vinhos e de champanhe, uma novidade que iria agradar muito a sociedade europeia e o mundo inteiro. O ator indie Tom Sturridge (Sandman, Netflix) vive o perturbado François Clicquot, Sam Riley (Malévola e Control) interpreta o vendedor das bebidas Louis Bohne e o sogro de Barb, Philippe é vivido por Ben Miles.  A produção é estado-unidense e falada em inglês. 

Com direção de Thomas Napper (A Roda do Tempo e Jawbone), produção de Bannet e do renomado diretor Joe Wright (Orgulho e Preconceito), A Viúva Clicquot chega aos cinemas brasileiros com distribuição da Paris Filmes.

Trailer


Ficha Técnica

Título Original e Ano: Widow Clicquot, 2023. Direção: Thomas Napper. Roteiro: Erin Dignam, com argumetos de Christopher  Monger e Erin Dignam - inspirado pelo livro ''   ''' de Tilar J. Mazzeo. Elenco: Haley Bennett, Tom Sturridge, Natasha O'Keeffe, Cecily Cleeve, Ben Miles, Paul Rhys, Ian Conningham, Christopher Villiers, Cara Seymour, Phoebe Nichols, Sam Riley. Gênero: Drama, época, biografia. Nacionalidade: Estados  Unidos da América. Trilha Sonora Original: Bryce Dressner. Fotografia: Caroline Champetier. Edição: Richard Marizy. Direção de Arte: Sthéphanie Sartorious. Figurino: Marie Frémont. Empresa Produtora: Fourth & Twenty Eight Films em associação com WME Independent. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h30min.  
Quando a tela se abre François Clicquot está apresentando os vinhedos para a amada, Barbe.  O espectador assistirá então os dois divagarem sobre poesia, sobre amor, rolarem na terra, demonstrarem afeto, encontrarem o amigo e vendedor Luis Bohne e também viverem dias melancólicos, talvez por conta da instabilidade emocional do rapaz. De supetão, entra na tela a imagem de Barbe, a pequena Clementine, o sogro Philippe e diversas pessoas reunidas em um funeral. Não demora e é revelado que François faleceu. No entanto, a narrativa joga na tela a construção dos poucos anos que o casal vive junto, evidenciando ainda uma Barbe grávida e François conversando com a filha. 

Com a morte do marido, Barbe se vê tendo que lutar contra o poder controlador dos homens e precisa ser afirmativa que François a deixou tomando conta dos vinhedos, pois saberia que ela não venderia e consegue convencer o sogro de não vender o trabalho do filho, por enquanto. Retorna-se a cenas de como a moça apaixonada ajudava a cuidar dos campos e até diários para escrever suas descobertas ganha. Tem-se a finalização da história dos dois em tela quando a própria mulher encontra François morto em uma banheira (tanto nos dados históricos quanto no filme entende-se que por suicídio, mas na época também tentou-se abafar a causa da morte).

Luis Bohne se torna um aliado fiel de Barbe para sair vendendo as produções da moça, em especial o Champanhe. Algumas tentativas falham e todo o dinheiro que o sogro a havia emprestado acaba se perdendo, mas ela continua as produções e mesmo sem ter como pagar os trabalhadores, põe em risco sua reputação e mantém a promessa de que todos irão receber. A filha pequena acaba indo morar com os pais de Barbe (não se fala no filme, mas o pai da moça se tornou Prefeito de Reims pelas mãos de Napoleão). No período, as guerras Napoleônicas estavam a todo vapor, mas chegam ao fim, e o grupo liderado por Barbe consegue chegar a caminhos em outros cantos da Europa e assim vender o Champanhe. Assim, quando finalmente as vendas degringolam, ela tem a chance de recompensar a todos. Com Bohne, que sorrateiramente sempre evidenciou ter uma queda pela mulher, acaba tendo um caso e tudo vai bem até que a sociedade local, motivada por ambição em comprar os vinhedos e retirá-la da administração do local, pede a justiça uma audiência. É neste momento que até o tesoureiro Edouard (Anson Boon) vai a corte para defender a luta da viúva pela empresa do marido. O ato final do filme se torna então um julgamento em que Barbe verá sua vida e escolhas tendo destaque. 
            Crédito de Imagens: Paris Filmes / Divulgação / Fourth & Twenty Eight Films
A película foi rodada em diversos locais da França, em especial, Château de Béru, em Yonne.

Com uma duração curta, de uma hora e meia, A Viúva Clicquot tem tudo que o público dos dramas de época amam: empoderamento feminino, em uma época em que isto parecia ser impossível, tragédias, romances escondidos e uma jornada inspiradora. O elenco tem carinhas conhecidas das séries e filmes, Tom Sturridge e Sam Riley, por exemplo, abrilhantam o elenco. O diretor Thomas Napper, que está vindo de duas temporadas de ''A Roda do Tempo'' (Prime Video, 2021) esbanja talento por conta do seu tempo como assistente de direção, onde trabalhou em filmes como '"Orgulho e Preconceito'' (2005), ''Desejo e Reparação'' (2007) e ''Anna Karenina'' (2009), todos dirigidos por Joe Wright, aliás. Haley Bennett tem uma performance que cresce em tela, pois precisa demonstrar que Barbe não era especialista ou estudada, mas que voltou seu direcionamento para a empresa e focou nisto até conseguir seu objetivo. Então vemos uma menina doce em momentos íntimos com o marido e uma mulher forte e potente quando tem de lidar com a morte do mesmo e administrar os negócios. 

Ao inicio do filme se pergunta sobre posteridade e reconhecimento quando a própria Viúva diz: ''será que saberão que estivemos aqui?''. A jornada desta mulher instigante e tão empreendedora é a prova de que sim depois de quase um século o mundo inteiro saberá quem ela foi. E ao investigar ainda mais afundo, conhecerá também a neta Anne de Rochechouart de Mortemart, filha de Clementine, que se tornou artista, ativista política, envolvida em causas sociais e caridade. Como artista, foi escritora e escultora conhecida como ''Manuela''. Logo, a mulher não só realmente fundou um império, mas gerou uma semente inspiradora para as próximas gerações.

Avaliação: Três champanhes rose da melhor qualidade (3/5).

EM EXIBIÇÃO NOS CINEMAS

Escrito por Bárbara Kruczyński

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1 comments:

Lauro Masccate disse...

Ótima matéria
!

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