Alien: Romulus, de Fede Alvarez

 
A franquia de filmes sobre extraterrestres nada amigáveis contou com filmes nos anos 2000 que tentam continuar o legado iniciado em 1979 em ''Alien - O Oitavo Passageiro'', de Ridley Scott. O cineasta se manteve atrelado aos filmes durante os anos, ou dirigindo ou produzindo, aqui é produtor, aliás, e passa o bastão ao uruguaiano Fede Alvarez (A Morte do Demônio e O Homem nas Trevas). Alvarez também redige o texto em parceria com Rodo Sayagues. A dupla traz de volta o universo criado por Dan O'Bannon e Ronald Shusett e deve agradar os fãs pela maestria em que apresentam ao seguir os passos destes quando constroem um spinoff com scifi e suspense até o talo.

Alien: Romulus se passa entre o longa de setenta e nove e ''Alien - O Resgate'' (1986, James Cameron) e mostra como está a vida em uma colônia que usa de trabalho escravo para sustento da mesma. É assim que conhecemos Rain (Cailee Spaeny) e seu ''irmão'' Andy (David Jonsson), um android encontrado no lixo pelo pai da garota e reativado para tomar conta desta, porém como ele apresenta defeitos de fábrica e está com o sistema falhando, acaba dando a moça um serviço de babá. Ela cumpre suas tarefas no lugar e trabalha de acordo com a lei, pois está tentando ir para Yvága, um lugar considerado melhor para se viver. Contudo, Rain não poderá levar Andy e se sente culpada por isto. Ademais, em sua tentativa de imigrar tem seu visto negado e mais anos de trabalhos são lhe ordenados. Certo dia, seu amigo Tyler (Archie Renaux), a irmã dele, Kay (Isabela Merced),  Bjorn (Spike Fearn) e Navarro (Aileen Wun) a encontram e a oferecem uma saida: ir com eles roubar combustível de alguma nave da companhia Weyland/Yutani e na sequência partir rumo a Yvága, pois não querem morrer de trabalhar como seus pais. Para isto, eles precisam da ajuda de Andy que teria autorização de entrada nas naves por ser fabricado pela companhia. Rain entende que talvez não seria muito fácil conseguir o combustível e teme pelo bem-estar do irmão, ainda assim, aceita a proposta e segue com o grupo. Durante a viagem, acaba percebendo que Kay está grávida e também que Bjorn é um rapaz arredio e avesso a androids, por conta de um trauma com a perda da mãe, e não perde a chance de agredir de alguma forma Andy, ainda que o android seja sempre cordial e tenha entendimento de que sua missão é não deixar que nada aconteça a Rain.

A viagem segue seu curso, mas algo estranho acontece, e uma nave chamada ''Romulus e Remus'' aparece no caminho do grupo. Eles decidem atracar e encontrar o que precisam para seguir destino. Neste momento, dão de cara com uma tripulação morta e experimentos desconhecidos nos laboratórios da espaçonave. Tyler e Bjorn, contudo, encontram o combustível, e seguem perambulado pelos espaços. Não demora e ficam presos em uma das salas. Criaturas estranhas reagem ao calor e se soltam de seus casulos, Navarro e Rain correm contra o tempo para tentar ajuda-los e Navarro tem o rosto agarrado por uma das criaturas. Ali, encontram o android Rook/Ash (Ian Holm/Daniel Betts - fanservice total) atordoado e fragmentado e este tenta alerta-los dos perigos do lugar os informando sobre a missão e o que houve. Também conseguem atualizar Andy usando dados do robô quebrado e este rapidamente ganha perfeição em seu sistema. Enquanto isso, a garota segue com o bicho em seu rosto. Eles então vão tentar salvar a amiga e sair do lugar vivos, mesmo que agora Andy tenha uma nova missão, levar os experimentos a salvo para a companhia.

Trailer

Ficha Técnica
Título Original e Ano: Alien - Romulus, 2024. Direção: Fede Alvarez. Roteiro: Fede Alvesrez, Rodo Sayagues - baseado nos personagens de Dan O'Bannon e Ronald Shusett. Elenco: Cailee Spaeny, David Jonsson, Archie Renaux, Isabela Merced, Spike Fearn, Aileen Wu, Rosie Ede, Ian Holm, Daniel Betts, Annemaria Griggs, Trevor Newlin, Trevor Bobroczkyi, Soma Simon, Bence Okeke, Viktor Orizu. Gênero: Scifi, Terror. Nacionalidade: EUA e Reino Unido. Trilha Sonora Original: Benjamin Wallfisch. Fotografia: Galo Olivares. Edição: Jake Roberts. Design de Produção: Naaman Marshall. Direção de Arte: Adam O'Neill. Figurino: Carlos Rosario. Empresas Produtoras: 20th Century Studios, Scott Free Productions, Brandwine Productions. Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures. Duração: 01h59min.
O roteiro é redondinho. Traz todos os elementos que os adoradores dos filmes idolatram. Ação, um Xenomorfo assustador e os humanos tentando sobreviver a este último. Assim como quase todas as produções, a tecnologia da companhia Weyland tem algo ligada a mitologia grega - o longa de 2012, ''Prometheus'', até traz isto em seu titulo. ''Romulus e Remus'', os nomes das espaçonaves/laboratórios, remetem ao mito dos irmãos gêmeos que fundaram Roma no ano de 753, antes de cristo, e fazem pensar como os experimentos seriam o começo de tudo. Os personagens que assistimos na tela tem ligações maternas e um dos pares de irmãos conseguem definir bem sua relação durante o filme, o que cria uma ótima simbiose da trama com seus ''detalhes criativos''. Outra curiosidade bacana, partindo deste aspecto, é que ''Yvága'', o lugar que Rain tanto deseja ir, é tido como um paraíso e a palavra tem esse significado. Condenada ao trabalho, a menina está cansada, assim como todos na colônia e ter paz em outro canto seria muito recompensador.

Alien sempre foi sinônimo de ''mulheres empoderadas indo para cima e lutando contra seus maiores terrores'' e Cailee Spaeny joga em campo sólido, após o trabalho das as maravilhosas Sigourney Weaver, Noomi Rapace, Katherine Waterston. Consegue criar camadas a sua personagem e a ótima quimica da atriz com David Jonsson, ator que vive o android Andy, faz o conflito com a tecnologia ter outro viés. Temos um grupo diverso de atores e é emblemático que todos se saem muito bem. Isabela Merced (Madame Teia, 2024) tem um papel de ''mãe'' crucial na história e a junção de seu DNA com o do Xenomorfo gera uma criatura nova chamada de ''Offspring'' que até lembra o Voldemort da série Harry Potter, momento assustador aliás. Rook/Ash tem criação em cgi de características do ator Ian Holm e os efeitos não são glamurosos, mas a performance é certeira e cheia de vilania - além da participação conectar as tramas aos primeiros filmes.

                                                     Créditos de Imagens:  ⓒ 2024 20th Century Studios. All Rights Reserved.
O longa foi rodado em março de 2023 na Hungria

O Xenomorfo e todos os animatrônicos do filme desta vez tem assinatura da Legacy Effects e do Studio Gillis. Ambos já trabalharam na franquia e sucederam os trabalhos do Stan Winston Studios e Amalgamated Dynamics. James Cameron não é creditado, mas auxiliou Alvarez em algumas notas, além do próprio Ridley Scott que o deu dicas no corte.

A direção do sul-americano é pontual e não sai da rota do que já se assistiu Scott ou Cameron realizar. Inclusive, seu papel no texto é crucial. A idéia de trazer uma tripulação jovem foi totalmente dele visto que ao fim de ''Alien - O Resgate'' alguns jovens são vistos - cena que foi deletada e restaurada na edição especial do filme. 

                                          Créditos de Imagens:  2024 20th Century Studios. All Rights Reserved.
 A produção ganhou aval para chegar aos cinemas em junho do ano passado, previamente ela estrearia direto no streaming da Disney, Hulu.

O longa brinca bastante com a trama original dos primeiros filmes e o diretor até foi atrás da equipe original de efeitos especiais para que os efeitos práticos de "Alien: Romulus" ganhassem a mesma vibe. Como ligação aos filmes dos anos 2000, traz a trilha que escuta-se Peter Wayland (Guy Pearce) solicitar a David (Michael Fassbender) ''The Entry Of The God Into Valhala'', além do tema original ''Alien'', composto por Jerry Goldsmith.

Com carinhas novas, muitos Xenomorfos atacando humanos e se fundindo ao DNA destes, Androids fora do padrão e uma protagonista corajosa, Alien: Romulus celebra a franquia com louvor. 

Chame seu irmão para assistir! O resto da família também, se der tempo.

Avaliação: Três facehuggers e meio ácido fatal (3,5/5).

HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Bárbara Kruczyński

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