Borderlands, de Eli Roth

 

O jogo de videogame "Borderlands", desenvolvido pela Gearbox Software, 2K Australia e Telltale Games, chegou aos consoles de todo o mundo em 2009. Com o foco no gênero de ação e fantasia, ao mesmo tempo, os jogadores se tornam atiradores e tem acesso a inúmeros tipos de armamentos. O software parte da ideia original da mitologia grega onde quem joga precisa encontrar uma caixa, localizada em Pandora, uma cidade intergaláctica, e esta trará ao mundo ou monstros escondidos ou poderes inimagináveis. O sucesso comercial de Borderlands, suas continuações e prequels, foi tão grande que atingiu a marca de um bilhão de dólares fazendo o jogo ser uma das franquias mais vendidas de todos os tempos. Ademais, a grande variedade de artefatos do primeiro jogo lançado o colocou no Guiness Book, pois cada jogador tem acesso a uma arma diferente e o total de artefatos distintos somam mais de dezessete milhões. Atraente para uma adaptação cinematográfica? demasiadamente. A mesma chega as telas pelas mãos do ator, produtor, diretor e roteirista Eli Roth (Thanksgiving, 2023) que conduz o filme e também assina o roteiro em parceria com Joel Abercrombie. A trama original revela que após a corporação Dahl deixar Pandora, quatro caçadores de recompensas aterisam no lugar, Roland, Lilith, Mordecai e Brick. No entanto, o filme se volta a apresentar um grupo um pouco menor, mas com muitos dos personagens que fazem parte do jogo.

Kate Blanchett (Lilith), Jack Black (Claptrap), Kevin Hartt (Roland), Ariana Greenblatt (Tiny Tina), Florian Monteanu (Krieg) e Jamie Lee-Curtis (Tannis) vivem o grupo de caçadores das chaves para abrir a dita caixa e tudo se inicia com a pequena Tina sendo levada de uma prisão por Roland, um ex-soldado do poderoso Atlas, este último é  vivido por Edgar Ramírez. A garota é  raptada, pois se acredita que ela possui sangue eridiano, povo extinto e que era predominante em Pandora. Ela faz amizade com o psicopata Krieg e o grandalhão acaba fugindo com eles do lugar para ajudar a manter a segurança de Tina. Nesse meio tempo, Atlas contrata a caçadora de recompensas Lilith para ir atras de Roland e trazer sua filha de volta. Lilith estava pela galáxia e não tinha planos de retornar a sua terra natal nem tão cedo, pois detesta o lugar, mas os ganhos que virão serão incríveis e ela aceita a missão. Quando pisa em Pandora, o robo Claptrap a encontra e diz que deve servi-la para o que precisar. Ela se nega a ter companhia, mas ele continua ao seu lado. Lilith logo encontra o trio em fuga e acaba tendo um baita arranca-rabo com Tina e Krieg. Por sua vez, as tropas de Atlas também os encontram, mas Roland aparece para resgata-los. Lilith entende que a menina é um clone e que tem receio de retornar para o "pai", pois caso ela falhe na missão de abrir a caixa, poderá ter um fim horrendo. A caçadora não demora a se juntar ao grupo e logo eles encontram a cientista Tannis com a ajuda de Moxxi, vivida pela maravilhosa Genna Gershom, e seguem em busca das chaves necessárias para desvendar o mistério e encontrar a caixa antes de Atlas. O grupo acredita que o objeto deve liberar um poder desconhecido e dar esperança ao lugar horrendo que Pandora é, bem como a todos que vivem ali. 

Com produção da Lionsgate Films, Media Capital Technologies, Arad Productions, Picturestart, Gearbox Studios e 2K Games, o longa com muita ação e comedia chega aos cinemas brasileiros com distribuição da Paris Filmes.

                Créditos: ©2021 Lionsgate / Divulgação/ Paris FIlmes

Rodado em Budapeste, na Hungria, Borderlands terminou suas filmagens antes da greve dos atores e roteiristas em Hollywood, mas contou com re-shoots de algumas cenas e estas foram dirigidas por Tim Miller, pois Eli Roth estava focado em outro trabalho

Adaptações de videogames são sempre muito complicadas e tendem a não agradar o publico gamer. Borderlands pode seguir na mesma rota. Muito porquê foca em personagens femininas empoderadas numa era onde a misoginia está em alta. Cate Blanchett, ganhadora de inúmeros prêmios, aposta aqui seu nome de forma impressionante e não atoa visto que sua Lilith é uma protagonista e tanto. Lilith é quem narra toda a fantasia e o plottwist se constrói em cima de sua verdadeira origem. A mulher é sinônimo de força e faz o que quer e vai aonde precisa. Cate faz dela um respiro após tantas produções serias nas quais esteve. Uma forma divertida de também não se levar a serio. Outra que tem arriscado nas telas é Jamie Lee-Curtis e aqui apresenta uma cientista meio fora curva, mas consciente das lutas que trava. Além destas personagens, Tina, Moxxi e até a Knoxx, interpretada por Janina Gavankar, são construídas como mulheres fortes e tem arcos inteligentes. Kevin Hartt, Jack Black e Florian Monteanu adentram o show com humor. Kevin tem um modo de atuar que se repete, mas que nunca desagrada. Jack Black é apenas a voz do personagem robozinho Claptrap e, ainda assim, soa fenomenal. Já o musculoso Florian Monteanu consegue arrasar com boas sacadas em seu psicopata cheio de humanidade.

A aventura tem uma diversidade fenomenal e junta um grupo de pessoas muito distinto, assim, o tom e o foco em si não é falar do poder feminino, mas das raízes dos personagens e do que eles podem ser quando sabem quem realmente são. Se levado por este viés, o filme tem chances de agradar um público menos receoso do poder feminino. Ademais, se mostra com boas piadas e muita ação com um tom claro de rpg, games e, porquê não, quadrinhos. Eli Roth, que quase sempre esteve ligado a projetos no gênero do terror, se mostra versátil e enaltece seus personagens com boas escolhas para cada um. Temos uma trilha de musicas que soam na hora certa. A exemplo, o clássico "Ace of Spades", da banda Motorhead, dá o tom perfeito para uma das cenas de luta entre o grupo protagonista e um bando de arruaceiros que vive próximo a um esgoto de acido. Outra canção que é muito bem aplicada e "Supermassive Blackhole", da banda Muse. Uma boa escolha quase sempre para momentos de apresentações de cenários ou personagens. 

Figurino, fotografia, edição e o design de produção jogam na tela um trabalho redondinho e de muito bom gosto. Ainda que o filme não se torne a sensação do momento, tem tudo para virar um bom passatempo na sessão da tarde. 

Trailer

Ficha Técnica

Titulo Original e Ano: Borderlands, 2024. Direção: Eli Roth. Roteiro: Eli Roth e Joel Abecrombie - adaptação do jogo criado pela Gearbox Software, 2K Australia e Telltale Games. Elenco: Kate Blanchett, Jack Black, Kevin Hartt, Ariana Greenblatt, Florian Monteanu, Janina Gavankar,  Gina Gershom, Jamie Lee-Curtis, Edgar Ramirez. Gênero: Acao, Fantasia, Comedia. Nacionalidde: Eua. Trilha Sonora Original: Steve Jablonsky. Fotografia:  Rogiers Stoffers. Edição:  Julian Clarke e Evan Henke. Design de Produção: Andrew Menzies. Direção de Arte: Zsuzsa Kismarty-Lechner. Figurino: Daniel Orlandi. Empresas produtoras: Lionsgate Films, Media Capital Technologies, Arad Productions, Picturesart, Gearbox Studios, 2K Games. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h40min.

Surgindo para tentar caber nas grandes bilheterias do verão norte-americano, Borderlands é um projeto ambicioso realizado com intuito pleno de divertir e entreter. Para os cinéfilos afim de momentos de diversão, a película é uma boa pedida. 

Avaliação: Duas armas espaciais e meio tiroteio maluco (2,5/5).

HOJE NOS CINEMAS