quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Ligação Sombria, de Yuval Adler

 
Em Ligação Sombria, o diretor israelense Yuval Adler continua pela trilha do thriller policial, mas com um filme muito pouco inspirado. Não bastasse a trama minimalista, porém pouco criativa e deveras sem graça, a atuação de Nicholas Cage escorrega para o caricato e o exagero, e o protagonista, vivido por Joel Kinnaman (Esquadrão Suicida), não consegue segurar o longa de ação. O resultado é que a produção soa mais como uma cópia malfeita de Colateral (2004), inventado somente para tentar surpreender o espectador.

Na trama, o motorista “David” ou apenas “O Motorista” (Joel Kinnaman) é surpreendido, ao chegar no estacionamento do hospital onde sua esposa está prestes a dar à luz, por um passageiro (Nicholas Cage) que o “sequestra”: obriga-o a dirigir, sob a mira de uma arma, para um destino desconhecido. Ambos partem para uma jornada durante a qual muitas revelações são feitas, e descobertas podem mudar a perspectiva da história.

Tal tipo de suspense deve se sustentar muito bem pela história. Acontece, entretanto, justamente o contrário: uma série de eventos plantados somente para causar tensão na trama. Acaba-se na construção nada crível e até um tanto tosca dos desdobramentos das situações, que resulta num desenvolvimento forçado para tentar trazer “surpresas”.

Mais brega do que isso somente o visual de Nicholas Cage, com um cabelo tingido de vermelho, combinando com o terno da mesma cor (cafona ao máximo). É uma pena ou até um desperdício um filme genérico como Ligação Sombria, uma história de gato-rato tão batida e presente em milhares de produções policiais similares.

Crédito de Imagens: Divulgação / Diamond Films Brasil / Hammerstone Studios / Capstone Global /  Dutch FilmWorks /  Saturn Filmes
Por solicitação de Nicolas Cage, o cenário do filme foi alterado de Nova York para Las Vegas

Já o diretor Yuval Adler também é conhecido por filmes como Belém: Zona de Conflito (2013), sobre o confronto Israel-Palestina, escrito em parceria com o jornalista Ali Waked e baseado nas experiências deste como correspondente na Cisjordânia. Adler iria realizar também o thriller de investigação/espionagem Agente Infiltrada (2009) e Os Segredos que Guardamos (2020).

''Sympathy For The Devil'', título original da película, parece saído de uma linha de montagem, é pobre em termos de construção narrativa e sem personalidade. O início do filme sugere o final, numa espécie de “foreshadowing”, onde descobre-se que há um segredo em jogo na história do personagem central. Seguem-se alguns planos de Las Vegas, tanto panorâmicos quanto em movimento ao longo de suas ruas, luzes e pessoas. Qualquer semelhança com Taxi Driver não parecia ser coincidência, até vir o resto do filme.

Trailer

Ficha Técnica
Título Original e Ano: Sympathy For The Devil, 2023. Direção: Yuval Adler. Roteiro: Luke Paradise. Elenco: Nicolas Cage, Joel Kinnaman, Alexis Zollicoffer, Cameron Lee Price,  Oliver McCallum, Burns Burns,  Rich Hopkins,  Nancy Good,  Kaiwi Lyman. Gênero: Ação, Thriller. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Ishai Adar. Fotografia: Steven Holleran. Edição: Alan Canant. Figurino: Ermelina Manos. Direção de Arte: Anthony Fitzgerald. Empresas Produtoras: Hammerstone Studios, Capstone Global,  Dutch FilmWorks e Saturn Filmes. Distribuição: Diamond Films Brasil. Duração: 01h30min.  
O filme tenta fazer uma referência metanarrativa, jogando com a proposta apelativa de muitos obras que usam a família, mulher e crianças, com o intuito de angariar a piedade do espectador. A estratégia, entretanto, pouco funciona diante da inocuidade da trama.

Como resultado, Ligação Sombria surge como um filme comum e com pouco sentido. Sua tentativa de jogar com o suspense e de revelar os segredos não passa de busca pelo plotwist a qualquer custo. Síndrome da surpresa, aliás, que se encontra presente em muitas produções atuais, tentando ser mais espertas do que realmente são.

Avaliação:  Um conselho errado do barbeiro e meia viagem perdida  (1.5/5).

HOJE NOS CINEMAS

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