O Grito - Regime Disciplinar Diferenciado, de Rodrigo Giannetto | Assista na Netflix

 
O Grito – Regime Disciplinar Diferenciado é um documentário dirigido por Rodrigo Giannetto. O diretor conta com uma filmografia diversa, preenchida por trabalhos como clipes musicais, o longa ''História & Rimas - O Filme'' (2022) e chegou a dirigir um episódio do reality show'' No Limite'', da TV Globo, em 2022. A produção possui estreia agendada na plataforma de streaming Netflix para este domingo (29/09) e conta com participações de Luís Roberto Barroso (presidente do STF), Anielle Franco (Ministra da Igualdade Racial), Padre Júlio Lancelotti, Dr Alberto Toron, o rapper ORUAM (filho de Marcinho VP), Siro Darlan, Luís Valois, Kenarik Boujikian, Erica Kokay, Dudu Ribeiro, Orlando Zaccone, o rapper Dexter, e entre outros.

A produção analisa de forma peculiar uma temática que provavelmente uma boa parcela da sociedade brasileira não possui conhecimento especializado, o regime disciplinar proposto no sistema presidiário. Trata-se de uma forma especial de cumprimento da pena em formato fechado que consiste na permanência do presidiário (provisório ou condenado) em cela individual, com limitações ao direito de visita e do direito de saída da cela. Não somente, mas contempla espaço do audiovisual para abordar como as leis (portaria 157/2019) tem sido cada vez mais restritivas ao direito à dignidade humana de presos no país onde a população carcerária cresce em demasiado. As medidas se iniciaram sob a chancela do Ex-Ministro de Sérgio Moro, com chancela do Governo de Jair Bolsonaro, e em 2023 começaram a ser finalmente questionadas.
Giannetto faz uma provocação. Como fazer um filme que ninguém quer ver? abordar um assunto no qual a sociedade ou não se interessa por inteiro ou cai em ''ideias tortas'' sobre o sistema presidiário em vigor, muito por conta de um julgamento moral e religioso. De fato, é um grande desafio levar o espectador mais senso comum a pensar melhor sobre a proposta e sobre a temática. O filme tem assim a chance de tirar o público da sua zona de conforto e quem sabe fazê-lo ser empático. Exibe uma realidade nua e crua e as consequências que as famílias no Brasil enfrentam quando possuem um parente que vive no atual momento em um presídio.

                                                                     Crédito de Imagens: Real Filmes / Divulgação
"O Grito" conseguiu uma boa caminhada em Festivais de Cinema. No Festival International de Cinéma et Mémoire Commune, no Marrocos, recebeu menção honrosa. Entrou para a seleção oficial do Internazionale Nebrodi Cinema (Itália), Anticensura Film Festival, LA Film & Documentary Award (EUA) e  CinemaKing International Film Festival, em Bangladesh. O filme estará na programação do FIDBA (Argentina), em outubro deste ano.
Um grande acerto do texto e da condução, sobretudo, é trazer por camadas os personagens, seus arcos e perspectivas para um viés de ''raio-x'' do que acontece no sistema. A figura da ''mãe'', um personagem que naturalmente nos enche de conforto e amor, gera um contraponto interessante com essa realidade presidiária, que muitas vezes possui uma energia densa. Os relatos dessas mulheres tão fortes são como um soco no estômago de como tal realidade é dura e nada sensível para os presos ou para os que tem algum tipo de relações com estes e muitas vezes passam meses e anos sem poder realizar visitas ou falar diretamente com o preso. A presença materna é de uma importância enorme para transformar o documentário em algo atrativo e sensível.
Giannetto é competente em seu segundo longa por trazer reflexão sobre uma problemática ainda completamente sem resoluções imediatas. O fato de que o país está cada vez mais direcionando verba para construir presídios, ao invés de avançar no desenvolvimento de politicas educacionais consistentes para auxiliar o trabalho de escolas, universidades e instituições de ensino é simplesmente frustrante. E voltamos à aquela clássica discussão sobre o motivo do Brasil seguir um rumo contrário e ''não perceber'' que o ensino é uma das chaves para mudar a realidade da sociedade brasileira. Que essa luta continue, pois a educação é libertadora e pode salvar muitas vidas. O documentário apresenta um debate inclusivo e bastante consistente.
Trailer

Ficha Técnica
Título Original e Ano: O Grito - Regime Disciplinar Diferenciado. Direção: Rodrigo Giannetto. Participações de: Luís Roberto Barroso (presidente do STF), Anielle Franco (Ministra da Igualdade Racial), Padre Júlio Lancelotti, Dr Alberto Toron, o rapper ORUAM (filho de Marcinho VP), Siro Darlan, Luís Valois, Kenarik Boujikian, Erica Kokay, Dudu Ribeiro, Orlando Zaccone, o rapper Dexter, Marcola, Marcinho VP, Paulinho Neblina. Gênero: Documentário. Nacionalidade: Brasil. Empresa Produtora: Real Filmes. Duração: 01h49min. Classificação: 14 anos.
O documentário circula a realidade brasileira que, de certa forma, tem aspectos sociais enraizados na escravidão, assim como retrata o documentário de Ava Duvernay, indicado ao Oscar em 2017, ''A 13ª Emenda, também disponível na plataforma.
 
Disponível na Netflix

Escrito por Raynan Dias

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