Anora, de Sean Baker | 48ª Mostra SP


PERSPECTIVA INTERNACIONAL
Exibido no Festival de Cannes e no BFI London Film Festival

Ganhador da Palma de Ouro na última edição do Festival de Cannes, Anora, novo filme do diretor norte-americano Sean Baker, criou muitas expectativas aos amantes da sétima arte. Além de ser o longa-metragem de um cineasta excelente, responsável por obras de grande êxito como Tangerina (2015), Projeto Flórida (2017) e Red Rocket (2021), o tema de comédia romântica com garotas de programa é fascinante aos olhos do público em geral, desde o clássico Uma Linda Mulher, com a diva Julia Roberts e o galã Richard Gere, de 1990.
A película cumpre plenamente todo esse frenesi gerado com o buzz em torno da premiação máxima em Cannes. Com várias camadas, é um prodígio de direção e roteiro, ambos assinados pelo talentoso Sean Baker: ora comédia screwball, ora um pastelão com muita porradaria, ora um drama sobre uma jovem profissional do sexo está a procura do sonho americano. Essas nuances dão a protagonista Anora muito destaque, ou Ani, como ela gosta de ser chamada, e a certificam como um dos mais recentes personagens de valor ao cinema moderno que vem se reforçando com fusão de vários gêneros e do nascimento de grandes estrelas. Já nascido clássico, o longa-metragem de 139 minutos é uma verdadeira aula de como se fazer audiovisual em Hollywood trazendo, aliás, o que aquele cinema tem de melhor.
Trailer

Ficha Técnica
Título Original e Ano: Anora, 2024. Direção e Roteiro: Sean Baker. Elenco: Mikey Madison, Mark Eidelshtein, Paul Weissman, Lindsey Normington, Luna Sofía Miranda, Emily Weider, Brittney Rodriguez, Vicent Radwinsky, Sofia Carnabuci, Anton Bitter, Ella Rubin, Ross Brodar, Karren Karagulian, Vache Tovmasyan, Yuriy Borisov. Gênero: Drama, Romance, Comédia. Nacionalidade: Eua. Fotografia: Drew DAniels. Figurino: Jocelyn Pierce. Edição: Sean Baker. Editor de Som: Andy Hay. Design de Produção: Stephen Phelps. Produtores: Alex Coco, Samantha Quan e Sean Baker. Empresas Produtoras: Cre Films e FilmNation Entertainment. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 138min. Classificação 16 anos.

Ani (Mikey Madison) trabalha numa casa de strip-tease e pole dance de Nova York. Graças a sua avó russa, consegue entender e falar um pouco dessa língua e, com essa facilidade e diferencial, clientes russos que chegam na casa de show são logo direcionados a ela. Uma noite, após muitas danças e clientes satisfeitos, aparece na sua vida o multimilionário eslavo Ivan (Mark Eidelshtein). Entre danças eróticas no colo, transas com ejaculação precoce, reservas de semana inteira de exclusividade, o irresponsável milionário, mimado e sem nada na cabeça, numa viagem tempestuosa a Las Vegas propõe casamento a acompanhante de luxo. No início desacreditada, Ani acaba cedendo e, do dia para noite, torna-se milionária, finalmente dona de seu quinhão de sonho americano.
Mas a família russa do rapaz não gosta nada da novidade e manda seus capangas anularem de pronto o casamento. Os seguranças, brilhantemente interpretados, são Toros (Karren Karagulian), Garnick (Vache Tovmasyan) e Igor (Yuriy Borisov). Entre muitas ameaças, eles chegam à mansão do pirralho, que prontamente foge, deixando a esposa sozinha. Aí começa uma verdadeira aula de cinema pastelão, a pequena Ani dá uma surra nos marmanjos que tentam contê-la a todo custo, enquanto procuram o herdeiro milionário pelas ruas da cidade.
Nessa procura pelas casas noturnas e restaurantes de uma Nova York gélida, começa a desenvolver-se entre Ani e Igor um jogo de gato e rato, à altura das comédias screwballs de Cary Grant e Katharine Hepburn no passado longínquo e de ouro de Hollywood. Entre ofensas, brincadeiras, chistes, a tensão sexual entre os dois grita aos olhos do espectador, que se diverte com o casal. Nesses tempos de ''shippagem'' e torcida de casais, poderíamos chamá-los até mesmo de casal “Anigor”.
Brincadeiras à parte, essa multiplicidade de substratos, regida por excelentes atores, principalmente Mikey Madison, que é forte concorrente ao Oscar de melhor atriz em 2025, maravilha o espectador, até tornar-se amargo, com a derrocada da prostituta, que vê todos os planos de uma vida melhor irem direto para o bueiro com a ajuda do covarde marido, que não se impõe à família e segue todos os seus comandos, assim que é encontrado. A Anora ou Any, com detalhes sutis nos olhos ou na boca, cambia de estilos interpretativos com uma facilidade incrível! A cena final, de derrocada e decadência, é de uma beleza e amargura estonteantes.
Este filme é um excelente estudo de personagem! Garantia certa de indicações na temporada de premiações no próximo ano, pois suas qualidades técnicas são inegáveis: fotografia, montagem, figurino, roteiro, som, figurino, todos impecáveis. Os trabalhadores do sexo, mais uma vez, entram na galeria de personagens expostos no cinema com empatia, grandiosidade e sentimento. Anora é um clássico instantâneo desse cinema, obcecado pelo tema da riqueza e da procura de um lugar ao sol dos milionários, o famoso ''american dream'', tão cantado e decantado por Hollywood. Com este tema mais uma vez revisitado, a lista de obras-primas da terra do ganha Tio Sam ganha mais um título para seus anais.
Nota: 9/10
Vinheta da Mostra
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Horários de exibição

19/10

21:10

RESERVA CULTURAL - SALA 1

21/10

20:45

CINESESC

25/10

20:50

CINEMATECA ESPAÇO PETROBRÁS

29/10

18:40

ESPAÇO AUGUSTA SALA 1

Para adquirir ingressos do filme, clique aqui.
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Escrito por Marcelino Nobrega

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