Não Solte!, que chega aos cinemas, em sessões antecipadas, esta quinta-feira (31/10), e, oficialmente no dia 07 de novembro em horários diversos, é mais um na seleta lista de filmes que ganhou tradução do título para o português com uma ordem, Não Olhe Para Cima (Adam Mckay, 2021), Não! Não Olhe! (Jordan Peele, 2022), Não Se Mexa (Brian Netto e Adam Schindler, 2024). O filme de Alexandre Aja possui uma ambientação muito envolvente, mas parece não conseguir decidir a história que deseja contar.
A eterna Tempestade, de X-Man, Halle Berry, interpreta uma mãe que tenta proteger seus dois filhos, Samuel e Nolan, do Mal. Eles moram numa casa no meio da mata, que é envolvida por uma corda sagrada que os protege, essa mesma corda é usada pelos personagens para realizarem expedições nas redondezas, a fim de procurarem comida.
O título do filme é entoado diversas vezes pela ''Momma'', personagem de Berry, aos seus filhos, interpretados por Anthony B. Jenkins e Percy Daggs IV, ela é a única que vê e ouve o Mal, o que acaba despertando, tanto no espectador, quanto nas crianças, um sentimento de desconfiança sobre a extensão da veracidade da história contada e da sanidade da personagem dela.
Trailer
Ficha Técnica
Título Original e Ano: Never Let Go, 2024. Direção: Alexandre Aja. Roteiro: KC Coughlin e Ryan Grassby. Elenco: Halle Berry, Anthony B. Jenkins, Percy Daggs IV, William Catlett, Kathryn Kirkpatrick, George Gracieuse, Matthew Kevin Anderson, Cadence Compton, Christin Park, Stephanie Lavigne Mila Morgan, Adrien Morot. Gênero: Terror, Suspense. Nacionalidade: EUA, Canada e França. Trilha Sonora Original: Robin Coudert. Fotografia: Maxime Alexandre. Edição: Elliot Greenberg. Design de Produção: Jeremy Stanbridge. Maquiagem: Megan Harkness e Naomi Bakstad. Direção de Arte: Eli Best. Figurino: Carla Hetland. Empresas Produtoras: Lionsgate, 21 Laps Entertainment, France Films TV, HalleHolly, Canadian Film or Video Production Tax Credit. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h41min.
A personagem conta a história da casa, da corda, do Mal, alerta sobre os perigos, a forma com que o Mal pode seduzir e enganar as crianças, como é preciso confiar e se envolver na corda, seja fisicamente ou no enlace da narrativa apresentada pela Mãe. Berry entrega uma atuação que, quando está em cena, é hipnotizante, a força dela é inegável, mesmo que o texto de Ryan Grassby e Kevin Coughlin não deem a ela um material sólido para trabalhar.
E é nesse jogo dúbio que o filme arma sua armadilha para si, ao alternar em diversos momentos as expectativas do espectador, o longa acaba embaralhando a história sem evoluir com ela. Esse sentimento acompanha boa parte do segundo ato de ''Não Solte'' e até o momento em que as crianças se veem tendo que lidar elas mesmas com a dúvida.
Crédito de Imagens: Paris Filmes / Divulgação / Lion Gate 2024 Entertainment Inc
A produção iniciou seu circuito de estréias em setembro e deve chegar a Turquia somente em dezembro, sua última janela de apresentação nos cinemas
Quando a película foca nas crianças, nas suas diferenças e desconfianças sobre o que a Mãe vem contando, ele cresce vertiginosamente. Ambos os atores conseguem dar peso aos seus personagens, mesmo na limitação do roteiro, que parece ir decidindo sua próxima decisão na sorte. Há aqui um subtexto religioso bem presente, os valores cristãos, como família, a representação de laço familiar, a obediência, a crença, a prece para a casa e para a corda, permeiam a história o tempo todo. Há uma intenção de fazer comentários de falar sobre desobediência civil, de liberdade individual e coletiva, dos sacrifícios para um bem maior e de saúde mental ali, mas tudo fica somente na intenção.
A parte técnica da produção, com a bela fotografia de Maxime Alexandre (A Freira, 2018), o design de produção de Jeremy Stanbridge (Bons Meninos, 2019) e a direção de arte de Eli Best (O Projeto Adam, 2022), dão ao filme o peso que o roteiro gostaria de ter. Os detalhes da casa em que os personagens moram são divertidos de apreciar, assim como a maquiagem de Megan Harkness e Naomi Bakstad (O Extraordinário, 2017), que dá um tom gore ao filme em alguns momentos. A câmera de Alexandre Aja (Amaldiçoado, 2013) consegue mediar os sustos e a tensão de forma competente em quase todos os momentos do filme, o diretor está seguro numa zona de conforto o tempo todo, sem correr nenhum risco.
Ao final, restam boas atuações por parte dos protagonistas, uma ambientação bem estruturada e que causa certa tensão no espectador, mas que a história parece não acompanhar o ritmo da montagem de Elliot Greenberg (Sorria 2, 2024) e não dá o material suficiente para que as atuações deslanchem de vez. O encerramento da trama é frustrante, uma vez que há um aceno para uma continuação. Numa era em que tudo o que importa é o próximo produto a ser lançado e consumido, não seria esse novo título que ficaria de fora. Torçamos para que o próximo seja mais interessante.
Avaliação: Dois urubus e meio rosto deformado (2,5/5).
07 de Novembro nos Cinemas
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