O Brutalista, de Brady Corbet | 48ª Mostra SP



Perspectiva internacional

Exibido nos festivais de Valladolid, Veneza, Camerimage e no Gotham Awards.

O sofrimento judaico na Segunda Guerra Mundial aliado à ganância e fome de poder das elites racistas dos EUA cria mais um capítulo da grande tragédia americana: O Brutalista. A via crucis dos europeus que fugiram para os Estados Unidos após a guerra é mostrada em toda sua brutalidade. Os sobreviventes dos campos de concentração eram apenas tolerados e foram explorados por um sistema capitalista selvagem, que os triturou.

Os refugiados de guerra aqui são o arquiteto húngaro László Tóth (Adrien Brody), sua esposa jornalista Erzsébet (Felicity Jones) e a sobrinha órfã Zsófia (Raffey Cassidy), sobreviventes do campo de concentração de Dachau e separados após a libertação pelos exércitos aliados. Lászlo consegue migrar primeiro, indo morar com o primo Attila (Alessandro Nivola), dono de uma fábrica de móveis, agora católico e americanizado, na cidade de Filadélfia. Devido falsa denúncia de assédio sexual da esposa de Attila, é expulso de casa pelo parente e vai morar num abrigo para indigentes, com seu único amigo estado-unidense e o afro-americano, Gordon (Isaach De Bankolé), viúvo e provedor do filho.

Trabalhando como operário na construção civil e viciado em heroína, o húngaro muda completamente sua sorte quando uma biblioteca que fez para o ricaço Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce), enquanto trabalhava para o primo, é reconhecida como uma obra genial do movimento Bauhaus, importante estilo artístico do século XX. Harrison, encantado por estar recebendo atenção de toda a elite de Filadélfia, convida o judeu para ser o arquiteto de um centro cultural nas suas terras, monumento à memória de sua mãe recém-falecida.

Crédito de Imagens: Brookestreet Pictres,  Kaplan Morrison, Andrew Lauren Productions / Divulgação  Mostra SP / Universal Pictures


Ficha Técnica

Título Original e Ano: The Brutalist, 2024. Direção: Brady Corbet. Roteiro: Brady Corbet e Mona Fastvold. ElencoAdrien Brody, Felicity Jones, Guy Pearce, Joe Alwyn, Raffey Cassidy, Stacy Martin, Isaach De Bankolé, Alessandro Nivola. Gênero:  Drama. Nacionalidade: Eua, Reino Unido, Hungria. Trilha Sonora Original: Daniel Blumberg. Fotografia:  Lol Crawley. Edição: Dávid Jancsó. Design de Produção: Judy Becker. Direção de Arte: Alexander Linde, Csenge Jóvári, Virág Tyekvicska. Figurino: Kate Forbes. ProdutoresTrevor Matthews, Nick Gordon, Brian Young, Andrew Morrison, Andrew Lauren, D.J. Gugenheim. Empresas Produtoras: Brookestreet Pictres,  Kaplan Morrison, Andrew Lauren Productions. Distribuição: Universal Pictures. Duração: 03h35min.

No período de construção de décadas dessa obra, Lászlo enfrenta as agruras financeiras comuns a este tipo de projeto milionário, bem como todos os insultos e preconceitos de seu mentor Harrison e de seu filho Harry (Joe Alwyn). Entre interrupções e retomadas, consegue reencontrar sua esposa e sua sobrinha, sequeladas física e psicologicamente do período no campo de concentração.

Os muitos sofrimentos e frustrações da família judia vão se sobrepondo até um grande clímax, que mostra como a sociedade norte-americana é doente! O ''american dream'' se mescla com a tragédia e efeitos assustadores. Os trabalhos dos atores principais são magníficos em mostrar essa complexidade de sentimentos. Adrien Brody, Guy Pearce e Felicity Jones estão em todas as listas de possíveis atores oscarizáveis, bem como o excelente diretor Brady Corbet, grata revelação no Festival de Veneza deste ano, tendo recebido o prêmio de melhor direção, melhor filme, pela categoria ''Arca Cinemagiovani''. O Brutalista também recebeu os prêmios ''FIPRESCI, CinemaSarà e Unimed Prize for Cultural Diversity'' neste mesmo festival.

Terceiro longa-metragem de Corbet, que assina também o roteiro ao lado de Mona Fastvold, a produção tem investimento dos Estados Unidos, da Hungria e do Reino Unido. Listados na filmografia do diretor estão as películas ''A Infância de um Líder'' (2015) e ''Vox Lux: O Preço da Fama'' (2018). Brady se revela como um dos grandes realizadores de sua geração, tendo dirigido um épico clássico, de grandes implicações políticas e sociais. É um roteiro maduro que aborda preconceito, violência, estupro, dependência de drogas, em cenas intensas, interpretadas por um excelente elenco. Na construção de um grande monumento à morte de uma matriarca de uma família rica, o cimento usado é o sangue dos desfavorecidos do capitalismo yankee.

Essa tragédia do sonho americano malogrado, porém, é ofuscada pelo subtexto político que, de certo modo, favorece Israel e sua guerra atual. Palavras tem muito poder e filmes muito mais! Pena... a produção se apresentaria de forma mais qualitativa se cerca de 40 minutos com esse teor fossem retirados, principalmente o texto final! Entendendo ou não o posicionamento político do diretor, cinema adulto traz implicações éticas, políticas e sociais. 

Nota: 8/10.

Vinheta da Mostra


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Horários de exibição

21/10

20:20

CINEMATECA ESPAÇO PETROBRAS

26/10

19:15

CINESESC

Para adquirir ingressos do filme, clique aqui.
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Escrito por Marcelino Nobrega

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