Depois de uma agradável surpresa em 2022, onde Parker Finn estreou na direção e roteiro de seu primeiro longa (Smile/Sorria), a continuação segue o tom de seu antecessor, trazendo consigo um amadurecimento estético, mas repetindo alguns deslizes no percurso. Em uma cena inicial impactante, Sorria 2 prioriza fechar as arestas do primeiro, com uma espécie de epílogo, antes de começar sua história de verdade. É fato que seu início é digno de elogios, sendo capaz de cativar sua audiência e setar a expectativa quanto a narrativa de seu universo: cruel, gráfico e intenso.
Se no primeiro filme acompanhamos a psiquiatra Rose (Sosie Bacon) perseguida pela entidade maligna, e lidando com seus traumas anteriores, dessa vez o protagonismo é da estrela de música pop Skye Riley (Naomi Scott), que tem sua mente perturbada pela criatura sobrenatural sorridente que assume a forma de pessoas a sua volta. Estruturalmente similar, é possível traçar paralelos com os conflitos do anterior: As relações de médica/paciente dão lugar aos bastidores da carreira de cantora. Os problemas de relacionamento se transformam em uma desconexão familiar e de isolamento social, e o que antes era associado ao trauma da infância voltando para assombrar a protagonista, agora se traduz em um medo do julgamento midiático e seu envolvimento em um acidente automobilístico trágico de meses atrás.
Seguir a cartilha da sequência, que tenta repetir o sucesso maximizando a base do primeiro filme, não é necessariamente uma decisão ruim, no entanto, deixa um gosto amargo para o espectador que espera por uma quebra ou desenvolvimento de novas ideias. Veja bem, isso não quer dizer que o filme não traga novos elementos e que não tenha substância nas suas temáticas. Inclusive, as novas propostas funcionam até certo ponto, e propõem críticas e comentários interessantes sobre o cenário estabelecido, porém, a sensação que fica sobre o material final, é da falta de polimento no roteiro para equilibrar os delírios e o real. Sorria 2 aposta muito na capacidade de sua protagonista e Naomi Scott faz um ótimo trabalho. Ângulos fechados, closes no seu rosto e as cenas introspectivas da personagem funcionam muito bem. Vale ressaltar que a direção e a montagem são eficazes em dinamizar os planos, valorizar a tensão e intensificar os sustos. O trabalho de maquiagem é impressionante e pode chocar no uso da violência explícita e visualmente impactante de algumas cenas. O silêncio e o som ambiente são trunfos potencializados no cinema e que dificilmente terão mesmo efeito na sala de casa, apesar do uso instigante.
Crédito de Imagens: Courtesy of Paramount Pict - © 2024 PARAMOUNT PICTURES
Para a produção, uma trilha de músicas originais foi composta exclusivamente para Naomie Scott cantar. O ep conta com seis canções e está disponível em diversas plataformas. (escute aqui)
Parker Finn definitivamente ganha a atenção e curiosidade do espectador aqui. O fato de ter mostrado evolução, se comparado ao longa de estreia, e ter demonstrado uma capacidade de instigar em cenas de suspense e gore, o credencia como um nome promissor para o gênero de terror nos próximos anos. Considerando seus acertos e deslizes, é possível dizer que Smile 2 integra a seleta lista de continuações que superam suas obras originais. Assim, deve agradar aos fãs do filme anterior, mas talvez não convença tão facilmente novos públicos. Se você se encaixa no primeiro caso, compre o ingresso, vá ao cinema e Sorria :)
Trailer
Ficha Técnica
Título Original e Ano: Smile 2, 2024. Direção e Roteiro: Parker Fin. Elenco: Naomie Scott, Kyle Gallner, Drew Barrymore, Rosemarie DeWitt, Ray Nicholson, Lukas Gage, Dylan Gelula, Peter Jacobson, Raúl Castillo, Miles Gutierrez-Riley, Daphne Zelle. Gênero: Terror. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Cristobal Tapia de Veer. Fotografia: Charlie Sarroff. Edição: Elliot Greenberg. Design de Produção: Lester Cohen. Figurino: Alexis Forte. Empresas Produtoras: Paramount Pictures, Paramount Players, Temple Hill Entertainment, Bad Feeling. Distribuição: Paramount Pictures Brasil. Duração: 02h07. Classificação 18 anos.
17 de Outubro nos Cinemas
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