FOCO INDIA
COMPETIÇÃO NOVOS DIRETORES
Exibido em Cannes e Ganhador do Grande Prêmio do Juri
Terno, lírico, sensual, o filme Tudo que Imaginamos como Luz nos conquista pelos sentidos. As imagens e sons nos fazer sentir o calor úmido de Mumbai, suas chuvas torrenciais, suas ruas cheias, suas comidas e especiarias. A tapeçaria em formato de narrativa faz o espectador se sentir vivendo como as três personagens principais: a triste enfermeira casada balzaquiana Prabha (Kani Kusruti); a jovem enfermeira solteira sonhadora Anu (Divya Prabha) e a cozinheira viúva solitária Parvaty (Chhaya Kadam). As trajetórias destes três arquétipos da feminilidade indiana hindu são o tema desta obra-prima única, vencedora do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes 2024.
Primeiro longa-metragem de ficção da diretora e roteirista indiana Payal Kapadia, seus trabalhos anteriores eram curtas-metragens e o documentário Uma Noite Sem Saber Nada (2021), recebeu o prêmio de melhor documentário na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. Essa carreira vitoriosa mais uma vez se confirma em 2024, tornando a diretora um dos grandes expoentes do cinema indiano que foge do estilo Bollywood, de tanto sucesso comercial. Então, não espere ver nos seus trabalhos coreografias de dança e lutas elaboradas, nem músicas indianas irrompendo em meio aos diálogos ou tampouco clichês tradicionais da cultura deste país que respira sétima arte.
A cidade de Mumbai, anteriormente chamada pelo Ocidente de ''Bombaim'' devido os conquistadores ingleses, é a cidade mais importante da Índia, com seus doze milhões de habitantes. Maior centro econômico e comercial do país, é o lugar dos sonhos para os seus habitantes. Ou das ilusões, como bem aponta o filme. Entre anseios ou fantasias, neste centro de oportunidades pululam os mais variados tipos da sociedade indiana, hindus, muçulmanos, naturais da cidade ou migrantes das aldeias em volta. Entre esses milhões de almas, as mulheres constituem uma boa parte da população, reféns de tradições conservadoras milenares. Em vários graus de resistência, elas ditam seus caminhos e abrem veredas no caminho rumo à felicidade.
Crédito de Imagens: Petit Chaos / 48ª Mostra SP / Divulgação
Ficha Técnica
Título Original e Ano: ,2024. Direção e Roteiro: Payal Kapadia. Elenco: Kani Kurusti, Divya Prabha, Chhaya Kadam, Hridhu Haroon, Azees Nedumangad, Anand Sami, Lovleen Mishra, Madhu Raja, Shweta Prajapati, Tintumol Joseph. Gênero: Drama. Nacionalidade: França, India, Luxemburgo, Holanda. Trilha Sonora Original: Dhritiman Das Topshe. Fotografia: Ranabir Das. Edição: Clément Pinteaux. Figurino: Maxima Basu.Produção: Petit Chaos. CoProdução: Chalk & Cheese, Arte France Cinéma, Baldr Film, Another Birth, Les Films Fauves, Pulpa Film. Design de Produção: Piyusha Chalke, Yashasvi Sabharwal, Shamim Khan. Duração: 115min.
Essas mulheres, que conquistam o coração do espectador, cada uma ao seu modo, são Prabha, que teve um casamento arranjado com um marido que, logo no primeiro ano, migrou para a Alemanha, esquecendo da esposa amargurada e solitária; Anu, que resiste a um casamento hindu arranjado, e apaixona-se pelo jovem muçulmano Shiaz (Hridhu Haroon), e Parvaty, que tem que abandonar sua casa por conta da ganância de uma construtora e prefere voltar a morar na sua aldeia, às margens do mar.
Nessa volta às origens, Parvaty leva, para ajudá-la na mudança, as amigas, companheiras de apartamento, Prabha e Anu. Todas as três trabalham no mesmo hospital. Anu aproveita a ocasião para secretamente convidar Shiaz a visitá-la neste interior remoto. As nossas heroínas tem então chance de redefinirem suas existências nesta Índia rural mítica, onde os deuses as contemplam nas florestas, nos mares e em grutas místicas. Entre a Bombaim gigantesca e o vilarejo de um litoral remoto, entre desfile de divindades hindus e mulheres muçulmanas de véus, entre mulheres reprimidas de três gerações e suas libertações, conhece-se um pouco da Índia contemporânea e a guardamos conosco, num mosaico fascinante e pleno de beleza, explicitado no take final, onde numa escuridão geral os quatro personagens estão num bar de praia iluminado, com um atendente dançando inebriado, de fone de ouvido, uma música de Bollywood.
Esse sonho de película, propõe poesia pura em vários momentos. Ademais, nos faz acompanhar a vida de um trio muito real, três Graças mitológicas, suas frustrações, seus sonhos, seus envolvimentos românticos. Nesses símbolos femininos presenciamos também o sagrado da união com o homem. Algumas das sequências são tão belas que sufocam por sua poesia e misticismo. Conjunções carnais ou apenas imaginação, poesias lidas ou declarações líricas pichadas em templos milenares, os amores destas mulheres são graciosos, mesmo que tristes ou irremediáveis. Entre essa gangorra de decisões próprias ou submissão às convenções sociais, elas cavam seus caminhos para a felicidade.
Mumbai ou o vilarejo, a Índia é um dos personagens em cena. Esse recorte da realidade de um país tão complexo e dispare é um dos grandes feitos da diretora, que faz o espectador se sentir sensorialmente naquela realidade. Essa conjunção de características o faz uma obra-prima da sétima arte. Que Sarasvati, deusa hindu da sabedoria e das artes, abençoe o caminho da equipe e da diretora e a inspire a fazer muitos outros filmes!
Nota: 10/10.
Vinheta da Mostra
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Horários de exibição
17/10
21:00
RESERVA CULTURAL - SALA 1
19/10
13:00
CINESYSTEM FREI CANECA 1
24/10
19:00
CIRCUITO SPCINE - CFC CIDADE TIRADENTES
26/10
19:30
CINEMATECA ESPAÇO PETROBRAS
30/10
19:00
CIRCUITO SPCINE CEU TAIPAS
30/10
19:00
CIRCUITO SPCINE CEU BUTANTÃ
30/10
19:00
CIRCUITO SPCINE CEU TRÊS LAGOS
30/10
19:00
CIRCUITO SPCINE CEU SÃO MIGUEL
30/10
19:00
CIRCUITO SPCINE CEU CAMINHO DO MAR
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