sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Malu, de Pedro Freire


“O que os seus livros têm a ver com você assistir a uma peça, no teatro?”

Nos emocionantes créditos finais deste filme – ao oportuno som de “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua”, de Sérgio Sampaio –, descobrimos que o roteiro deste filme é baseado em eventos biográficos, inspirados na trajetória da mãe do diretor, Maria de Lourdes Carvalho Carneiro [1947-2013], que foi casada com o ator Herson Capri, pai do cineasta em pauta, estreante em longas-metragens, Pedro Freire. A despeito da suma emoção envolvida neste projeto, ele evita o registro hagiográfico, a construção de uma personagem abonada de defeitos. Muitíssimo pelo contrário: por vezes, chegamos a ficar assustados perante as reações impulsivas da personagem-título, antes que saibamos que, de fato, ela padece de uma condição psiquiátrica neurodegenerativa…

No início do filme, encontramos Malu Rocha, nome artístico da personagem biografada (magistralmente interpretada por Yara de Novaes), ensaiando diálogos de peças shakespeareanas, no terreno em que vive: ela mistura trechos de “Hamlet” com exercícios vocais e parece nervosa, enquanto faz isso, como se estivesse temendo alguma falha de memória. Terminado o ensaio, ela senta-se para folhear uma fotocópia da peça “A Vida de Galileu”, de Bertolt Brecht, enquanto fuma um baseado. Estamos no Rio de Janeiro, na década de 1990.

Numa sobreposição de conflitos actanciais deveras assemelhados àqueles que encontramos no esplêndido “Amélia” (2000, de Ana Carolina), notamos que Malu vive com a sua mãe Lourdes (Juliana Cardeiro da Cunha), conhecida por todos como Dona Lili. Excessivamente católica, esta senhora, numa determinada tarde, convida um padre (Márcio Vito) para visitar a sua residência, o que irrita a provocativa Malu. Depois de insinuar que Jesus Cristo seria pedófilo, como alguns sacerdotes, a partir de uma interpretação satírica do versículo “vinde a mim as criancinhas”, Malu expulsa o padre de sua casa, enquanto sua mãe tenta justificar as atitudes da filha repetindo algo que volta em mais de uma situação (“ela é drogada!”), o que desemboca numa troca de agressões físicas entre as duas. Malu detesta a sua mãe?

Trailer


Ficha Técnica

Título Original e Ano: Malu, 2024. Direção e Roteiro: Pedro Freire. Elenco: Yara de Novaes, Juliana Carneiro da Cunha, Carol Duarte, Átila Bee. Gênero: Drama. Nacionalidade: Brasil. Direção de fotografia: Mauro Pinheiro Jr., ABC. Direção de arte: Elsa Romero. Montagem: Marilia Moraes, EDT. Figurino: Rô Nascimento. Coordenação de Pós-produção: Guga Nascimento, Nat Mizher. Produtores: Tatiana Leite, Roberto Berliner, Sabrina Garcia, Leo Ribeiro. Produção Executiva: Carlos Eduardo Valinoti, Tatiana Leite, Sabrina Garcia, Leo Ribeiro. Coordenação Executiva: Isabel Lessa. Desenho de som: Daniel Turini. Supervisão de Som: Fernando Henna, Henrique Chiurciu. Mixagem: Daniel Turini. Direção Musical: Jonas Sá. Colorista: Silvia Abreu. Produção: Bubbles Project e TvZero. Coprodução: RioFilme, Telecine e Canal Brasil. Codistribuidor brasileiro e apoio: RioFilme. Apoio: Projeto Paradiso. Distribuição: Filmes do Estação. Duração: 01h40min.

O surgimento desta pergunta, na mente do espectador, é um dos primeiros ganhos reflexivos deste filme, no sentido de que a protagonista é dotada de extrema ambigüidade, sendo bastante irritável e autoritária na maneira como conversa com as pessoas. O questionamento supracitado não é fácil de ser respondido, portanto: pouco tempo após a briga com a sua mãe, ela surge com feridas no rosto, preocupada com a idosa, que, quando Malu era jovem, a internou num hospício, por não concordar que ela fosse atriz. A lógica das oposições geracionais assume o primeiro plano da narrativa, que ganha novos contornos quando Joana (Carol Duarte), filha de Malu, entra em cena.

Recém-chegada da França, Joana é considerada uma ‘yuppie’ por sua mãe, que lamenta que a geração de sua filha não tenha dado continuidade à liberalidade que ela experimentou e defendeu durante as décadas de 1960 e 1970. Malu comumente narra situações em que fôra aprisionada, por militares, durante o período ditatorial, e tem a intenção de construir um Centro Cultural no espaço em que vive, mas precisa que seu ex-marido transfira a escritura para o seu nome. Na execução de seus projetos, Malu conta com o apoio do artista homossexual Tibira (Átila Bee), que vive consigo e é alvo dos preconceitos de Dona Lili. Todos estes personagens protagonizarão demorados embates, ao longo dos cento e três minutos de duração.

                                                Crédito de Imagens: Bubbles Project e TvZero. Divulgação. Filmes do Estação
O longa passou pelo Festival de Sundance em janeiro deste ano e já ganhou inúmeros prêmios ao redor do mundo. No Brasil, foi vencedor de quatro prêmios importantes no Festival do Rio (Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro e Melhor Filme.

Muito bem dirigido, com um ritmo que evoca metalingüisticamente a dinâmica teatral que a personagem-título aplica em seu dia a dia, “Malu” oferece-nos interpretações brilhantes de um elenco inspiradíssimo, numa trama que se torna progressivamente dramática, sobretudo quando Dona Lili narra um episódio familiar de abuso sexual, depois que experimenta maconha pela primeira vez, num aniversário, ou quando, após muita relutância, Malu é convencida por Joana a visitar um consultório psiquiátrico, onde descobre que está com uma síndrome degenerativa avançada, a Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), popularmente conhecida como “doença da vaca louca”. Um espelhamento invertido da relação entre Lourdes e Malu ocorrerá entre Malu e Joana…

Num instante mui aflitivo – em mais de um aspecto –, a pergunta derradeira de Malu (“para onde a gente está indo?”) confirma a pujança do impacto emocional desta obra, que é tanto uma reflexão geracional quanto uma justa homenagem a uma talentosíssima atriz brasileira, não tão reverenciada como merece. Se, ao término do filme, queremos pesquisar sobre ela e confirmar a sua relevância cênica, celebrada nas reminiscências que servem como inspiração para os diálogos, durante a audiência, experimentamos múltiplas sensações, ao testemunharmos os surtos e devaneios de Malu Rocha, bem como as suas demonstrações de carinho, direcionadas tanto à sua mãe quanto à sua filha. Um filme com uma cadência alternativa e intimista, que se diferencia positivamente das produções biográficas realizadas no Brasil: um trabalho adulto e merecedor de múltiplos elogios pela audácia do filho, que não sucumbe à caretice que a representação ficcional de sua mãe tanto temia. “Não quero uma celebração da memória da mãezinha, não. Faça o que tu quiseres”, diz Malu a Joana, em determinado momento. Pedro Freire cumpriu a sua parte no acordo. Eis um desafio a ser também aceito pelas platéias atuais!

EM EXIBIÇÃO NOS CINEMAS

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Está chegando a 57ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

Falta alguns poucos dias para começar!

A 57ª edição do festival de cinema mais longevo do Brasil se inicia no próximo dia 30 e vai até o dia 07 de dezembro. A primeira grande novidade deste ano já foi publicada diário oficial: a sala do Cine Brasília, a maior sala de cinema pública em atividade do país, exibirá os filmes do festival já com seu novo nome: Sala Vladimir Carvalho, em homenagem ao documentarista que faleceu recentemente, deixando a comunidade audiovisual do Distrito Federal em clima fúnebre. Durante o evento, Vladimir será um dos homenageados póstumos, juntamente com a atriz e produtora Mallú Moraes.

Já a homenagem em vida será concedida a Zezé Motta, atriz do emblemático Xica da Silva (1976), que será exibido em uma das mostras paralelas. Aliás, são tantas as mostras este ano que o Festival contará com uma infraestrutura nunca antes vista. Junto à já conhecida sala de 600 poltronas, o evento contará com uma sala de cinema temporária de 200 lugares montada no espaço do Cine Brasília, para conseguir dar vazão à extensa programação.

Além dela, dois auditórios, uma sala multiuso e uma sala de reunião para o júri serão montados para o evento, além das já conhecidas praça de alimentação e área de convivência com shows e DJ. As exibições de filmes acontecerão também em Taguatinga, Gama e Planaltina. A promessa é de que esse ano as RA's tenham programações extensas com o Festivalzinho, Mostra Brasília, Mostra Competitiva, filme de abertura e encerramento e também sejam contempladas pelos votos do júri popular.

Outra grande novidade é o retorno da Mostra Caleidoscópio após cinco anos. Chamada de “uma segunda mostra competitiva” por também ser contemplada com a premiação de um candango, a Caleidoscópio é focada em longa-metragens mais ousados em estética e linguagem.
Além da Secretaria de Cultura e do Instituto Alvorada, quem está por trás de tudo isso é o diretor artístico Eduardo Valente, que já havia dirigido o Festival em 2016, 2017 e 2018. Eduardo está de volta para mais um triênio, visto que o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro está com um contrato de 3 anos, para que possa ser pensado e planejado mais a longo prazo, como um projeto. A promessa para o ano que vem é a de que o evento retorne ao seu usual mês de setembro e possa contar com atividades ao ar livre sem o risco de chuva.

Além da Mostra Brasília e Mostra Competitiva, que são o carro chefe do Festival, dentre as grandes atrações desta edição estão uma masterclass com Petra Costa; o lançamento da série ''Como Nascem os Heróis'', de Iberê Carvalho; o ambiente de negócios em que produtores e players poderão se conectar; a mostra “Festival dos Festivais”, onde os brasilienses poderão conhecer grandes sucessos que estrearam recentemente na Mostra de São Paulo, no Festival do Rio e em Gramado; e um evento de encerramento com a exibição do novo filme de Lírio Ferreira em codireção com Carolina Sá: ''O Menino d’O Olho d’Água'', que contará um pouco da trajetória e das memórias de Hermeto Pascoal. Ao total serão exibidos no Festival cerca de 79 filmes. Os estudiosos do meio e o público no geral também terá a chance de participar de inúmeras oficinas sobre atuação, tecnologia no audiovisual e produção, entre outros. As inscrições se encerraram em 15 de novembro e a programação está no site do evento.

Por aqui, nós não estamos nos aguentando de ansiedade.

Coletiva de lançamento do Festival de Brasilia


SERVIÇO - CERIMÔNIA DE ABERTURA DO 57º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO
Data: 30 de novembro, às 20h
Local: Cine Brasília (106/107 Sul).
Ingressos: Entrada franca mediante retirada prévia de ingressos na bilheteria do Cine Brasília a partir das 14 horas.
Programação completa: festcinebrasilia.com.br.

FILMES SELECIONADOS:
Cerimônia de Abertura
* 30/11 - Criaturas da Mente (RN, PE, RJ) | Marcelo Gomes;

Cerimônia de Abertura do 57º Festival de Brasília celebrará icônicas personalidades do cinema brasileiro, sob a apresentação da atriz e influenciadora acriana Gleici Damasceno, e da atriz, arte educadora, produtora e palhaça brasiliense Ana Luiza Bellacosta. 

Mostra Competitiva Nacional - Longas
* 01/12 - Suçuarana (MG) | Clarissa Campolina, Sérgio Borges;
02/12 - Pacto da Viola (DF) | Guilherme Bacalhao; 
03/12 - Yõg Ãtak: Meu Pai Kaiowá (MG) | Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luísa Lanna;
04/12 - Enquanto O Céu Não Me Espera (AM) | Christiane Garcia;
05/12 - Salomé (PE) | André Antonio;
06/12 - A Fúria (SP) | Ruy Guerra, Luciana Mazzotti.

Mostra Competitiva Nacional - Curtas
* 01/12 - Maremoto (RN) | Cristina Lima, Juliana Bezerra;
01/12 - Chibo (RS) | Gabriela Poester, Henrique Lahud; 
02/12 - Inflamável (DF) | Rafael Ribeiro Gontijo;
02/12 - Javyju - Bom Dia (SP) | Kunha Rete, Carlos Eduardo Magalhães;
03/12 - Mar de Dentro (PE) | Lia Letícia;
03/12 - Confluências (SP) | Dácia Ibiapina.
04/12 - E Assim Aprendi a Voar (RO) | Antonio Fargoni;
04/12 - Mãe de Ouro (MG) | Maick Hannder;
05/12 - Descamar (DF) | Nicolau.
05/12 - Kabuki (SC) | Tiago Minamisawa.
06/12 - Dois Nilos (RJ) | Samuel Lobo, Rodrigo de Janeiro;
06/12 - E Seu Corpo É Belo (RJ) | Yuri Costa;

Mostra Brasília - Longas
03/12 - Nada (DF) | Adriano Guimarães;
04/12 - Manual do Heroi (DF) | Christiane Garcia;
05/12 - A Câmara (DF) | Cristiane Bernardes, Tiago de Aragão;
06/12 - Tesouro Natterer (DF) | Renato Barbieri.

Mostra Brasília - Curtas
03/12 - Caravana da Coragem (DF) | Pedro B. Garcia;
03/12 - A Sua Imagem na Minha Caixa de Correio (DF) | Silvino Mendonça;
04/12 - Manequim (DF) | Danilo Borges, Diego Borges;
04/12 - Ona (DF) | Clara Maria, M4avi Afroindie;
03/12 - Xarpi (DF) | Rafael Lobo;
05/12 - Via Sacra (DF) | João Campos;
06/12 - Kwat e Jaí - Os Bebês Herois do Xingu (DF) | Clarice Martins Cardell;
06/12 - Cemitério Verde (DF) | Mauricio Chades.

Ingressos
Os ingressos para as sessões da Mostra Competitiva Nacional no Cine Brasília custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), e estarão à venda sempre a partir de duas horas antes do início da sessão, exclusivamente na bilheteria do cinema. Todas as demais mostras e atividades do festival são gratuitas. Apenas para a Mostra Brasília há distribuição gratuita de ingressos, também a partir de 2 horas antes da sessão. O ingresso é o único meio que habilita a votação do júri popular. O restante da programação é de acesso livre à sala. É possível realizar o pagamento via cartão de crédito e débito, dinheiro (troco no máximo em 50 reais) pix (via máquina ou chave de registro na bilheteria). As compras se limitam a dois ingressos por pessoa.

Votação - Juri Popular
Em cada sessão (no Cine Brasília ou nas RA's) cada espectador ganha um ticket com um código para votar no filme assistido. É muito importante que o filme ganhe esta atenção para que cheguem as premiações. Visite o site do festival e saiba mais.https://festcinebrasilia.com.br/

Moana 2, de David G. Derrick Jr., Jason Hand, Dana Ledoux Miller

O longínquo ano de 2016, quando Moana entrou em cartaz, parece que foi em outra vida. Apesar de não ter sido há tanto tempo assim, a forma como a cultura era encarada tanto pelos estúdios quanto pelo público era um tanto mais ingênua. A palavra "conteúdo" ainda não era tão displicentemente usada pra se referir a obras audiovisuais como se fossem meras commodities (apesar de serem). A arte e o entretenimento ainda não eram "consumidas" como se fossem um pote de azeitonas. Era um período um tanto menos cínico quanto agora.

Moana 2 chega aos cinemas num contexto bem diferente que o filme original. Com mais pompa, com maiores expectativas e agora com status de franquia. Porém a nova aventura da princesa navegante vem ao mundo de forma mercadologicamente confusa. Na esteira de um live action da franquia com estreia prevista para 2026, inicialmente a produção foi planejada inicialmente como uma série original para o Disney+. No início de 2024, a Disney remodelou o que seria 'Moana: A Série' para um longa-metragem com lançamento regular nos cinemas. E isso fica bem perceptível no ritmo e na estrutura do roteiro do longa.

Tendo recebido de sua comunidade o título Tautai, uma exploradora dos mares, Moana se estabelece como a referência marítima de seu povo. Agora com uma irmã, a grudenta Simea, e mais responsabilidades, Moana é surpreendida com uma revelação de seus ancestrais que a alerta da importância vital de se conectarem com outros povos. Ao lado de uma tripulação inusitada, ela veleja rumo à lendária ilha de Motufetu, onde uma maldição cortou as relações das comunidades locais, a fim de restaurar os laços entre os povos e evitar uma catástrofe.

Trailer


Ficha Técnica

Título Original e Ano: Moana 2, 2024. Direção: David G. Derrick Jr., Jason Hand, Dana Ledoux Miller. Roteiro: Jared Bush e Dana Ledoux Miller - com argumentos de Jared Bush, Dana Ledoux Miller e Bek Smith e materiais adicionais de  Bryson Chun. Gênero: Animação, Aventura. Nacionalidade: EUA, Canadá. Vozes originais: Auli‘i Cravalho e Dwayne Johnson. Dublagem brasileira: Any Gabrielly, Saulo Vasconcelos, Lara Paciello, Saulo Javan, Mariana Elisabetsky, Ítalo Luiz, Walter Cruz, Éri Correia, Lara Suleiman, Vanderlan Mendes.  Trilha Sonora Original: Abigail Barlow, Opetaia Foa'i , Mark Mancina e Emily Bear. Edição: Michael Louis Hill, Jeremy Milton. Design de Produção: Ian Gooding. Direção de Arte: Daniel Arriaga. Supervisor de Animação: Vitor Vilela. Empresas Produtoras: Walt Disney Television, The Walt Disney Company, Walt Disney Animation Canada, Walt Disney Animation Studios, Walt Disney Pictures. Distribuição: Walt Disney Studios. Duração: 01h40min.
O retorno de Moana tenta oferecer ao público um gostinho daquilo que tornou o filme de 2016 tão querido. O resultado, contudo acaba diluído num roteiro morno habitado por personagens pouco cativantes. Os efeitos impressionantes com simulações de água e cabelo super convincentes são o carro-forte do longa. Mas se o novo episódio da franquia é um deslumbre aos olhos, não agrada tanto aos ouvidos quanto seu antecessor: as canções originais que eram um dos destaques principais daquela aventura deixa muito a desejar nesta sequência. Sem o retorno do queridinho dos musicaus Lin-Manuel Miranda, as letras dos segmentos musicais soam mais protocolares do que emocionantes. É apenas mais um dos aspectos que a sequência se apequena perante o filme original.

Crédito de Imagens: © 2024 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.
O primeiro trailer do filme ganhou cerca de 178 milhões de visualizações em menos de 24 horas.

O humor soa um pouco cansativo e repetitivo, dependendo de constantes gags requentadas do filme anterior envolvendo o galo Heihei. Uma camada extra, oferecimento da dublagem brasileira, são piadocas com gírias de internet: é um festival de "o pai tá on" e "arrasta pra cima", expressões que vão talvez tirar uma risadinha ou outra das plateias, mas prometem datar o filme rapidinho. Já a parte emocional, tão efetiva no filme de 2016, infelizmente parece mecânica e abertamente manipulativa. Ainda assim, provavelmente vai agradar ao público causal do cinema, mesmo que talvez frustre um pouco fãs da animação original.

Servindo como um esquenta pro live action previsto para 2026, Moana 2 certamente vai fazer rios (ou mares) de dinheiro e liderar as bilheterias mundiais por semanas a fio. Mas tal efeito será consequência do carinho do público pelo primeiro filme e não pela excelência narrativa da sequência. É uma boa diversão, mas infelizmente carece de coração, algo que o filme original tinha de sobra.

HOJE NOS CINEMAS

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Burger King® e Riot Games se unem em parceria inédita para o lançamento da segunda temporada de Arcane


A série Arcane estreou sua segunda temporada este último sábado (9/11) e o Burger King® é o parceiro ideal para quem vai acompanhar os novos capítulos da história de Jinx, Vi e os demais personagens do universo de League of Legends, jogo da Riot Games. Apenas nos restaurantes do BK® você encontra copos exclusivos de cinco personagens da série, para aproveitar a nova temporada com muito estilo.

No dia 12/11, o novo Combo Arcane estará disponível para compra nas lojas do BK® participantes. em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Goiás, Pará Espirito Santo e Minas Gerais. A nova opção de combo vem com um Whopper Especial a sua escolha – seja um Whopper Rodeio ou Whopper Barbecue Bacon ou Whopper Furioso - uma Batata Frita Média, o Free Refill e um Copo Temático da série, ilustrado com artes de cinco personagens da animação: Jinx, Ambessa, Ekko, Caitlyn e Vi.

A collab inédita do Burger King® com a Riot Games, gerenciada pela Redibra, também está trazendo cinco coroas com os mesmos personagens da série para você mostrar quem é o seu Campeão favorito – ou “main”, se preferir - sempre que for no BK. "Recentemente, realizamos uma ação divertida no Dia do Gamer, onde trocamos peças de computador queimadas por sanduiches grelhados no fogo. Foi um sucesso! Essa colaboração inédita com a Riot não apenas fortalece a presença da nossa marca nesse território, mas também conecta os produtos do BK® com esse público que é extremamente engajado, fiel e apaixonado”, afirma Igor Puga, CMO da ZAMP®, master franqueada do Burger King® no Brasil.

Um dos diferenciais do League of Legends e de todos os jogos da Riot Games, é a riqueza de detalhes na narrativa dos personagens e de todo o universo em que estão inseridos, o que proporciona uma conexão genuína com uma base de fãs muito apaixonada. Esta audiência quer estar conectada com seu jogo favorito mesmo quando não está de fato jogando. Por isso estamos muito animados com esta parceria com o Burger King, que vai conseguir inserir Arcane e o League of Legends ainda mais no dia a dia da comunidade, ao oferecer uma experiência para eles que mistura gastronomia e diversão" - afirma Diego Martinez - General Manager da Riot Games Brasil.

O Combo Arcane está disponível em restaurantes selecionados a partir de R$ 49,90. Na compra da oferta, você poderá escolher entre os sanduíches Whopper Rodeio, Whopper Barbecue Bacon ou Whopper Furioso, além de 1 dos 5 copos exclusivos. Os copos ilustrados estão sujeitos à disponibilidade. Confira as lojas participantes no link.

domingo, 10 de novembro de 2024

Diamante Bruto, de Agathe Riedinger | Festival Varilux de Cinema Francês


“Tenho dezenove anos e trabalho como garçonete. Foi assim que eu paguei os meus seios”!


Apesar de ser uma diretora estreante em longas-metragens, a cineasta francesa Agathe Riedinger possui experiência na condução de videoclipes, o que justifica a musicalidade expressiva na jornada de Liane (Malou Khebizi), em sua busca para ser famosa. Acostumada a roubar produtos em lojas e depois os revender a preços reduzidos, Liane publica fotos sensuais em seu perfil do Instagram e, em determinado momento, chama a atenção de uma agente de programas de TV, Alexandra Ferrer (Antonia Buresi), que a convida para fazer um teste, a fim de participar de um ‘reality show’. Os seguidores de Liane se multiplicam, depois disso, mas ela fica à mercê de uma resposta…

Vivendo com uma mãe irresponsável e com uma irmã mais nova, de quem cuida, Liane sente-se insegura em relação ao próprio corpo, por mais que receba elogios contínuos, nas redes sociais. Eventualmente, rapazes enviam-lhe vídeos se masturbando, o que confirma que ela é sensual o suficiente, mas, mesmo assim, ela nutre o desejo de inserir silicone em suas nádegas, depois de já ter realizado um procedimento semelhante em seus seios. 

Quando quer se divertir, Liane sai com suas amigas para boates, onde publiciza o seu talento para a dança, que foi justamente o que chamou a atenção da agente supracitada. Porém, o seu temperamento é explosivo, e volta e meia ela discute com as suas companheiras. Por acaso, ela conhece o mecânico Dino (Idir Azougli), que apaixona-se por ela. Em suas tentativas de aproximação sexual, Dino é repelido por Liane, que não hesita em mostrar-lhe os seios, quando ele solicita. O motivo do comportamento arredio de Liane, quando Dino tenta aproximar-se, é revelado em conversas anteriores com as amigas: ela ainda é virgem, o que contrasta com a ‘persona’ erotizada que divulga na internet…

Créditos de Imagens: Festival Varilux de Cinema Francês | Divulgação | Silex Films
O filme passou por cerca de onze festivais internacionais de cinema e tem data de estreia na França no próximo dia 20. Ademais, deve chegar as salas russas em Dezembro.

Contando uma história que chega a ser trivial, no modo como se repete hodiernamente – em âmbito tramático, é uma versão pós-adolescente daquilo que vemos no polêmico “Lindinhas” (2020, de Maïmouna Doucouré) –, este filme chama a atenção pela direção descontraída, que faz excelente uso da câmera na mão, lembrando as ótimas produções da diretora britânica Andrea Arnold. Tal como ela, Agathe Riedinger não julga a sua personagem e, ao invés disso, faz com que o espectador esteja continuamente ao seu lado, de modo a compreender as suas intenções e a origem de suas frustrações.

Nos vídeos motivacionais a que assiste, em seu desejo de tornar-se uma influenciadora digital, Liane ouve diversas entrevistadas assumindo e vangloriando-se da própria superficialidade e, por causa disso, ela entra em conflito com os anseios de suas amigas, que querem ser trabalhadoras convencionais ou mães de família. A trivialidade das vidas delas, segundo Liane, é algo que a desagrada, o que a impulsiona para rumos perigosos, como a festa promovida por três solteirões ricos, que lhe pagam para que ela dance seminua. Ela fica prestes a ser estuprada, portanto. 

Trailer Internacional


Ficha Técnica
Título Original e Ano: Diamant Brut,2024. Direção e Roteiro: Agathe Riedinger. Elenco: Malou Khebizi, Idir Azougli, Andréa Bescond, Ashely Romano, Alexis Manenti, Kila Fernane, Léa Gorla, Alexandra Noisier, Antonia Buresi, Sandra Bijou,Francesaca Giromella, Guillaume Verdier. Gênero: Drama. Nacionalidade: França. Trilha Sonora Original: Priscilla Bertim. Fotografia: Audrey Ismael. Design de Produção e Direção de Arte: Astrid Tonnellier. Empresas Produtoras: Silex Films, France 2 Cinéma, Germaine Films. Distribuição: Bonfilm. Duração: 01h43min.
No papel da protagonista Liane, Malou Khebizi, também estreante em longas-metragens, entrega-se por completo à personagem, não tendo problemas em expor a própria nudez, inclusive na seqüência em que ela ousa fazer uma tatuagem em si mesma, que “fica parecendo que foi esfaqueada”, conforme atesta Dino. Liane recusa as opiniões das pessoas queridas, ansiosa para ter a resposta da agente que lhe prometera uma chance na TV. E, num artifício bem-sucedido, por parte da diretora, os comentários das publicações virtuais de Liane inundam a tela, em letras maiúsculas, indo de elogios exagerados à sugestão de que ela deve se matar! 

Ao término de uma hora e quarenta e três minutos, que é o tempo de duração desta sessão, surpreendemo-nos com o desfecho ambíguo, que pode ou não ser um final feliz para Liane, a depender de como seja apreendida a narrativa. A trilha musical é repleta de canções dançantes e a tônica videoclipesca contagia o drama da personagem, que, afinal, é uma garota como qualquer outra, por mais que se esforce para ser diferente. Não obstante não ser inventivo no que propõe, “Diamante Bruto” revela um olhar necessário sobre as configurações midiáticas no cotidiano dos indivíduos, hoje em dia: que as Lianes reais sejam felizes naquilo que almejam, desde que estejam conscientes dos prós e contras destas atividades. Conforme percebemos em diversos filmes, a fama é algo sobremaneira problemático!


SERVIÇO
Festival Varilux de Cinema Francês
De 07 a 20 de novembro
Nas salas de cinemas de 60 cidades ao redor do país
Apoio: Embaixada da França, Aliança Francesa, Câmara do Comércio França-Brasil, CCBB, UNIFRANCE.


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Para informações sobre o festival, basta acessar: https://variluxcinefrances.com/2024/

Festival Varilux de Cinema Francês é realizado pela produtora Bonfilm e tem como patrocinadores principais a Essilor/Varilux, Pernod Ricard/Lillet, Axa, Michelin, além do Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria do Estado de Estado de Cultura e Economia Criativa, Lei Estadual de Incentivo à Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura. Outros parceiros importantes são as Alianças Francesas, a Embaixada da França no Brasil, as empresas Edenred, Air France, Fairmont (grupo Accor), além das distribuidoras dos filmes e os exibidores de cinema independente/de arte e as grandes redes de cinema comercial.

Sobre a Bonfilm

Além de distribuidora de filmes, a Bonfilm é realizadora do Festival Varilux de Cinema Francês que, nos últimos 14 anos, promoveu mais de 35 mil sessões nos cinemas em todo o Brasil e somou um público de mais de um 2 milhões de espectadores. Desde 2015, a Bonfilm organiza também o festival Ópera na Tela, evento que exibe filmes de récitas líricas em uma tenda montada ao ar livre no Rio de Janeiro, e com uma edição também em São Paulo em 2024. Visite: www.bonfilm.com.br

sábado, 9 de novembro de 2024

A Favorita do Rei, de Maïwenn | Festival Varilux de Cinema Francês


A Preferida do Rei: Um retrato Luxuoso e Intrigante da Corte de Luís XV

Explorando a ascensão de Jeanne Bécu, a última amante de Luís XV, o drama histórico exibe uma produção visualmente deslumbrante e traz Johnny Depp no elenco.

A Preferida do Rei”(2024), transporta o público em um drama histórico, ao esplendor e às intrigas da corte francesa do século XVII. Em uma interpretação cativante de Luís XV, o famoso monarca conhecido por sua vida de excessos e paixões, Johnny Depp nos chama atenção pela coragem em aturar em outra língua que não o inglês. Além do elenco, roteiro e fotografia são os grandes destaques  do filme.

Inspirado na história de Jeanne Becu, a última amante oficial do rei, o longa revela os contrastes da vida de uma jovem de origem humilde que desperta o coração do poder em Versailles, enfrentando a moralidade da corte e os próprios dilemas de sua condição.

A produção apresenta uma visão moderna e humana da história real de Jeanne, interpretada com elegância por Maïwenn. A diretora e roteirista transformou o filme em uma fascinante mescla entre o romance e a crítica social, explorando com maestria o contexto social da época e de como uma cortesã, filha de cozinheira, tornou-se uma das pessoas mais comentadas da nobreza francesa. Despertando o desejo e o interesse que desafia as convenções, a história oferece ao público um olhar envolvente sobre os conflitos externos de uma mulher que vive entre o poder e o amor, cercada por rivalidades e desconfianças.

             Crédito de Imagens: Festival Varilux de Cinema Françês / Divulgação / Why Not Productions
A produção abriu o Festival de Cannes, em 2023, e foi exibida na abertura para convidados do Festival Varilux de Cinema Francês em Brasília, na última terça-feira, 05/11

Visualmente, “A Preferida do Rei” é uma obra-prima. Cuidadosamente construídas, cada uma das cenas revela a opulência de Versailles, com detalhes que transportam o espectador diretamente para o coração da França do século XVIII. A cenografia juntamente com o figurino desempenha um papel fundamental e entram em harmonia com palácios e trajes pomposamente elaborados, ressaltando a atmosfera luxuosa da época. A direção de arte e a fotografia contribuem para essa experiência visual rica, que captura não só a grandiosidade do ambiente como também as nuances emocionais dos personagens, especialmente nos momentos de intimidade entre Jeanne e Luís XV.

Digna de aplausos, a interpretação de Johnny Depp, revela uma performance intensa, revelando um rei que ao mesmo tempo é autoritário e vulnerável, também possui um afeto por sua amante que mistura desejo e um apego genuíno. O ator equilibra a imponência do monarca com uma sensibilidade que permite ao espectador enxergar o homem por trás da coroa. Relatado com delicadeza, o relacionamento entre o rei e Jeanne, possui diálogos que reflete as complexidades e dilemas da época.

Trailer



Ficha Técnica
Título Original e Ano: Jeanne du Barry, 2023. Direção: Maïwenn. Roteiro:  Maïwenn, Teddy Lussi-Modeste, Nicolas Livecchi, Marion Pin. Elenco: Stanislas Stanic, Maïwenn, Johnny Depp, Benjamin Lavernhe, Pierre Richard, Robin Renucci, Marianne Basler, Caroline Chanioleau, Melvil Poupaud, Pascal Greggory, India Hair, Suzanne De Baecque, Capucine Valmary. Gênero: Drama, História. Nacionalidade: França, Bélgica, Reino Unido.  Trilha Sonora Original: Stephen Warbeck. Fotografia: Laurent Dailand. Figurino: Jürgen Doering. Design de Produção: Angelo Zamparutti. Empresa Produtora: Why Not Productions. Coprodução: France 2 Cinéma, France 3 Cinéma, La Petite Reine, Impala Productions, Les Filmes de Batna, In.2Film.Distribuição: Mares Filmes. Duração: 01h57min.

A produção audaciosa, é um mergulho nos dilemas de uma sociedade que glorifica o poder e, ao mesmo tempo, condena aqueles que o buscam, conquistando não somente pela beleza visual quanto pela narrativa intensa do retrato humano e profundo dos personagens.

Em suma, uma obra que celebra o cinema como arte e transporta o público a uma época fascinante, com uma história que continua a ressoar até os tempos de agora.



SERVIÇO
Festival Varilux de Cinema Francês
De 07 a 20 de novembro
Nas salas de cinemas de 60 cidades ao redor do país
Apoio: Embaixada da França, Aliança Francesa, Câmara do Comércio França-Brasil, CCBB, UNIFRANCE.


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Festival Varilux de Cinema Francês é realizado pela produtora Bonfilm e tem como patrocinadores principais a Essilor/Varilux, Pernod Ricard/Lillet, Axa, Michelin, além do Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria do Estado de Estado de Cultura e Economia Criativa, Lei Estadual de Incentivo à Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura. Outros parceiros importantes são as Alianças Francesas, a Embaixada da França no Brasil, as empresas Edenred, Air France, Fairmont (grupo Accor), além das distribuidoras dos filmes e os exibidores de cinema independente/de arte e as grandes redes de cinema comercial.