Diamante Bruto, de Agathe Riedinger | Festival Varilux de Cinema Francês


“Tenho dezenove anos e trabalho como garçonete. Foi assim que eu paguei os meus seios”!


Apesar de ser uma diretora estreante em longas-metragens, a cineasta francesa Agathe Riedinger possui experiência na condução de videoclipes, o que justifica a musicalidade expressiva na jornada de Liane (Malou Khebizi), em sua busca para ser famosa. Acostumada a roubar produtos em lojas e depois os revender a preços reduzidos, Liane publica fotos sensuais em seu perfil do Instagram e, em determinado momento, chama a atenção de uma agente de programas de TV, Alexandra Ferrer (Antonia Buresi), que a convida para fazer um teste, a fim de participar de um ‘reality show’. Os seguidores de Liane se multiplicam, depois disso, mas ela fica à mercê de uma resposta…

Vivendo com uma mãe irresponsável e com uma irmã mais nova, de quem cuida, Liane sente-se insegura em relação ao próprio corpo, por mais que receba elogios contínuos, nas redes sociais. Eventualmente, rapazes enviam-lhe vídeos se masturbando, o que confirma que ela é sensual o suficiente, mas, mesmo assim, ela nutre o desejo de inserir silicone em suas nádegas, depois de já ter realizado um procedimento semelhante em seus seios. 

Quando quer se divertir, Liane sai com suas amigas para boates, onde publiciza o seu talento para a dança, que foi justamente o que chamou a atenção da agente supracitada. Porém, o seu temperamento é explosivo, e volta e meia ela discute com as suas companheiras. Por acaso, ela conhece o mecânico Dino (Idir Azougli), que apaixona-se por ela. Em suas tentativas de aproximação sexual, Dino é repelido por Liane, que não hesita em mostrar-lhe os seios, quando ele solicita. O motivo do comportamento arredio de Liane, quando Dino tenta aproximar-se, é revelado em conversas anteriores com as amigas: ela ainda é virgem, o que contrasta com a ‘persona’ erotizada que divulga na internet…

Créditos de Imagens: Festival Varilux de Cinema Francês | Divulgação | Silex Films
O filme passou por cerca de onze festivais internacionais de cinema e tem data de estreia na França no próximo dia 20. Ademais, deve chegar as salas russas em Dezembro.

Contando uma história que chega a ser trivial, no modo como se repete hodiernamente – em âmbito tramático, é uma versão pós-adolescente daquilo que vemos no polêmico “Lindinhas” (2020, de Maïmouna Doucouré) –, este filme chama a atenção pela direção descontraída, que faz excelente uso da câmera na mão, lembrando as ótimas produções da diretora britânica Andrea Arnold. Tal como ela, Agathe Riedinger não julga a sua personagem e, ao invés disso, faz com que o espectador esteja continuamente ao seu lado, de modo a compreender as suas intenções e a origem de suas frustrações.

Nos vídeos motivacionais a que assiste, em seu desejo de tornar-se uma influenciadora digital, Liane ouve diversas entrevistadas assumindo e vangloriando-se da própria superficialidade e, por causa disso, ela entra em conflito com os anseios de suas amigas, que querem ser trabalhadoras convencionais ou mães de família. A trivialidade das vidas delas, segundo Liane, é algo que a desagrada, o que a impulsiona para rumos perigosos, como a festa promovida por três solteirões ricos, que lhe pagam para que ela dance seminua. Ela fica prestes a ser estuprada, portanto. 

Trailer Internacional


Ficha Técnica
Título Original e Ano: Diamant Brut,2024. Direção e Roteiro: Agathe Riedinger. Elenco: Malou Khebizi, Idir Azougli, Andréa Bescond, Ashely Romano, Alexis Manenti, Kila Fernane, Léa Gorla, Alexandra Noisier, Antonia Buresi, Sandra Bijou,Francesaca Giromella, Guillaume Verdier. Gênero: Drama. Nacionalidade: França. Trilha Sonora Original: Priscilla Bertim. Fotografia: Audrey Ismael. Design de Produção e Direção de Arte: Astrid Tonnellier. Empresas Produtoras: Silex Films, France 2 Cinéma, Germaine Films. Distribuição: Bonfilm. Duração: 01h43min.
No papel da protagonista Liane, Malou Khebizi, também estreante em longas-metragens, entrega-se por completo à personagem, não tendo problemas em expor a própria nudez, inclusive na seqüência em que ela ousa fazer uma tatuagem em si mesma, que “fica parecendo que foi esfaqueada”, conforme atesta Dino. Liane recusa as opiniões das pessoas queridas, ansiosa para ter a resposta da agente que lhe prometera uma chance na TV. E, num artifício bem-sucedido, por parte da diretora, os comentários das publicações virtuais de Liane inundam a tela, em letras maiúsculas, indo de elogios exagerados à sugestão de que ela deve se matar! 

Ao término de uma hora e quarenta e três minutos, que é o tempo de duração desta sessão, surpreendemo-nos com o desfecho ambíguo, que pode ou não ser um final feliz para Liane, a depender de como seja apreendida a narrativa. A trilha musical é repleta de canções dançantes e a tônica videoclipesca contagia o drama da personagem, que, afinal, é uma garota como qualquer outra, por mais que se esforce para ser diferente. Não obstante não ser inventivo no que propõe, “Diamante Bruto” revela um olhar necessário sobre as configurações midiáticas no cotidiano dos indivíduos, hoje em dia: que as Lianes reais sejam felizes naquilo que almejam, desde que estejam conscientes dos prós e contras destas atividades. Conforme percebemos em diversos filmes, a fama é algo sobremaneira problemático!


SERVIÇO
Festival Varilux de Cinema Francês
De 07 a 20 de novembro
Nas salas de cinemas de 60 cidades ao redor do país
Apoio: Embaixada da França, Aliança Francesa, Câmara do Comércio França-Brasil, CCBB, UNIFRANCE.


----------------------------------------------------------

Siga Festival Varilux de Cinema Francês nas redes:
Instagram / TikTok / Facebook / Youtube / Giphy / Spotify: @variluxcinefrances
hashtag: #FestivalVarilux


Para informações sobre o festival, basta acessar: https://variluxcinefrances.com/2024/

Festival Varilux de Cinema Francês é realizado pela produtora Bonfilm e tem como patrocinadores principais a Essilor/Varilux, Pernod Ricard/Lillet, Axa, Michelin, além do Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria do Estado de Estado de Cultura e Economia Criativa, Lei Estadual de Incentivo à Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura. Outros parceiros importantes são as Alianças Francesas, a Embaixada da França no Brasil, as empresas Edenred, Air France, Fairmont (grupo Accor), além das distribuidoras dos filmes e os exibidores de cinema independente/de arte e as grandes redes de cinema comercial.

Sobre a Bonfilm

Além de distribuidora de filmes, a Bonfilm é realizadora do Festival Varilux de Cinema Francês que, nos últimos 14 anos, promoveu mais de 35 mil sessões nos cinemas em todo o Brasil e somou um público de mais de um 2 milhões de espectadores. Desde 2015, a Bonfilm organiza também o festival Ópera na Tela, evento que exibe filmes de récitas líricas em uma tenda montada ao ar livre no Rio de Janeiro, e com uma edição também em São Paulo em 2024. Visite: www.bonfilm.com.br

Escrito por Wesley Pereira de Castro

    Comentários Blogger
    Comentários Facebook

0 comments:

Postar um comentário

Pode falar. Nós retribuímos os comentários e respondemos qualquer dúvida. :)