COMPETIÇÃO NOVOS DIRETORES
Filme triste, lento e poético, com uma pitada de realismo mágico, que se passa numa das ilhas do arquipélago de Cabo Verde, Hanami, dirigido pela realizadora portuguesa Denise Fernandes, é a estória da melancólica menina Nana que, com saudade, lembra de todos que já migraram da ilha, das oportunidades perdidas, da mãe que se foi.
Primeiro longa-metragem dessa diretora, cujos pais são de Cabo Verde, mas que cresceu na Suíça, o caso de Denise exemplifica bem o que acontece com o arquipélago de Cabo Verde, antiga colônia portuguesa na África do oeste, especificamente no Oceano Atlântico. Sem trabalho, a migração acaba sendo a única opção para os cabo-verdianos. Essa situação do país, no filme, mostra um despertencimento, um padecimento da alma, uma saudade sem fim.
Nana (Daílma Mendes) é uma criança órfã de mãe viva e pai morto. Sua mãe Nia (Alice Da Luz), após ver o companheiro pescador não voltar do mar, sai do país, deixando a filhinha recém-nascida aos cuidados da família. Padecendo de depressão, a mãe perde totalmente o contato com a criança até que, muitos anos depois, a visita, querendo levá-la para morar consigo.
Créditos de Imagem: Alina Film, O Som e a Fúria, Ventura Film e RSI-Radiotelevizione Svizzera
Ficha Técnica
Título Original e Ano: Hanami, 2024. Direção: Denise Fernandes. Roteiro: Telmo Churro e Denise Fernandes. Elenco: Alice da Luz, Yuta Nakano, Daílma Mendes, Sanaya Andrade, Nha Nha Rodrigues. Gênero: Drama, Fantasia. Nacionalidade: Portugal. Suiça e Cabo Verde, .Trilha Sonora Original: Rahel Zimmermann. Fotografia: Alana Mejía González. Edição: Selin Dettwiler. Desenho de Som: Etienne Curchod. Direção de Arte: Mathé. Som: Henri Maïkoff. Empresas Produtoras: Alina Film, O Som e a Fúria, Ventura Filmm RSI-Radiotelevizione Svizzera. Duração: 96.
Mas, nesse momento da vida, Nana já está encantada pela ilha, virou uma sereia sem mar, atraída pelos mistérios de seu pedaço de chão vulcânico. Recusa-se a viajar com a mãe para molhar os pés no mar e continuar vivendo, mesmo que num eterno banzo do vazio de quem se foi, seja uma mãe, seja um possível namoradinho.
Essa saudade, tão típica das comunidades lusófonas, permeia todo o filme. Essa tristeza impregna cada cena. É um fado que, mesmo belo, canta melancolia e desolação, nessa ilha tão fantasmagórica e mágica, com seus vulcões e mares. Quase se sente o vento, cheira-se a maresia, tais as imagens e sons que são mostrados. A ilha é um personagem à parte, com seus vulcões e sua terra preta, resultado das erupções. Os habitantes negros confundem-se com sua terra e com sua aridez. A mágica do local está nas almas dos seus vivos e dos seus viajantes, dos seus apatriados, de suas casas vazias.
Entre encontros e desencontros, seres míticos, Nana e suas interações são o fiapo do roteiro, de autoria da diretora e de Telmo Churro. A estória são basicamente impressões, sonhos insulares e marítimos de um mundo que se acaba, mas que é um hanami, uma contemplação da beleza, que pode ser uma chuva de pétalas de cerejeira ou a vista dos vulcões e de sua imponência. O importante é continuar habitando a ilha e permitir que o barulho do mar e dos ventos das montanhas os enleve neste sonho de resiliência.
Vencedor dos prêmios de diretor estreante e melhor primeiro filme no Festival de Locarno 2024, o mundo do cinema mostra interesse nessa promissora diretora, que é cabo-verdiana e do mundo ao mesmo tempo. Que a poesia e o realismo mágico continuem impregnando seus próximos filmes e as estórias de suas Nanas!
Nota: 8/10.
Vinheta da Mostra
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Vencedor dos prêmios de ''Melhor Ficção'', segundo o Juri, e ''Melhor Direção de Arte'' com o Prêmio Brada para Mathé.
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