Sequências e spin-offs tomaram de assalto os cinemas, seja a nível nacional ou na hegemonica indústria estadunidense. Tanto o é, que o ranking de maiores bilheterias do ano está completamente povoado por sequências ou derivados. Mais do que um apelo à nostalgia, parece que há uma crise criativa, não das pessoas, mas dos Estúdios, que preferem a reutilização de suas propriedades intelectuais mais lucrativas para tentar garantir o sucesso. Este poderia ter sido o caso de O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim, dirigido por Kenji Kamiyama, mas, felizmente, não o é.
O Senhor dos Anéis é uma obra de J. R. R. Tolkien que, em linhas gerais, é uma espécie de bíblia para uma história de alta fantasia, é o livro que dita o formato até hoje, sendo inspiração para todos aqueles que escrevem fantasia. A obra de Tolkien foi adaptada em três filmes – A Sociedade do Anel (2001), As Duas Torres (2002) e O Retorno do Rei (2004), ambos aclamados, sendo o último um dos maiores vencedores do Oscar com 11 estatuetas. Essa propriedade intelectual não ficou parada todo esse tempo, pouco menos de 10 anos depois, também pelas mãos de Peter Jackson, foram lançados filmes baseados na obra, O Hobbit – Uma Jornada Inesperada (2012), A Desolação de Smaug (2013) e A Batalha dos Cinco Exércitos (2014), esses já não tiveram uma recepção tão calorosa da crítica e do público, em especial pelo material base ser escasso e ter sido alongado a exaustão. Por fim, recentemente, o Prime Video lançou a série O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (2022), que é o maior investimento em uma série de televisão na história, mas teve uma primeira temporada duramente criticada e uma segunda temporada morna.
Feitas as considerações acima, é inegável o impacto de O Senhor dos Anéis na cultura pop, é pouco provável que alguém não tenha trombado por um gif do Gandalf (Ian Mckellen) gritando “You Shall Not Pass”, ou um estático do Boromir (Sean Bean) dizendo “One does simply walk into mordor”. A obra já faz parte do imaginário coletivo e está enraizada, então era certo que iriam lançar novas obras desse universo, mas a escolha de fazer isso em formato de anime é um tanto quanto inusitada, o que acaba trazendo um frescor para esse universo.
Crédito de Imagens: © 2024 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.
A Comic Con no Brasil, mais conhecida como CCXP, ganhou uma pré estréia exclusiva do filme na sua ''Spoiler Night'' sendo a primeira exibição do filme para o público no mundo todo.
Dentro da mitologia da Terra-Média muitas histórias já foram citadas ou mencionadas por cima, é um universo rico e com muito potencial. Kenji escolhe contar a história de Rohan, mais de um século antes dos eventos da primeira trilogia de Peter Jackson. Rohan é um dos reinos que pertencem aos humanos, na história, acompanhamos Hera (Gaia Wise), uma jovem princesa filha do Rei Helm (Brian Cox) que tenta, a todo custo, evitar que uma guerra ecloda entre os Rohirrin (nome dos guerreiros da região).
No início do filme, vemos Hera tentando contato com as Grandes Águias, há ali o estabelecimento da personagem como alguém que se inclina ao perigo, que busca desbravar, mesmo que isso possa prejudicar ou machucá-la. A narração de Éowyn (Miranda Otto retornando ao papel) a descreve como selvagem e determinada e é o que podemos ver durante o filme. Essa escolha por colocar a narração da personagem é muito interessante porque ambas possuem raiz na região de Rohan.
As referências ao material original d’O Senhor dos Anéis estão presentes no filme, como não poderia deixar de ser, e são muito bem utilizadas, mais do que somente evocar a nostalgia por nostalgia, os elementos possuem razão de ser, pelo menos grande parte deles.
Trailer
Ficha Técnica
Titulo Original e Ano: The Lord of The Rings - The War of The Rohirrim, 2024. Direção: Kenji Kamiyama. Roteiro: Jeffrey Addiss, Will Matthews, Phoebe Gittins, Arty Papageorgiou, com argumentos de Jeffrey Addiss, Will Matthews e Philippa Boyens - baseado na obra original de J.R.R. Tolkien. Vozes originais: Brian Cox, Gaia Wise, Miranda Oto, Luca Pasqualino, Lorraine Ashbourne, Shaun Dooley, Benjamin Wainwright, Yazdan Qafouri, Billy Boyd, Christopher Lee (reuso), Dominic Monaghan. Gênero: Animação, Guerra, Aventura. Nacionalidade: Eua, Nova Zelândia, Japão.Trilha Sonora Original: Stephen Gallagher. Edição: Tsuyoshi Sadamatsu. Supervisor de Efeitos Especiais: Richard Taylor. Empresas Produtoras: New Line Cinema, Sola Entertainment, WingNut Films e Warner Bros. Animation. Distribuição: Warner Bros Pictures. Duração: 2h14min.
Após retornar para a cidade, Hera é informada que uma Reunião do Conselho de Senhores de Rohan foi convocada por Freca (Shaun Dooley), Senhor de Dulendino, para tentar casar seu filho, Wulf (Luke Pasqualino), com Hera. O acordo dá errado e Helm acaba matando Freca durante um combate corpo a corpo. Wulf tenta vingar seu pai, é exilado de Rohan e promete vingança contra o Rei Helm.
Num ataque à cidade, Wulf mata os dois irmãos de Hera, Haleth (Benjamin Wainwright) e Háma (Yazdan Qafouri), e encurrala o exército do Rei Helm, agora machucado da batalha, na Fortaleza Forte-da-Trombeta. É aqui que grandes dilemas sobre liderança, sobre a posição das mulheres nessa sociedade são colocados, muitas vezes de forma excessivamente expositiva, mas funciona com o texto simples e objetivo da história.
O objetivo do texto do filme é colocar as mulheres em evidência nesse universo, seja pela narração da Éowyn ou pela protagonista Hera, sua cuidadora Olwyn (Lorraine Ashbourne). Os dilemas das mulheres se colocam em evidência quando as personagens contam a história de um clã de mulheres de Rohan que eram exímias guerreiras e tiveram que assumir o combate quando os homens foram derrotados. Há uma rima visual e narrativa ali com a história que está sendo mostrada, assim, a narrativa se calca nela e ganha mais força.
Crédito de Imagens: © 2024 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.
A Guerra de Rohirrim é a sexta animação a ser lançada do universo Tolkin, pois ''O Hobbit'' tem adaptações de 1966, 1977 e 1991, e O Senhor dos Anéis ganhou também dois filmes do genêro (1978 e 1980).
O filme consegue capturar o espectador em diversos momentos, quando parece que ele vai esfriar, a sensação de perigo recomeça, a trilha sobre e estamos imersos novamente naquela aventura. Ajuda ter uma animação tão bem trabalhada e com muita fluidez no movimento, principalmente nas batalhas que são bem animadas.
É uma linda animação, contando uma história muito simples, mas épica, utilizando bem os elementos já estabelecidas no universo da Terra-Média, apostando numa abordagem diferente, misturando códigos de anime e contos de fada.
Devemos retornar à Terra-Média para novas histórias, não é preciso retomar essa, que teve um fechamento satisfatório e com várias referências a esse rico universo. Existem mais histórias para serem contadas que, com sorte, também serão boas.
HOJE NOS CINEMAS
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