terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Confira os lançamentos de janeiro na Reserva Imovision

Na foto, “Miss Violence”, de Alexandros Avranas


Além dos filmes de Abdehamme Sissako e Alexandros Avranas, a programação do mês inclui duas obras de Gus Van Sant, clássico da Nouvelle Vague de Agnes Varda e filme inédito no Brasil protagonizado por Nadine Labaki.


O ano de 2025 já começa especial para os amantes do cinema na Reserva Imovision, com estreias que prometem emocionar, refletir e encantar. Lançamentos do diretor Gus Van Sant, clássico de Agnès Varda e o chocante “Miss Violence” são alguns dos destaques do mês.

Recém lançado nos cinemas, “Black Tea - O Aroma do Amor”, dirigido por Abderrahmane Sissako, indicado ao Oscar com Timbuktu, apresenta a comovente história de uma jovem africana que abandona o noivo no altar para recomeçar sua vida na China. Lá, ao trabalhar em uma loja de exportação de chá, ela se apaixona por um homem chinês mais velho. O casal enfrenta preconceitos culturais e desafios do passado enquanto tenta viver seu amor. O filme fez parte da seleção oficial do Festival de Berlim de 2024. 

A plataforma recebe duas jóias de Gus Van Sant, um dos mestres do cinema independente americano. Em “Paranoid Park”, que teve sua estreia mundial no Festival de Cannes, acompanhamos a jornada de um adolescente skatista que, ao se envolver em um crime brutal, enfrenta uma odisséia moral e emocional, confrontando as consequências de suas ações. Já “Mala Noche”, que fez parte da seleção oficial do Festival de Cannes e de Berlim, explora a obsessão de um jovem de Portland um imigrante mexicano que não fala sua língua, numa narrativa intensa sobre desejo e solidão. 

Para os que buscam emoções intensas, “Miss Violence”, de Alexandros Avranas, surge como um dos filmes mais impactantes do mês. O thriller grego aborda o suicídio misterioso de Angeliki, uma menina de 11 anos, e o segredo obscuro que sua família tenta esconder enquanto insiste que sua morte foi apenas um acidente. 

Outro grande lançamento é o clássico francês do movimento Nouvelle Vague, “Cléo das 5 às 7”, da brilhante Agnès Varda. O filme retrata as horas de angústia de Cléo, uma cantora pop que passeia pelas ruas de Paris enquanto aguarda o resultado de uma biópsia. Durante esse tempo, ela conhece Antoine, um jovem militar prestes a partir.

O cinema brasileiro também marca presença com “Acqua Movie”, de Lírio Ferreira, protagonizado por Alessandra Negrini e Fernando Haddad. A obra apresenta uma jornada emocionante e visualmente rica ao narrar a história de Ciro, que após perder o pai, convence sua mãe a viajar com as cinzas do falecido para sua cidade natal. A viagem se transforma em um reencontro entre mãe e filho, enquanto eles atravessam os cenários marcantes do semiárido nordestino.

Outro destaque é “O Paraíso", de Zeno Graton, um drama sensível sobre Joe, um jovem prestes a conquistar sua liberdade após cumprir pena em um centro de reabilitação. Tudo muda com a chegada de William, um novo interno, que desperta em Joe dúvidas sobre sua escolha entre liberdade e amor, numa relação que desafia as regras do lugar onde o toque é proibido. A obra foi selecionada no Festival de Berlim.

A comédia ganha espaço com “Alberto Express”, de Arthur Joffé, uma história leve e divertida sobre um jovem italiano que, prestes a se tornar pai, precisa embarcar em uma jornada maluca para pagar as dívidas emocionais e financeiras com seu pai antes do nascimento de seu filho. Um clássico italiano, o filme fez parte da seleção oficial do Festival de Cannes. Fechando o mês, “Costa Brava, Líbano”, de Mounia Akl, apresenta o drama comovente de uma família que busca refúgio nas montanhas para escapar da poluição e da corrupção de Beirute. O filme é protagonizado por Nadine Labaki e venceu o prêmio NETPAC no Festival de Cinema de Toronto.

Complementando a programação, a Reserva Imovision apresenta a nova edição do MyFrenchFilmFestival, uma oportunidade única para mergulhar na diversidade do cinema francês contemporâneo. A seleção traz quatro longas e dez curtas-metragens, abordando temas universais e emocionantes. Os longas são: “Filha do Pai Dela”, de Erwan Le Duc, “O Homem de Argila”, de Anaïs Tellenne, “Uma Profissão Séria”, de Thomas Lilti, e “Os Aprendizes”, de Pierre Salvadori.

Confira a programação completa de janeiro abaixo:


SERVIÇO
A plataforma RESERVA IMOVISION oferece duas modalidades:
Assinatura – com acesso a todos os filmes da plataforma.
Aluguel – alugue qualquer título individualmente durante 72 horas, sem precisar ser assinante.
Também é possível assinar a Reserva Imovision através do canal disponível na Amazon Prime Video.

PREÇOS
Assinatura mensal: R$ 24,50
Assinatura semestral: R$ 124,91
Assinatura anual: R$ 211,68

COMO USAR
A RESERVA IMOVISION pode ser acessada pelo computador, por celulares e tablets com sistema operacional iOS ou Android e conta com função de espelhamento para SmartTV e Chromecast.
Também é possível acessar o aplicativo em Smart TVs com sistema Android TV (Sony, TCL, Philco, Philips); sistema Roku (AOC e Philips); dispositivos com sistema Android TV (TV Box, Mi TV Stick, Mi Box, entre outros), Roku Express e Apple TV.

SOBRE A IMOVISION
Distribuidora presente no Brasil há mais de 35 anos, a Imovision vem se consolidando como uma das maiores incentivadoras do melhor cinema, tendo lançado mais de 600 filmes no Brasil.

A distribuidora tem em seu catálogo realizações de consagrados diretores internacionais e nacionais, e filmes premiados nos mais prestigiados festivais de cinema do mundo, como Cannes, Veneza, Toronto e Berlim. Mantendo seu foco em títulos de qualidade, a Imovision foi a responsável por introduzir no Brasil cinematografias raras e movimentos internacionais expressivos, como o Movimento Dogma 95 e o cinema iraniano.

SOBRE A RESERVA IMOVISION
A RESERVA IMOVISION reúne numa só plataforma uma boa parte do catálogo da distribuidora IMOVISION, com mais de 500 filmes disponíveis, além de longas inéditos, séries e clássicos do cinema mundial. Toda semana, dois novos lançamentos são adicionais ao catálogo, com as novidades que a Imovision distribui nos cinemas todos os meses e filmes exclusivos da Reserva Imovision.

O Auto da Compadecida 2, de Guel Arraes e Flávia Lacerda


A comparação costuma ser um convite à frustração. Dadas as devidas nuances das circunstâncias da vida, criar expectativas com algo, além de tudo, é um tanto injusto com o objeto no qual as esperanças foram projetadas. Porém, se tratando de uma obra cultuada como O Auto da Compadecida, as expectativas para uma sequência são totalmente compreensíveis.

25 anos após ser revivido, o fanfarrão João Grilo (Matheus Nachtergaele) retorna a Taperoá. Para sua surpresa, o tempo que passou fora lhe concedeu fama devido às histórias fantásticas que a população ouviu de seu amigo Chicó (Selton Mello) sobre sua ressurreição. Apesar de não ter lembranças da experiência, João grilo vê uma oportunidade de tirar proveito do seu recém-descoberto título de celebridade e se envolve em intrigas entre os dois candidatos à prefeitura do município, o ganancioso Arlindo (Eduardo Sterblitch) e o poderoso Coronel Ernani (Humberto Martins), que tentam conquistar o eleitorado através da “bênção” de João. A manipulação, contudo, pode acabar colocando em risco a segunda vida da lenda local. Paralelamente a isso, Chicó lida com a volta de outra figura importante de sua vida, Rosinha (Virginia Cavendish), o grande amor que nunca conseguiu superar.

É natural o público e a crítica encararem com desconfiança uma sequência de um clássico tão celebrado como O Auto da Compadecida. Mais de duas décadas após seu lançamento ainda é um dos filmes brasileiros mais lembrados e queridos. Uma continuação tão tardia poderia sugerir uma estratégia fácil para lucrar em cima da nostalgia da dita audiência, num momento em que o cinema nacional busca estratégias para levar as pessoas às salas monopolizadas por títulos estrangeiros. Porém, considerando que a ideia de uma nova aventura protagonizada por João Grilo e Chicó foi discutida com o autor da obra, Ariano Suassuna, e aprovada por sua família após sua morte, há espaço para alguma boa vontade neste universo fantástico.

                  Crédito de Imagens: Conspirações Filmes, H20 Produções, Claro |  H20 Films - Laura Campanella
Nesta sequência, a atriz Thais Araújo troca de lugar com ninguém mais, ninguém menos que Fernanda Montenegro e vive a ''Compadecida''. Na série e no filme dos anos 2000, Montenegro viveu ''Nossa Senhora'', mas de ''Jesus'', papel que foi de Maurício Gonçalves.

O resultado agrada e garante o riso, mas carece do charme e do coração do filme original. Enquanto o clássico de Guel Arraes, remontagem de uma minissérie em formato de filme que agradou muito às plateias na época da Retomada do Cinema Brasileiro, se destaca pelo realismo de seus cenários e pela granulação de suas imagens que ressalta as texturas do sertão, a sequência aposta em cenários digitais e composições de plasticidade higienizada e propositalmente farsesca. O Auto da Compadecida 2, codireção de Arraes com Flávia Lacerda, substitui as paisagens do município paraibano de Cabaceiras, locação do primeiro filme, por um ambiente controlado em estúdio com telões de LED e ambiciosos efeitos visuais. Novas técnicas cinematográficas para um novo tempo. Os sets de arquitetura irregular e fundos digitais conferem a produção uma artificialidade que, além de destoar muito da estética do longa original, afastam O Auto 2 de uma concretude geográfica palpável. Isso não necessariamente é algo ruim, ficando clara a intenção de emular ilustrações de cordel, mas sublinha o ar teatral de personagens e situações baseados na obra de Suassuna.

O roteiro coassinado pelo trio de roteiristas do filme original, Guel Arraes, João Falcão e Adriana Falcão (e desta vez também Jorge Furtado), mistura elementos das peças de Suassuna “Auto da Compadecida” e “A Farsa da Boa Preguiça”. Contudo, trata-se de uma trama original, o que dá liberdade a narrativa de apresentar personagens novos através de um verniz de familiaridade. Não faltam alfinetadas à hipocrisia da política e a demagogia religiosa que transforma o povo em massa de manobra. Contudo, este novo episódio das aventuras de João e Chicó soa muito mais episódico, com uma estrutura de situações que por vezes lembra mais esquetes desconexas terminadas em bordão do que exatamente uma história coesa. Na falta de uma conclusão satisfatória pra uma cena, basta colocar na boca dos personagens um relato fantasioso e claramente aumentado seguido das palavras “não sei, só sei que foi assim”. Não é complexo, não é refinado, e tudo bem, porque nem precisava ser. O Auto da Compadecida é lembrado com tanto apreço pelo público brasileiro por seus personagens cativantes e sua trama ágil que brinca com religião e regionalidade sem soar desrespeitoso. Sua sequência, ainda que em menor escala, diverte de forma leve e despretensiosa. Não choca nem emociona como o filme  lançado no inicio dos anos 2000, deixando a ousadia criativa para outros aspectos, como escolhas narrativas envolvendo um novo julgamento da alma de João Grilo, reimaginada aqui de forma muito menos grandiloquente e apoteótica. Mas novos personagens, como a teatral e exotizante Clarabela (Fabiula Nascimento) e o sócio comercial de João Grilo, Antônio do Amor (o sempre excelente Luís Miranda), trazem frescor pra esta visita a Taperoá. Além disso, todo repeteco vale a pena quando temos a oportunidade de testemunhar mais da química inigualável entre Matheus Nachtergaele e Selton Mello. Autoconsciente e genuinamente engraçado, O Auto da Compadecida 2 replica acertos do filme original e diverte o público que for ao cinema de coração aberto. Sabendo que é impossível replicar o impacto e sucesso de seu antecessor, esta sequência se permite pegar leve e brincar com a familiaridade do sertão fantástico de Suassuna.

Trailer


Ficha Técnica
Tìtulo Original e Ano: O Auto da Compadecida 2, 2024Direção: Flávia Lacerda e Guel Arraes. Roteiro:  Guel Arraes e João Falcão. Colaboração de Roteiro: Adriana Falcão e Jorge Furtado. Elenco: Matheus Nachtergaele, Selton Mello, Taís Araujo, Humberto Martins, Luis Miranda, Eduardo Sterblitch, Fabiula Nascimento, Virgínia Cavendish, Enrique Diaz. Gênero: Comédia, Aventura. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora Original: João Falcão e Ricco Vianna. Direção de Fotografia: Gustavo Hadba, ABC. Direção de Arte: Yurika Yamasaki. Figurino: Emilia Duncan. Maquiagem: Rosemary Paiva. Montagem: Fabio Jordão. Diretor de Efeitos Visuais: Claudio Peralta. Som Direto: Gui Algarve. Desenho de Som e Mixagem: João Jabace. Colorista: Pedro Saboya. Produção: Guel Arraes, Edson Pimentel, Pedro Buarque de Hollanda e Sandro Rodrigues. Coprodução: Renata Brandão e Juliana Capelini. Produção Executiva: Tania Pacheco, Claudio Peralta e Carolina Jabor. Produtores Associados Matheus Nachtergaele e Selton Mello. Coprodutores Executivos: Marcos Penido, Adriana Basbaum. Gerentes Executivas: Fabiana Guzman, Jenifer Marques, Monica Zennaro e Maria Paula Carvalho. Produtora Delegada: Rose Soares. Produtores de Elenco: Alonso Zerbinato. Produção: Conspiração Filmes e H2O Produções. Patrocínio Master: Instituto Cultural Vale e Brahma. Patrocínio: Santa Helena, Itaú, TikTok, Nubank, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Emiliano. Coprodução: Claro. Apoio: RioFilme. Distribuição: H2O Films. Duração: 01h44min.
25 DE DEZEMBRO NOS CINEMAS

28ª Mostra de Cinema de Tiradentes l de 24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2025

 
"QUE CINEMA É ESSE?" É A TEMÁTICA CENTRAL DA 28ª MOSTRA TIRADENTES QUE PRESTA HOMENAGEM À ATRIZ BRUNA LINZMEYER

Evento abre o calendário audiovisual brasileiro de 2025 na cidade histórica mineira entre os dias 24 de janeiro a 1º de fevereiro. A programação é gratuita.
 
A 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes abre o calendário audiovisual de 2025, entre os dias 24 de janeiro e 1º de fevereiro transformando a cidade histórica mineira na capital do cinema brasileiro e em ponto de encontro entre cineastas, críticos, pesquisadores, profissionais do audiovisual e da cultura, acadêmicos, estudantes e espectadores. Ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil e oferece um ambiente de negócios, de gestação de parcerias profissionais, de inovação e tendências, de interação crítica no cinema. Um espaço de estímulo à novas produções e, ainda de internacionalização do cinema brasileiro.
 
São nove dias de programação gratuita e abrangente que apresenta ao público a diversidade da produção audiovisual brasileira em mais de 100 filmes em pré-estreias e mostras temáticas. Mais que exibir filmes, a Mostra Tiradentes oferece um espaço rico e generoso de formação, apreensão e discussão do cinema brasileiro, realiza a Mostrinha de Cinema, Mostra Valores, promove o 28º Seminário do Cinema Brasileiro, o 3º Fórum de Tiradentes, Rodas de Conversa, Programa de Formação, Conexão Brasil CineMundi, Performances, lançamentos de livros, exposições, shows e atrações artísticas. Destaca e premia filmes eleitos pelo Júri Oficial, Júri Jovem e Júri Popular.
 
"A Mostra Tiradentes mantém sua essência como plataforma de lançamento do cinema brasileiro contemporâneo e como espaço de inovações e inquietações na cinematografia nacional, discussões sobre as políticas públicas no audiovisual. A cada edição traz novidades com novas abordagens, sessões temáticas, revela novos talentos, provoca novas discussões e apresenta tendências. Tem uma função de destaque na construção de um panorama contemporâneo do cinema brasileiro, refletindo temas sociais, culturais e estéticos da atualidade", destaca Raquel Hallak, coordenadora geral da Mostra de Cinema de Tiradentes.
 
 
TEMÁTICA CENTRAL: QUE CINEMA É ESSE?
 
A cada edição o esforço da Mostra é mapear um conjunto variado e numeroso de filmes, práticas e ideias, conhecer e reconhecer obras dispersas e diferentes entre si que na maior parte dos casos não viria a público de outro modo que não fosse num espaço de festival. A partir de inquietações relacionadas à multiplicidade de cinemas brasileiros, a curadoria do evento adotou para 2025 a temática "Que cinema é esse?".
 
"Existe uma produção numerosa e complexa e é preciso olhar para ela, não só como exercício de contemplação da beleza, do intrigante e da singularidade, mas num esforço de ver e discutir esses filmes, o que, do ponto de vista ético, é contrair responsabilidade pelo que se vê", afirma Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial. "Não é possível construir um novo audiovisual brasileiro ignorando as experiências que já existem, muitas vezes à margem das políticas públicas e em muitos casos apartadas do mercado".
 
Tiradentes se tornou referência por programar um cinema que aposta no processo criativo, na liberdade de expressão e na imaginação de novos mundos. O desafio da temática "Que cinema é esse?" é o de indagar o ponto em que essa produção está agora. "É preciso que o cinema brasileiro se arrisque a fazer perguntas novas, se arrisque a sair do já conhecido, seja na criação dos filmes, na elaboração das políticas públicas e estruturais do setor, na eleição de nossas prioridades, na nossa própria linguagem no debate público e no forjamento das novas ideias".
 
Para o curador, a pergunta da temática estimula olhar uma multiplicidade de produções, muitas vezes desconhecidas ou fora do circuito tradicional. "O cinema não é 'o' cinema, mas 'os' cinemas, compostos por uma dinâmica povoada de olhares, práticas e ideias contrastantes. É necessário preservar e restaurar filmes, fazer pesquisa e crítica, programar obras e formar novos públicos. Tudo isso faz parte do ato de 'fazer cinema', mas é preciso também reconhecer as distinções e hierarquias dentro dessa multiplicidade", diz ele.

Filmes de 13 estados brasileiros estão na seleção de longas e curtas das três mostras competitivas; evento será realizado entre 24 de janeiro e 1o de fevereiro na cidade histórica e com programação gratuita

O Festival conta com algumas mudanças nesta edição. As mostras competitivas Olhos Livres, Aurora e Foco, que reúnem filmes com inovações de linguagem e modos de produção, passam por alterações com objetivo de retomar algumas de suas premissas originais e manter a produção de vanguarda como grande destaque no evento.

Mostra Olhos Livres passa a ser avaliada pelo Júri Oficial enquanto a Mostra Aurora será avaliada pelo Júri Jovem com sessões no fim da tarde. Além disso, a Aurora agora passa a contar com filmes exclusivamente de cineastas em seu primeiro longa-metragem. A decisão reflete mudanças observadas no panorama do cinema independente ao longo dos últimos anos. “Quando a Aurora foi criada pelo curador Cléber Eduardo em 2008, o cenário da produção independente, de baixo ou baixíssimo orçamento, ainda estava se consolidando e buscava identidades. Com o tempo, esse campo ganhou forma e maturidade e modificou as trajetórias de seus realizadores”, explica Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial da Mostra de Tiradentes. 

A Olhos Livres tem se destacado nos últimos anos a exibir filmes que resgatam o espírito original da Aurora, quando a proposta era desbravar novos caminhos na produção autoral. “Muitos desses filmes surgem à revelia das dificuldades econômicas enfrentadas pelo cinema brasileiro e adaptam-se às circunstâncias disponíveis. O cenário revela uma geração de realizadores que muitas vezes iniciaram suas trajetórias há dez anos ou mais e hoje já estão em seus terceiros, quartos ou até sextos longas-metragens. Apesar de se firmarem como jovens veteranos, continuam a apostar na radicalidade inventiva que marca suas obras”, segue o curador.  

Os filmes selecionados para a Olhos Livres em 2025 são “Prédio Vazio” (ES), de Rodrigo Aragão; “A Primavera” (PE), de Daniel Aragão e Sergio Bivar; “Deuses da Peste” (SP/MG), de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado; “O Mundo dos Mortos” (RJ), de Pedro Tavares; “As Muitas Mortes de Antônio Parreiras” (RJ e CE), de Lucas Parente; “A Vida Secreta de Meus Três Homens” (PE), de Letícia Simões; e “Batguano Returns – Roben na estrada” (PB), de Tavinho Teixeira. 

No caso da Aurora, até 2024 a regra permitia a inscrição de até um terceiro longa-metragem de um mesmo realizador, com intenção de acompanhar o desenvolvimento e a evolução de novos autores. “Atualmente, esses realizadores, após o lançamento do primeiro longa, já ganham visibilidade e passam a circular em outros festivais, atingindo notoriedade muito mais rapidamente. Ao chegarem ao segundo ou terceiro trabalho, muitos têm carreiras em andamento e isso tornou necessário repensar os critérios da Aurora para valorizar a ideia de estreia e de novidade”, completa Francis. 

Os selecionados para esta primeira edição da nova fase da Aurora são “Margeado” (ES), de Diego Zon; “Um Minuto é uma Eternidade para Quem está Sofrendo” (SE), de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro; “Nem Deus é tão Justo quanto seus Jeans” (SP), de Sergio Silva; “Kickflip” (SP), de Lucca Filippin; “Cartografia das Ondas” (RJ), de Heloisa Machado; e  “Resumo da Ópera” (CE), de Honório Félix e Breno de Lacerda. 

A Foco, dedicada a curtas-metragens, mantém o perfil da pluralidade e radicalidade. “Estamos sempre atentos à emergência de expressões sofisticadas de quem está começando pelo curta ou de cineastas experientes que continuam explorando o formato como meio de experimentação e refinamento”, exalta Francis Vogner. Os curtas da Foco este ano são “Não me Abandone” (SP), de Gabriel Vieira de Mello; “Entre Corpos” (AL), de Mayra Costa; “Osmo” (DF), de Pablo Gonçalo; “Estrela Brava” (RJ), de Jorge Polo; “Memórias Despejadas (ou A Enchente Levou Tudo, E Encontraram A Luta)”, de Juliana Koetz (RS); “Trabalho de Amor Perdido” (SP), de Vinícius Romero; “Ver Céu no Chão” (CE e RJ), de Isabel Veiga; “Tamagotchi_balé” (RJ), de Anna Costa e Silva; “Sem Título # 9: Nem Todas as Flores da Falta” (SP), de Carlos Adriano; “HEYARI: Espalhar Fumaça para Fazer Adoecer Colocando Feitiço no Fogo” (SC), de Daniel Velasco Leão; “Jamais Visto” (MG), de Natália Reis; “O Mediador” (BA), de Marcus Curvelo; e “Marmita” (SP), de Guilherme Peraro. 

As três seções competitivas em Tiradentes, embora distintas em seus recortes, dialogam entre si por meio da imaginação criativa e da busca por formas de expressão que surpreendam o público. Para Francis Vogner, o momento atual do cinema brasileiro é propício tanto a essa diversidade quanto à valorização de propostas fora do convencional. “Se em algum momento o novo estava associado apenas ao jovem, hoje entendemos que ele atravessa gerações. Temos esse ano realizadores estreando nos anos 2020 e outros que iniciaram suas trajetórias nos anos 1960, todos movidos pela inquietação e pela vontade de criar algo fora do comum”, reflete. 

As mostras Olhos Livres e Foco são avaliadas pelo Júri Oficial, que escolhe o melhor filme e alguns outros prêmios especiais. Em 2025 os integrantes são Carlos Francisco (MG), ator; Cíntia Gil (Portugal), programadora; Ivo Lopes Araujo (CE), cineasta; Juçara Marçal (SP), cantora e compositora; e Rita Vênus (PE), crítica e curadora. 

Já a Mostra Aurora terá o Júri Jovem, formado por estudantes selecionados numa oficina de crítica de cinema e composto por Clara Prado (SP), Letras, USP; Duds Tuts (MG), Cinema e Audiovisual, PUC Minas; Giulia Belmonte (RS), Cinema e Audiovisual, UFPel; Otávio Osaki (SP), Comunicação Social – Midialogia, Unicamp; e Sofia Carlos (RN), Comunicação Social – Audiovisual, UFRN.
CONFIRA OS FILMES SELECIONADOS: 
MOSTRA OLHOS LIVRES
“A Primavera” (PE), de Daniel Aragão & Sergio Bivar
“As Muitas Mortes de Antônio Parreiras” (RJ e CE), de Lucas Parente
“Batguano Returns – Roben na estrada” (PB), de Tavinho Teixeira
“Deuses da Peste” (SP/MG), de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado
“O Mundo dos Mortos” (RJ), de Pedro Tavares
“Prédio Vazio” (ES), de Rodrigo Aragão
“A Vida Secreta de Meus Três Homens” (PE), de Letícia Simões
MOSTRA AURORA
“Cartografia das ondas” (RJ), de Heloisa Machado
“Kickflip” (SP), de Lucca Filippin
“Margeado” (ES), de Diego Zon
“nem deus é tão justo quanto seus jeans” (SP), de Sergio Silva
“Resumo da Ópera” (CE), de Honório Félix e Breno de Lacerda
“Um Minuto é uma Eternidade para Quem está Sofrendo” (SE), de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro
MOSTRA FOCO
“Entre Corpos” (AL), de Mayra Costa
“Estrela Brava” (RJ), de Jorge Polo
“HEYARI: espalhar fumaça para fazer adoecer colocando feitiço no fogo” (SC), de Daniel Velasco Leão
“Jamais Visto” (MG), de Natália Reis
“Marmita” (SP), de Guilherme Peraro
“Memórias Despejadas (ou A Enchente Levou Tudo, E Encontraram A Luta)”, de Juliana Koetz (RS)
“Não Me Abandone” (SP), de Gabriel Vieira de Mello
“O Mediador” (BA), de Marcus Curvelo
“Osmo” (DF), de Pablo Gonçalo
“Sem Título # 9: Nem Todas as Flores da Falta” (SP), de Carlos Adriano
“Tamagotchi_balé” (RJ), de Anna Costa e Silva 
“Trabalho de Amor Perdido” (SP), de Vinícius Romero
“Ver Céu no Chão” (CE e RJ), de Isabel Veiga
 
 
HOMENAGEM À ATRIZ BRUNA LINZMEYER

                                                                                       Crédito: Clara Cosentino / Universo Produção

Em 2024, a atriz Bruna Linzmeyer estrelou os longas ''Baby'', de Marcelo Caetano, ''Cidade; Campo'', de Juliana Rojas, e o curta ''Se Eu Tô Aqui É Por Mistério'', de Clarissa Ribeiro.


Em 2025, a Mostra homenageia a atriz Bruna Linzmeyer, um dos nomes mais representativos de sua geração. Com uma carreira marcada pela coragem e versatilidade, Bruna transita entre o cinema independente e produções televisivas de grande alcance. Nascida em Santa Catarina, começou sua trajetória artística aos 16 anos, quando se mudou para São Paulo para estudar teatro. Estreou na televisão em 2010, na série "Afinal, o que Querem as Mulheres?", de Luiz Fernando Carvalho, e acumula papéis marcantes em novelas como "Gabriela" (2012), "Amor à Vida" (2013) e "Pantanal" (2022).
 
No cinema, Bruna tem uma filmografia significativa, com filmes como "Medusa" (2023), de Anita Rocha da Silveira, e "Cidade; Campo" (2024), de Juliana Rojas. Para além dos longas, a sua filmografia chama a atenção por uma substantiva presença de filmes de curta-metragem, coisa rara para uma atriz já consagrada. Ela atuou em "Alfazema", de Sabrina Fidalgo (2019), "Uma Paciência Selvagem me Trouxe Até Aqui", de Eri Sarmet (2021, melhor curta da Mostra Foco da 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes) e "Se Eu Tô aqui é Por Mistério", de Clari Ribeiro (2024, selecionado para a Mostra na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes).
 
A homenagem a Bruna Linzmeyer celebra não apenas sua trajetória como atriz, mas também o engajamento com um cinema inventivo, poético e provocador. "Ela não só é uma atriz talentosa, mas uma mulher de seu tempo, que se vincula às lutas e à criação de uma arte do prazer e da rebeldia", diz Francis Vogner dos Reis. "Artista de coragem e escolhas assertivas, Bruna soma carisma rebelde, uma fotogenia rara e um talento mutante a cada projeto que faz".
 
Além da presença de Bruna Linzmeyer, a Mostra vai promover um recorte de títulos com a atriz para ser exibido ao longo do evento em formato presencial e na plataforma online. Dentre os títulos, estão: "O Vento Frio que a Chuva Traz", Neville d'Almeida; "Baby" (2024), Marcelo Caetano; "Uma Paciência Selvagem me Trouxe até Aqui" (2021), Eri Sarmet; "Se Eu to Aqui é por Mistério" (2024), Clari Ribeiro; e "Alfazema" (2019), Sabrina Fidalgo.
 
 
SOBRE A MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
PLATAFORMA DE LANÇAMENTO DO CINEMA BRASILEIRO
 
Maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país e chega a sua 28ª edição de 24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2025, em formato online e presencial. Apresenta, exibe e debate, em edições anuais, o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias mundiais e nacionais – uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.

O evento exibe mais de filmes brasileiros em pré-estreias nacionais e mostras temáticas, presta homenagem a personalidades do audiovisual, promove seminário, debates, a série Encontro com os filmes, oficinas, Mostrinha de Cinema, Fórum de Tiradentes, Conexão Brasil CineMundi e atrações artísticas. Toda a programação é gratuita. Mais informações www.mostratiradentes.com.br

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SERVIÇO
28a MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES | 24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2025 | PROGRAMAÇÃO GRATUITA
LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA
Patrocínio: CBMM, ITAÚ, EMBRATUR
Parceria Cultural e Educacional: INSTITUTO UNIVERSO CULTURAL, CASA DA MOSTRA
Apoio: PREFEITURA DE TIRADENTES
Idealização e realização: UNIVERSO PRODUÇÃO
MINISTÉRIO DA CULTURA - GOVERNO FEDERAL| UNIÃO E RECONSTRUÇÃO