quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Ameaça no Ar, de Mel Gibson


Nove anos depois de “Até o Último Homem” (2016), Mel Gibson mira sua câmera para os céus no thriller “Ameaça no Ar”, com Mark Wahlberg (Uma Prova de Coragem, 2024). Michelle Dockery (Downton abbey II, Uma Nova Era, 2022) e Topher Grace (Uma Noite Mais Que Louca, 2011).

No filme, Winston, personagem de Grace, é capturado pela Agente Harris, interpretada por Dockery. Ele foi o contador de um importante chefe do crime e se dispõe a fazer uma espécie de delação premiada. Para isso, eles entram em um avião, pilotado por Daryl Booth, personagem de Mark. A questão é que Daryl é um criminoso que foi contratado para matar Winston antes que eles cheguem ao destino final.

A simplicidade da premissa também se reflete na simplicidade com que o diretor pensa os planos e, mais ainda, como a história é contada. O filme parece indeciso em qual linha deseja seguir. Se é um thriller de suspense, um longa de ação, uma comédia, ou, ainda, um drama. É evidente que o gênero de uma produção não a impede de navegar por outros espaços, mas aqui o filme soa indeciso e não apenas experimentativo.

O material de divulgação foca no nome de Wahlberg, porém o ator é mal aproveitado em tela, com um vilão pisicopata caricato, que não consegue se apresentar como uma ameaça real durante boa parte do enredo. É como se o personagem fizesse malabarismos na frente do espectador, escondendo não o baixo orçamento de dez milhões de dólares, mas ideias que ficaram pela metade e que o diretor não consegue transformar em imagens cativantes.

                                        Crédito de Imagens: Cortesia da Lionsgate / Divulgação - Paris Filmes
A produção levou apenas 22 dias para ser rodada 

A Agente Harris e Winston conseguem boa trocas no decorrer da jornada, os personagens são também caricatos, a agente durona que está voltando para a ação depois de um tempo na geladeira e o criminoso engraçado que agora deseja fazer o certo; mas os atores conseguem, em alguns momentos, produzir interesse.

Como o filme se propõe a ser também uma espécie de comédia, é interessante pontuar que nem todos as piadas funcionam, mas quando funcionam são boas, em geral vindo do personagem do astro da série ''That 70's Show'', Grace. O que é mais difícil de levar a sério no filme é o seu drama, mal construído e clichê, pois a necessidade de dar um pano de fundo para a personagem de Dockery é feita de qualquer maneira.
Trailer



Ficha Técnica
Título Original e Ano: Flight Risk, 2025. Direção: Mel Gibson. Roteiro: Jared Rosenberg. Elenco: Michelle Dockery, Mark Wahlberg, Leah Remini,  Topher Grace, Monib Abhat, Paul Ben-Victor, Maaz Ali, Eilise Patton, Senor Pablo, Savanah Joeckel. Gênero: Ação, Drama, Crime, Thriller. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Antonio Pinto. Fotografia: Johnny Derango. Edição: Nikolai Nikolov e Ian J. Anderson. Design de Produção: David Meyer. Figurino: Kristen Kopp. Empresas Produtoras: Hammerstone Studios, Davis Entertainment, Icon Productions, Media Capital Technologies.Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h31min.

Porém, a parte do thriller é bem decente, na ideia de colocar três personagens no avião e somente aquele espaço importar, apenas o que eles têm acesso, ou ainda o que eles conseguem ver da janela existe. A comunicação de Harris com outras pessoas sempre nos deixa em dúvida sobre a veracidade do que está acontecendo em terra, se os personagens estão agindo da forma com que falam, ou se estão armando alguma armadilha. O filme consegue construir essa tensão muito bem em dois momentos distintos e o ambiente reduzido, aliado a planos fechados e close-ups ajudam a elevar a sensação de apreensão.

Resta, então, uma experiência frustrante, uma película que não consegue se decidir em que rumo seguir e vai se transformando numa salada de gêneros que, ao adicionar tantos elementos, acaba não tendo muito sabor. É contraproducente pensar no que o filme poderia ter sido, mas fica a impressão de que faltou polimento, as peças estavam lá, Gibson só não soube mexê-las.

Avaliação: Dois voos atrasados e meio (2,5/5)

HOJE NOS CINEMAS

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