Lobisomem, título nacional de Wolf Man, novo longa de Leigh Whannell (O Homem Invisível, 2020), estrelado por Julia Garner (A Assistente, 2019) e Christopher Abbott (Pobres Criaturas, 2023), tem dois momentos diferentes, o primeiro, focado no drama, que não funciona; e o segundo, focado no horror, que funciona muito.
O filme se inicia com a infância de Blake, personagem de Abbott. A relação dele com o pai é difícil, pois o parente é um homem truculento, violento e irritadiço, mas que não poupa esforços para protegê-lo, o que se torna uma obsessão. O enredo vai tratando de trauma geracional dessa forma, Blake tenta proteger a filha do que viveu na infância, construindo um ambiente seguro, estável. Em determinado momento, o personagem diz algo como “Os pais tentam proteger os filhos de traumas, mas acabam eles mesmos sendo os causadores destes”. Essa frase não poderia estar mais acertada.
O casamento de Blake e Charlotte vai mal, eles estão distantes, brigam ocasionalmente, perderam a chama. Até que uma carta chega na casa deles, informando que o pai dele, que há muito estava sumido nas florestas de Oregon, foi declarado morto. A família então se dirige até a antiga casa do falecido.
Trailer
Ficha Técnica
Título Original e Ano: Wolf Man, 2025. Direção: Leigh Whannell. Roteiro: Leigh Whannell e Cobett Tuck. Elenco: Julia Garner, Christopher Abbott, Matilda Firth, Sam Jaeger, Benedict Hardie, Ben Prendergast, Milo Cawthorne, Zac Chandler, Beatriz Romilly. Gênero: Terror. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Benjamin Wallfisch. Fotografia: Stefan Duscio. Edição: Andy Canny. Design de Produção: Ruby Mathers. Supervisão de direção de arte: Melissa Spicer. Figurino: Sarah Voon. Empresas Produtoras: Universal Pictures, Blumhouse Productions, Cloak & Co.. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 01h43min.
O primeiro ato do filme é deveras lânguido. A ligação entre os personagens não é criada a contento, o drama não envolve, as atuações parecem desconexas com o roteiro, em especial a de Matilda Firth, que interpreta a filha do casal, Ginger. São linhas de texto clichês e cenas filmadas de qualquer jeito. Mas a segunda parte compensa. Quando a família chega numa encruzilhada, encontram o filho de um conhecido de seu pai, que se oferece para levá-los até a casa dele, mas relembra a Blake de que a noite é um período perigoso para se andar. Até esse momento, havíamos presenciado a criatura por vislumbres. O diretor, inclusive, aposta em não sustos o tempo todo. Ao invés de somente utilizar jump scares, ele decide mostrar a ameaça sem enfoque, ela está presente na composição, mas num segundo ou terceiro plano. É uma forma bem competente de construir tensão.
O veículo da família cai numa ribanceira, após Blake desviar da criatura. Eles fogem para a casa do pai do protagonista e ficam sitiados lá, porém, Blake foi machucado pela criatura e começa a sentir os efeitos da infecção. O jogo de gato e rato que o diretor constrói é eficaz na maior parte do tempo. A tensão criada fica alta nos momentos certas e em banho-maria quando convém, ele consegue manter um ritmo bom para o filme, mesmo com algumas voltas narrativas que não levam a nada.
Crédito de imagens: © 2025 Universal Studios. All Rights Reserved.
O filme é um remake do longa dirigido por George Waggner ''O Lobisomen'' (1941) e faria parte do ''Monsterverso'' da Universal Pictures, mas as ações foram canceladas devido ao fracasso do primeiro lançamento ''A Múmia'' (2020)
É divertido quando se põe nos trilhos do horror, apostando numa encenação mais realista, atualizando esse monstro tão relevante para a cultura pop, com atuações medianas, mesmo a fantástica Julia Garner, que está cotada para interpretar Madonna em sua possível cinebiografia, efeitos práticos bem produzidos e uma frontalidade pelo grotesco da transformação que hipnotiza.
Há uma mensagem muito forte sobre trauma geracional, sobre como o pai de Blake marcou o filho e como, mesmo ele tentando não o fazer, acaba também marcando sua filha. Como se põe fim a um trauma? O filme não apresenta respostas, obviamente, mas fornece perguntas e isso já é o suficiente. Uma pena não conseguir atingir todas as notas que se propõe.
Avaliação: Duas mordidas contaminadas e meia (2,5/5)
HOJE NOS CINEMAS
1 comments:
ainda não assisti o filme, mas acho interessante como estão trazendo os temas dos lobisomens e vampiros de volta pras telinhas
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