Bridget Jones: Louca Pelo Garoto

 
Acompanhar Bridget Jones ao longo da vida é deveras satisfatório. Para além da narrativa ''felizes para sempre'' que muitas comédias românticas seguem, é bonito continuar assistindo, ou até mesmo lendo (a personagem surgiu de uma adaptação dos livros de Helen Fielding) as aventuras desta inglesa fora do padrão, interpretada pela atriz indicada ao Oscar Renée Zellweger. E com Bridget Jones: Louca Pelo Garoto, filme dirigido por Michael Morris, que estreia nesta quinta-feira (13), o espectador não só assistirá seus devaneios românticos como irá além das peripécias da solteirona de trinta e tantos e será surpreendido com a jornada de uma mulher mais velha no protagonismo de sua própria vida. 
 
Não é surpresa para ninguém que o personagem de Colin Firth, o adorado advogado de direitos humanos Mark Darcy, esteja morto neste novo longa e que nós damos de cara com uma Bridget viúva, descabelada e despreparada para lidar com o luto dela e dos dois filhos. E não pela primeira vez, o público possa vir a ficar chateado com tal escolha narrativa, já que o livro de mesmo título, lançado no Brasil em 2013 pela Cia das Letras, também foi muito criticado pelos fãs. 

E ainda que a falta de Darcy seja algo palpável no longa, justamente pelo luto dos personagens e pelo apego que todos temos à ele, o filme consegue nos fazer lidar com esse sentimento e seguir, quase que de mãos dadas com a Bridget, rumo a uma vida pós-Darcy. Porque continuar é preciso. E é lindo assistir a uma mulher 50+ lidando com seus sentimentos, desejos, medos, inseguranças, tristezas e alegrias. Isso tudo enquanto ainda enfrenta o sentimento de culpa por se sentir uma péssima mãe.


Trailer 
 
Ficha Técnica
 
  • Titulo Original e Ano: Bridget Jones: Mad About The Boy, 2025. DireçãoMichael Morris. Roteiro: Helen Fielding, Dan Mazer, Abi Morgan e baseado no livro homônimo de Helen Fielding. Elenco: Renée Zellweger, Mila Jankovic, Casper Knopf , Elena Rivers, Hugh Grant, Colin Firth, Sally Phillips, Neil Edmond, Dolly Wells, Mark Lingwood, Anat Dychtwald, Penny Stuttaford, Emma Thompson, Isla Fisher, Jim Broadbent, Chiwetel Ejiofor. Gênero: Comédia Romântica, adaptação. Nacionalidade: Reino Unido, França, EUA. Trilha Sonora Original: Dustin O'Halloran. Fotografia: Suzie Lavelle . Edição: Mark Day. Design de Produção: Kave Quinn. Direção de Arte: Andrea Matheson k. Figurino: Molly Emma Rowe. Empresas Produtoras: Universal Pictures, StudioCanal, Miramax, Working Title Filmes. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 02h04min.

Na comédia romântica, a audiência é introduzida a nova dinâmica de amizade e um certo companheirismo entre ela e Daniel Cleaver, interpretado por Hugh Grant. O homem está charmoso como sempre e nesta obra atua como uma espécie de tio/babá dos filhos de Bridget (quem diria?). Aliás, é interessante pensar como até os mais lixos dos personagens fictícios desse universo, conseguem nos conquistar com tanto carisma. Cria-se certo apreço pela forma em que os homens são construídos nessas obras, quase que como figuras que estão ali para servir e para agregar a história da mulher e não o contrário. E mesmo nos piores momentos em que estão competindo entre si ou quando são babacas, consegui-se vislumbrar uma espécie de vulnerabilidade que é desenvolvida de maneira saudável. Por isso, personagens como Mark são tão impactantes, mas até mesmo Daniel tem o seu apelo. Não esquecendo, claro, que todos eles bebem da forte de 'homens literários' e que são de criação de Jane Austen na obra ''Orgulho & Preconceito''.

Mas voltemos ao que interessa: ver Bridget Jones se descobrir é lindo. E não é exatamente sobre sua descoberta de trinta e tantos, mas do seu envelhecimento. Assim, esta mulher de cinquenta anos tem dentro de si uma vontade de ser algo a mais e continuar caminhando. No alto de todos os constrangimentos (foram muitos) e todas as lições que ela aprendeu, saber que ainda há mais vida para se viver, é acalentador. É um convite para todas as mulheres e meninas, para que não se sintam sós enquanto crescem e enquanto envelhecem. Porque assistir Bridget passar por mais algumas situações vergonhosas, enquanto vive outros amores, volta a trabalhar e se sente viva o suficiente para cometer novos erros, traz a consciência de que é sempre tempo de abraçar o caos da vida.
 
                                                           Crédito de imagens: © 2025 Universal Studios. All Rights Reserved.
 ''O Diário de Bridget Jones'' foi lançado em 2001 e a heroína dos atrapalhados retornou ao cinema para continuações em 2004 e 2016. 

 A nova produção presta uma homenagem aos filmes anteriores, podemos ver alguns figurinos clássicos da Bridget como a “calçola sexy” e a blusa transparente, e principalmente, temos a surpresa de ver o amado e inesquecível suéter de natal do Darcy, que neste filme é usado pelo filho em uma festa de ano novo. Mas o longa também repete situações constrangedoras, as ressignificando e mostrando que a mulher sempre vai ser questionada e invalidada. Em uma cena no início do longa, temos Bridget na mesa de jantar com parentes e amigos que estão reunidos na data em que marca quatro anos da morte de Mark. Ela é quase um espelho de outro jantar em que Bridget esteve no primeiro filme. Se no primeiro ela foi julgada por ser uma solteirona, neste jantar os demais debatem abertamente sobre o fato dela ser uma mulher mais velha e viúva. Sempre uma inquisição desnecessária. E enquanto todos à sua volta lhe dão conselhos contraditórios sobre como ela deve “superar” o luto, Bridget se sente presa a essa dor.

Mas é então que ela aos poucos vai encontrando dentro de si, a força de vontade para começar de novo. Como uma assídua consumidora de filmes de romance, devo dizer que meu medo maior com Louca Pelo Garoto, era relacionado a trope narrativa de Mulher Mais Velha x Homem Mais Novo. Mas novamente, a saga da Bridget soube entregar tudo na medida certa. Bridget se envolve com Roxster “Roxby” Mcduff (Leo Woodall), um homem de 29 anos que pode ser descrito como o cara perfeito. Ele faz uma conta em um aplicativo de namoro só para chamar a atenção da nossa protagonista. 
 
A presença de Roxster (Leo Woodall) na história, seja para representar a redescoberta sexual de Bridget, que achava não ser mais interessante e também não sabia se se interessaria por alguém novamente. As cenas de intimidade dos dois são sensuais, charmosas e engraçadas. Inclusive, Roxster nos presenteia com mais uma típica cena de homem bonito molhado, só que dessa vez, em um ato heroico, ao pular na piscina para salvar um cachorro. Assim, a saga não deixa morrer, a tradição que começou com o personagem de Hugh Grant caindo no lago no longa de 2001 que se conecta a cena de Colin Firth na série adaptada do Clássico de Austen.

Enquanto ela vive a paixão avassaladora com Roxster, ela também lida com dilemas domésticos e do trabalho. Além de passar por inúmeras situações com a escola dos filhos, tendo que interagir com pais e mães arrogantes, uma babá perfeita e com o professor Scott Walliker (Chiwetel Ejiofor). Ele é um pouco brusco e insensível a princípio, mas a declaração de amor que ele faz para Bridget, faz o coração ficar quentinho. Salpicando o filme com a torcida para ver uma mulher doida como a Bridget ser desejada e admirada.

Com Scott, ou o senhor Walliker, como ele é chamado, temos uma visão do dia a dia na escola de Billy, o filho mais velho de Mark e Bridget. Ele sente uma falta imensa do pai e um medo maior ainda de o esquecer. Mas o professor, mesmo que sem tato para lidar com emoções alheias e se mostrando mais racional no começo, vai o ajudar a entender que a memória de Darcy vai estar sempre com ele e com a irmã. Por consequência disso, Bridget vai se desprender do medo e perceber que ela e os filhos podem ser felizes, apesar da grande perda que tiveram.

E enquanto Billy é quase que o mini Darcy em questão de personalidade, a Mabel, filha mais nova, é esquisita, desastrada e adorável, tal qual a mãe. Toda a trajetória do filme não dispensa o fato de Bridget ser mãe de dois filhos. Mas o longa embarca na jornada dessa mulher e viúva, se encontrando, voltando ao trabalho, sendo ela mesma, se apaixonando e fazendo as pessoas ao seu redor se apaixonarem também.
 
                                                           Crédito de imagens: © 2025 Universal Studios. All Rights Reserved.
O filme estreou ontem na França, Islândia, Filipinas e Tailândia, mas chega ao Brasil no mesmo dia que o Reino Unido, Argentina, Colômbia, Dinamarca e diversos outros países

Michael Morris tem no perfil direção de séries como ''Better Caul Saul, Shamelless e Preacher''. Aqui pula o barco dos gêneros que já trabalhou e consegue manter bem o ritmo trazendo boas referencias aos trabalhos dos diretores anteriores.O roteiro do filme é engraçado, sagaz e também trata de temas delicados como o luto, de uma forma acolhedora e delicada, e foi assinado pela autora dos livros Helen Fielding, em conjunto com Dan Mazer e Abi Morgan. Os produtores de todos os anteriores, Tim Bevan e Eric Fellner, retornaram para o longa, desta vez ao lado de Jo Wallett, que produziu o filme 'Catarina, a Menina Chamada Passarinha'. 
 
No final, é bom ver uma franquia sobre uma mulher apaixonada e apaixonante, no meio de incontáveis franquias de homens invencíveis com sagas que passam de dez filmes. Precisamos crescer e envelhecer com a Bridget Jones! A premiére mundial deste longa, que aconteceu no dia 30 de janeiro, inclusive, teve presença das atrizes brasileiras Ingrid Guimarães e Mônica Martelli, que representam as mulheres românticas das franquias nacionais que tanto amamos e que a Bridget iria adorar conhecer.  
 
HOJE NOS CINEMAS 

Escrito por Amanda Karolyne

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