Capitão América: Admirável Mundo Novo


Captain America: Brave New World, título original do mais recente filme do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), dirigido por Julius Onah (The Cloverfield Paradox, 2018), chega em um verdadeiro novo mundo, tanto para o UCM, quanto para a Marvel.

A Marvel vem de altos e baixos, Deadpool & Wolverine (Shawn Levy, 2024) foi um enorme sucesso, muito por conta da mercantilização da nostalgia que o filme se propunha, mas o novo filme do Capitão América, que ganha o subtítulo de: Admirável Mundo Novo'', não tem isso ao seu favor. Pelo menos não num primeiro momento.

Sam Wilson (Anthony Mackie) é agora o Capitão América, depois de ter recebido o escudo de Steve Rogers (Chris Evans), ele lutou pelo manto na série ''Falcão e o Soldado Invernal'', dirigida por Kari Skogland (2021) e se firmou como o herói que usa as cores da bandeira dos Estados Unidos da América. Junto de Joaquin Torres (Danny Ramires), o novo Falcão, Sam participa de missões e responde, em certo nível, ao Presidente dos EUA, Thaddeus ‘Thunderbolt’ Ross (Harrisson Ford).

O filme se inicia com uma montagem claramente inspirada em thrillers de espionagem, há um cuidado com a tensão, o Presidente Ross faz seu discurso após a eleição, ele prega a união, do povo e dos povos ao redor do globo. Há uma agitação do personagem, um nervosismo enquanto ele toma alguns comprimidos que serão explicados mais tarde. Ver a construção desse panorama para trabalhar o recorte do UCM mais centrado, mais puxado para a trama política, é sempre divertido.

Sam, Joaquin e Isaiah Bradley (Carl Lumbly), um super soldado que foi usado pelo governo estadunidense como cobaia, são convidados para uma festa na Casa Branca, depois de uma missão acabar bem, mas sem uma resolução completa. Nessa festa, o Presidente Ross tem uma conversa particular com Sam e pede que ele reconstrua Os Vingadores. Sam se vê surpreso e se mostra reticente com o pedido, se perguntando o que significam ver o grupo de heróis reunido nesse novo mundo.

Trailer



Ficha Técnica

Título Original e Ano: Capitain America: Brave New World, 2025. Direção: Julius Onah. Roteiro: Julius Onah, Peter Glanz, Dalan Musson, Rob Edwards, Malcom Spellman, com argumentos de Malcolm Spellman e Rob Edwards e Dalan Musson baseado no personagem criado por Jack Kirby e Joe Simon Elenco: Anthony Mackie, Harrison Ford, Danny Ramirez, Shira Haas, Carl Lumbly, Giancarlo Esposito, Tim Blake Nelson, Xosha Roquemore, Jóhannes Haukur Jóhannesson, Takehiro Hira, Harsh Nayyar, Rick Espaillat, Liv Tyler, Sebastian Stan. Gênero: Ação, Thriller. Nacionalidade: EUA . Trilha Sonora Original: Laura Karpman. Fotografia: Kramer Morgenthau. Edição: Madeleine Gavin e Matthew Schmidt. Direção de Arte: Alan Hook. Figurino: Gersha Phillips. Design de Produção: Ramsey Avery. Empresas Produtoras: Marvel Studios. Distribuição: Walt Disney Studios. Duração: 02h07min.


Ross pede que ele reflita e parte para o evento, onde anuncia as tratativas de um acordo a nível internacional para exploração do Celestial, que surgiu no Oceano Índico, para quem não acompanhou, o acontecimento se dá durante a jornada de Os Eternos (Chloé Zhao, 2021), e estava esquecido na sala de roteiro até agora. Enquanto explicava o acordo e como a liga metálica adamantium foi descoberta no corpo do Celestial, o Presidente Ross é atacado por Isaiah e outras pessoas presentes.

Isaiah foge, mas é capturado, mas parece não se lembrar do que acabou de fazer. A partir daí, Sam inicia uma investigação sobre o porquê do mentor ter agido daquela forma, enquanto a Chefe de Segurança da Casa Branca, Ruth Bat-Seraph (Shira Haas), inicia outra. Há uma luta por narrativa, o Presidente Ross parece saber a verdade, mas busca se manter alheio a isso para que não respingue nele.

A situação escalona com um conflito plantado pelo vilão, Samuel Sterns (Tim Blake Nelson), o acordo parece não ser uma possibilidade e uma Guerra se avizinha. O vilão trabalha com estatísticas e parece prever cada movimento de Sam e do Presidente Ross. Para um arqui-inimigo que parece ter tudo calculado, Sam precisa lutar contra as probabilidades antes que o mundo entre em guerra.

                                                 Crédito de Imagens: © 2024 MARVEL.
O MCU se encontra aqui quando traz à tona personagens conhecidos em ''O Incrível Hulk'' (Louis Leterrier, 2008)


A relação entre Sam e Joaquin é bem construída, há um movimento da Marvel em direção a renovar seus heróis, talvez apresentar algo como ''Jovens Vingadores'', mas isso é conjectura pessoal apenas. Mackie é um bom ator e seu carisma segura muitos momentos que poderiam ser ruims pelo texto super expositivo. É bom tê-lo em cena, mas o roteiro parece retornar muito o que já foi trabalhado na série. Ainda que não haja obrigação do público em assistir uma série para ver um filme, isso pode ser um incômodo, rever algo que já parecia superado ter que ser superado novamente. Harrison Ford não é conhecido por grandes atuações, mas grandes personagens, mas seu Presidente Ross é um pouco diferente - e esta é a segunda vez que ele interpreta um presidente, pois é personagem central em ''Força Aérea Um'' (Wolfgang Petersen, 1997). O veterano, que substituiu o falecido William Hurt, vai muito bem nos momentos de explosão e demonstra consternação de forma crível, parece pesar sobre ele o seu passado, o afastamento de sua filha, sua solidão.

Há um comentário sobre a forma com que a pessoa negra tem que se esforçar muito mais para atingir o mesmo nível de uma pessoa branca. Como Sam deve ser perfeito, apenas para merecer uma comparação ao Steve. Evidentemente um filme do MCU não vai aprofundar essas questões, mas é muito importante uma produção de tamanha visibilidade trazer ao menos um vislumbre dela.

O final do filme não contenta seu tamanho, a forma com que a resolução é feita deixa a desejar, com efeitos especiais defasados, texto totalmente fora do tom, é a parte mais precária aqui. Vale dizer que a cena pós-créditos também não é tão impactante. Como o resto do longa-metragem, ela parece andar em círculos.

O ''heroflick'' tem boas cenas de ação, mas parece ter medo de sair do convencional, não consegue superar as amarras impostas pelo seu passado. A direção de Onah não consegue sair de algo procedimental, sem ousadias, mas sem erros grosseiros também, é tudo muito seguro. Em determinado momento, o diretor parece querer filmar uma luta sem cortes, dando mais movimento à cena, mas, ou não possui a habilidade necessária para tal, ou optou apenas pelo jeito mais simples. Acaba sendo um filme com bons momentos, com lutas bem coreografadas, um texto expositivo e que retorna em muitos pontos já trabalhados, mas o conjunto da obra é bom.

Avaliação: Três escudos de proteção (3/5).

HOJE NOS CINEMAS

Escrito por João Pedro Fraga

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