segunda-feira, 10 de março de 2025

Deu Preguiça | Quinta-Feira nos Cinemas


A animação australiana Deu Preguiça (título nacional), dirigida pela estreante Tania Vincent, ao lado de Ricard Cussó (Combat Wombat: Back 2 Back, 2023), segue a história da família de preguiças que, após perder a casa no interior, tem que se mudar para a cidade grande para recomeçar. Com uma animação bonita, personagens simpáticos e uma história fácil, o tempo passa voando enquanto assistimos as preguiças.

Laura não sabe o que quer ser, mas sabe que não quer ser uma cozinheira como a mãe. A garota é a preguiça mais rápida de sua família e está entrando na adolescência onde a busca do ''eu'' se torna uma constante. Gabriella, sua mãe, vem sofrendo com alguns esquecimentos, que, a princípio, parecem não dizer nada, mas esconde um medo maior. Luis, o pai, é ligado à natureza e à família, ama dançar e tenta apoiar os familiares da melhor forma que pode. Mani, o irmão mais velho, está em crise criativa, antes ele amava desenhar, mas passa a ter dúvidas do seu talento. Após uma forte chuva, eles perdem a casa onde moram e se mudam para a Cidade Santuário para recomeçar a vida.

Acontece que, o modelo de negócios da família demanda um preparo lento da comida, Laura então, busca informações com a maior rede de fast food da região, Zoom Fuel, da chita Dotti Pace, que vê nas receitas da família, uma solução para seus problemas financeiros. Em meio a isso, Laura se vê pressionada por seus parentes, que não deixam ela se divertir com as novas amizades por ter que ajudar no restaurante.

                      Crédito de Imagens: Eclectik Vision e Like A Photon Creative /Imagem Filmes/Divulgação
 A produção ganhou sessões antecipadas de pré estréia por todo o Brasil antes do carnaval

O filme conta com as vozes originais de atores e atrizes como Teo Vergara (Laura), Olivia Vasquez (Gabriella), Benjamin Gorroño (Luis), Facundo Hache Herrera (Mani) e Leslie Jones (Dotti Pace); com dublagem brasileira de Tontom e Heloísa Perissé, que são mãe e filha dentro e fora das telas. 

O início do filme é um pouco truncado, os personagens são apresentados, a dinâmica é mostrada, mas falta tempero. A história ganha fôlego mesmo quando eles chegam na Cidade Santuário, a busca de Laura e o drama da mãe são assuntos muito interessantes, mas que não são tão bem trabalhados. Na busca de rotular o filme como para todas as idades, os realizadores fugiram de alguns aprofundamentos que seriam interessantes. Trabalhar o esquecimento de Gabriella, como ela usa o livro de receitas como um conforto, para se conectar com a família que ela tinha e se aproximar da família que ela tem.

A animação é linda, mas o som pode incomodar, a trilha sobe e desce de forma inconstante e isso acaba fazendo com que o filme perca parte da força em determinados momentos. Diverte por sua trama simples e bem contada, contudo, aparenta ter medo de dar um passo a mais na construção de seus personagens e de todo o arco narrativo. Animação pode conter dramas bem construídos, esse fica no quase.

Trailer



Ficha Técnica
Título Original e Ano: The Sloth Slane, 2024. Direção: Tania Vincent e Ricard Cussó. Roteiro: Ryan Greaves, Erica Harrison e Tania Vincent. Vozes OriginaisLeslie Jones, Remy Hii, Olivia Vásquez, Teo Vergara, Dan Brumm, Ben Gorroño, Facundo Hache Herrera, Matteo Romaniuk, Thalia Colettis, Benjamin Gorroño, Andrew Cook. Dublagem Brasileira: Heloísa Perissé e Tontom. Gênero: Animação, Aventura, Família. Nacionalidade: Austrália. Trilha Sonora Original: Sam Gain-Emery, Ben Stewart e Thom Kellar. Diretor de arte: Nathan Geppert. Edição: Josef Switak. Departamento de Animação: Rebecca O'Brien. Gerenciamento de Produção: John Templeton Macdonald. Produção: Kristen Souvlis, Nadine Bates e Ryan Greaves. Empresas Produtoras: Eclectik Vision e Like A Photon Creative. Distribuição: Imagem Filmes. Duração: 01h30min.
Avaliação: Três receitas sem sabor (3/5).

13 de Março nos Cinemas

SESSÃO VITRINE PETROBRAS COMEMORA 15 ANOS E ANUNCIA NOVOS FILMES PARA 2025


Celebrando 15 anos de história, a SESSÃO VITRINE PETROBRAS anuncia as novidades para 2025, incluindo a estreia de novos filmes, com longas e curtas inéditos e premiados. O projeto também segue com a digitalização de clássicos contemporâneos, que serão exibidos em mais de 30 cidades do país com ingressos a preços reduzidos. Essa iniciativa reforça o compromisso com a preservação da memória audiovisual nacional e a formação de uma cultura cinematográfica baseada em referências brasileiras.

O programa organiza ainda projeções acompanhadas por discussões e promove oficinas com autores, com a missão central de fomentar o interesse do público pelo cinema brasileiro e aproximar os realizadores e suas obras do público.

Como parte da celebração dos 15 anos, a Sessão Vitrine Petrobras confeccionará no segundo semestre de 2025 um catálogo especial com entrevistas e textos de jornalistas e diretores renomados. O material será distribuído em espaços como universidades e bibliotecas, tornando-se fonte de pesquisa e registro histórico de 15 anos do projeto.

O podcast / videocast A DOBRA, programa de entrevistas com a equipe dos filmes lançados pelo projeto, continuará em novo formato. A cada 45 dias, além de um filme inédito que chega aos cinemas, será divulgado um programa no Youtube, também disponível em versão podcast no Spotify. “A Dobra” reunirá para um bate papo um membro da equipe de cada filme lançado e um convidado surpresa especial da área do cinema, para discutirem seus filmes de forma multifacetada. Indo desde a concepção até a realização de um filme, cada episódio irá debater as inspirações e os desafios envolvidos em realizar cinema independente no Brasil contemporâneo.

A edição de 2025 do programa terá 15 episódios, um por filme lançado, com duração média de 45 minutos, e será filmado em São Paulo. O primeiro episódio contará com Luciano Vidigal e Ayomi Domenica.

Além disso, será criado o aplicativo Sessão Vitrine Petrobras que contará com informações do projeto e dos filmes, com um clube de fidelidade que poderá proporcionar ao público a troca de pontos por brindes e descontos.

Em 2025, o Projeto já lançou nos cinemas o premiado KASA BRANCA, filme de estreia solo na direção de Luciano Vidigal, que vem conquistando público e crítica com sua narrativa sensível sobre afeto, memória e identidade.

                        Crédito de Imagens: Vitrine Filmes / Divulgação
O Filme ''O Melhor Amigo'' foi exibido na coletiva de imprensa para o anúncio dos novos filmes da Sessão Vitrine Petrobras e chega aos cinemas esta semana

A curadoria dos novos projetos fica a cargo de Talita Arruda e o próximo filme, que será lançado em 13 de março, será O MELHOR AMIGO, de Allan Deberton (Pacarrete). Produzido pela Deberton Filmes, o longa conta uma história de amor e música inspirada na estética e na cultura pop dos anos de 1990. Para além de uma boa dose de sedução, descobertas e a tradicional ansiedade das novas paixões, o diretor cearense dá um passo além e narra a história do jovem Lucas (Vinicius Teixeira) a partir de verdadeiros hits das décadas de 80 e 90, com uma pegada de nostalgia tropical.

Frustrado com seu atual relacionamento com Martin (Léo Bahia), que adora grandes declarações de amor, o jovem arquiteto Lucas decide viajar sozinho para Canoa Quebrada, no Ceará, para espairecer. Mas, mais do que um cenário paradisíaco, Lucas reencontra uma antiga paixão de faculdade, o sedutor Felipe (Gabriel Fuentes). Entre questões mal resolvidas do passado e novas possibilidades para o futuro, Lucas embarca em uma jornada musical, capaz de revelar descobertas importantes sobre si mesmo.

Com um visual alegre e colorido, o longa faz uma homenagem à cultura pop dos anos 1990 e conta no elenco com Claudia Ohana (a icônica vampira Natasha, da novela Vamp) e com a cantora Gretchen.

Confira abaixo os próximos lançamentos:

                        Crédito de Imagens: Vitrine Filmes / Divulgação
A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo

Selecionado para o Festival de Berlim 2025, A NATUREZA DAS COISAS INVISÍVEIS marca a estreia de Rafaela Camelo na direção de longas, com uma abordagem delicada sobre infância, amadurecimento e finitude, trazendo elementos do realismo fantástico. A premiada curtametragista assina também o roteiro dessa história de amizade e descobertas protagonizada por duas meninas, Glória (Serena) e Sofia (Laura Brandão), que se conhecem no hospital onde a mãe de uma trabalha e a avó de outra está internada.

O elenco ainda inclui Camila Márdila, Aline Marta Martins e Larissa Mauro. O longa é uma produção da Moveo Filmes, em coprodução com a brasileira Apoteótica Cinematográfica e a chilena Pinda Producciones.

                        Crédito de Imagens: Vitrine Filmes / Divulgação
Ato Noturno de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher

ATO NOTURNO, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, também fez sua estreia no Festival de Berlim, onde a dupla de cineastas exibiu seus longas anteriores, Beira-Mar (2015) e Tinta Bruta (2018), ganhador do Teddy Award de Melhor Filme, o mais importante prêmio destinado ao cinema queer do mundo, e o C.I.C.A.E. de Melhor Filme da mostra Panorama. A produção é da Wink.

O novo longa é protagonizado por Matias (Gabriel Faryas), um ator em início de carreira que busca sua primeira grande chance ao estrelato em Porto Alegre, participando de um respeitado grupo de teatro. Quando a notícia de que uma grande série será rodada na cidade chega à trupe, a já saliente rivalidade entre o protagonista e seu colega de apartamento, Fabio (Henrique Barreira), se acirra. Mas Matias tem um obstáculo ainda mais desafiador se quiser conseguir o papel do galã: para ter uma chance de realizar seu sonho, o jovem terá que esconder parte de quem é e ceder às convenções de gênero.

Como é comum nos longas da dupla, o filme é marcado por uma discussão franca sobre sexo e desejo no mundo contemporâneo no qual o sexo e a sedução se tornam algo banalizados e precisam ser redescobertos de outras formas.

                        Crédito de Imagens: Vitrine Filmes / Divulgação
Dormir de Olhos Abertos, de Nele Wohlatz

Coprodução entre Brasil, Argentina, Alemanha e Taiwan, DORMIR DE OLHOS ABERTOS ganhou o prêmio da crítica internacional, o FIPRESCI, na mostra Encontros do Festival de Berlim do ano passado, e tem entre seus produtores o brasileiro Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux. Dirigido pela alemã Nele Wohlatz (O Futuro do Pretérito), o longa é protagonizado pela taiwanesa Kai, que chega a uma cidade costeira do Brasil para passar as férias, e uma série de encontros e desencontros marcam a passagem da moça pelo país.

                        Crédito de Imagens: Vitrine Filmes / Divulgação
Ilha das Flores, de Jorge Furtado

Por fim, mantendo a tradição de digitalizar obras cinematográficas brasileiras, a SESSÃO VITRINE PETROBRAS apresentará novas cópias de dois famosos filmes de Jorge Furtado: o curta ILHA DAS FLORES e o longa SANEAMENTO BÁSICO, O FILME. Lançado originalmente em 1989, o curta foi premiado no Festival de Berlim do ano seguinte, e tem importância única para o cinema nacional como um dos mais importantes curta-metragens já realizados no país, exibido em escolas e aclamado pela crítica.


                        Crédito de Imagens: Vitrine Filmes / Divulgação
Fernanda Torres, Wagner Moura, Camila Pitanga e Bruno Garcia são alguns dos atores que estão no elenco do clássico moderno ''Saneamento Básico, O Filme'', de Jorge Furtado.

SANEAMENTO BÁSICO, O FILME tem em seu elenco Fernanda Torres, Wagner Moura, Paulo José, Camila Pitanga, Lázaro Ramos e Bruno Garcia. Com roteiro assinado pelo próprio diretor, o longa se passa numa pequena comunidade de descendentes de italianos no sul do Brasil, onde enfrentam problemas de saneamento. A cidade não tem dinheiro para resolver o problema, mas uma verba para a produção de um filme, concedida pelo governo federal, será usada para a construção da fossa que será toda filmada como ficção.

A restauração das obras será novamente supervisionada por Débora Butruce, curadora dos filmes de patrimônio do projeto, que defende que "a preservação do patrimônio audiovisual é fundamental para que as novas gerações possam acessar e se conectar com a rica cinematografia brasileira. Ao seguirmos exibindo filmes de patrimônio na Sessão Vitrine, mantemos o compromisso de resgatar a memória audiovisual nacional e contribuir para a formação de uma cultura cinematográfica brasileira, essencial para a construção de nossa identidade e para o reconhecimento do cinema feito no país”. Em breve, outros títulos consagrados do cinema brasileiro serão submetidos ao mesmo processo de digitalização ou restauração.

O projeto vem se consolidando novamente e já conseguiu alcançar resultados simbólicos em um curto período de tempo. Por meio da preservação de filmes patrimônio como: a restauração digital de “A Hora da Estrela” de Suzana Amaral e a digitalização de “Durval Discos” de Anna Muylaert, ambos relançados em salas de cinema, o selo segue fomentando o interesse do público pelo audiovisual nacional.“Graças ao patrocínio da Petrobras é possível incluir filmes de patrimônio entre os lançamentos da SESSÃO VITRINE PETROBRAS, resgatando a memória do audiovisual nacional e favorecendo a formação de uma cultura cinematográfica baseada em referências brasileiras, ação essencial para a valorização do nosso cinema”, afirma Silvia Cruz, criadora do projeto e sócia-fundadora da Vitrine Filmes.

Já o Gerente Setorial de Patrocínio Cultural da Petrobras, Milton Bittencourt Neto, ressalta que ''a cultura é uma das principais energias que movimentam a sociedade, e nós da Petrobras temos muito orgulho de fazer parte da história e sermos parceiros da Sessão Vitrine Petrobras. É um projeto muito especial, qque promove o cinema nacional com muito consistência e diversidade, alcançando todas as regiões do País.

Nova Vinheta da ''SESSÃO VITRINE PETROBRAS''

Mais informações sobre a SESSÃO VITRINE PETROBRAS:
Os ingressos são vendidos a preço reduzido.

Sobre o Patrocínio
A Petrobras é uma das principais empresas do país. Atua de forma integrada e especializada na indústria de óleo, gás natural e energia, tendo como compromisso o desenvolvimento sustentável para uma transição energética justa e inclusiva.

A Cultura é também uma energia na qual a companhia investe, patrocinando há mais de 40 anos projetos que contribuem para a cultura brasileira e se fazem presentes em todos os Estados brasileiros.

Sobre a Vitrine Filmes
​​Desde 2010, a Vitrine Filmes já distribuiu mais de 250 filmes e alcançou milhares de espectadores apenas nos cinemas do Brasil. Entre seus maiores sucessos estão “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2019; “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, que entrou para a lista dos 10 documentários mais vistos da história do cinema nacional; e “Druk: Mais Uma Rodada”, de Thomas Vinterberg, vencedor do Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro em 2021.

Hoje a Vitrine Filmes faz parte do Grupo Vitrine, que conta com selos e iniciativas diversas a fim de atender diversas áreas do mercado, são eles: Vitrine España que há 4 anos produz e distribui longas-metragens na Europa; Vitrine Lab, curso on-line sobre distribuição cinematográfica, vencedor do prêmio de distribuição inovadora do Gotebörg Film Fund 2021; Manequim Filmes, selo com distribuição de filmes com apelo a um público com sucessos como “Nosso Sonho - A História de Claudinho e Buchecha”, filme brasileiro mais assistido em salas de cinema em 2023; Sessão Vitrine Petrobras que volta com lançamentos brasileiros premiados e aclamados pela crítica e festivais com ingressos reduzidos como “Sem Coração” e relançamento de “A Hora da Estrela”; e Vitrine Produções, que produz e coproduz curtas, documentários e longas-metragens, dentre eles "O Nosso Pai", curta de Anna Muylaert exibido no Festival de Brasília, “Levante”, de Lillah Halla, vencedor do prêmio FIPRESCI na Semana da Crítica 2023, e “Retratos Fantasmas”, Kléber Mendonça Filho, documentário mais visto dos últimos 8 anos nos cinemas e também exibido em Cannes em 2023.

Circuito Exibidor previsto da SESSÃO VITRINE PETROBRAS: Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Indaiatuba, João Pessoa, Londrina, Macapá, Maceió, Manaus, Marília, Natal, Niterói, Palmas, Poços de Caldas, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo, Teresina, Vitória.

quinta-feira, 6 de março de 2025

O Macaco, de Osgood Perkins

 
O arsenal literário do escritor de terror Stephen King é gigantesco e conta com mais de 60 livros publicados entre antologias, obras não ficcionais e novelas. Ademais, o autor é dono de um acervo de um total de 200 contos fenomenais. Alguns destes, além de muitos de seus escritos, foram base para inúmeros filmes, como ''1408'', responsável pela produção de mesmo nome e que John Cusack e Samuel L. Jackson vivem os protagonistas. Agora outro conto de King chega as telas sob o título de ''O Macaco''. A adaptação de ''Skeleton Crew'' tem direção de Osgood Perkins (Longlegs - Vinculo Mortal, 2024) e traz no elenco Theo James, Tatiana Maslany, Elijah Wood, Adam Scott e Christian Convery
 
Na trama, um objeto em forma de macaco segurando um tambor, e que aparenta ser um brinquedo antigo, assombra uma dupla de irmãos gêmeos quando encontram o poderoso item nas coisas do pai. Os garotos descobrem que ao girar uma chave nas costas do macaco inanimado, além de um sorriso largo no rosto do brinquedo aparecer, mortes sinistras começam a acontecer.

'The Monkey', título original da produção, foi rodado no Canadá, em 2024, mas tem como palco Maine, nos Estados Unidos, assim como a grande maioria das histórias do mestre do terror, Stephen King.

Crédito de Imagens: Atomic Monster, Black Bear International e British Columbia Film Commission / Paris Filmes/ Divulgação
A idéia de colocar um ''macaco baterista'' ao invés de usar o clássico brinquedo de um macaco batendo pratos ocorreu por conta dos direitos de uso da imagem do personagem que está com a Walt Disney Studios desde a produção de Toy Story 3 (2010, Lee Unkrich)

O filme é de terror, mas o diretor ganha o respeito do público por converter várias situações caóticas em momentos engraçados. Seja um padre falando palavrão durante um funeral ou da mãe consolando os filhos com sobriedade e sinceridade. As mortes, que são mais de dez, aliás, são imensamente insanas e hilárias. O que traz o filme para um departamento muito cru do terror, além de experimental. Osgood Perkins, que tem ambos os pais falecidos, comentou em várias entrevistas que usa 'a morte' como algo real no filme, ainda que as situações se dêem de um jeito inusitado. Ele tenta apenas não causar um grande impacto com sustos (ou jumpscares), mas faz um uso simples do paradoxo que nos persegue e que é inevitável para quem está vivo. A escolha agrada bastante exatamente por retratar que não se controla a morte ou quando ela pode vir a ocorrer.
 
A escolha dos atores mirins para interpretar os gêmeos Hal e Bill é eficiente e Christian Convery convence muito nos extremos de garoto bonzinho e malvado. Se tem participações de atores conhecidos como Adam Scott, Elijah Wood, e Tatiana Maslany que complementam a escolha do filme em ir por um tom mais cômico. Ambos os personagens parecem pessoas normais ao mesmo tempo que são ou extremistas malucos assustados, ou padrastos invasivos.
 
O roteiro se compartimentaliza mostrando personagens com histórias e traumas parecidos - Hal e Bill acabam perdendo o pai e quando Hal é pai, este acaba tentando ser presente na vida do filho e falhando em construir uma boa relação. Além disso, os irmãos da primeira fase do filme, acabam se separando e se reencontrando no terceiro ato, onde se tem um plot twist bastante crível. Vale lembrar que no conto de King, a trama não se deflagra como no filme e os irmãos sequer são gêmeos. Por fim, Bill leva uma vida distinta da que acaba escolhendo aqui. 

Trailer


Ficha Técnica

  • Título Original e Ano: Mickey 17, 2025. Direção: Osgood Perkins. Roteiro: Osgood Perkins  —  adaptação doconto de Stephen King ''Skeleton Crew''. Elenco: Theo James, Tatiana Maslany, Osgood Perkins, Christian Convery, Adam Scott,Colin O'Brien, Elijah Wood. Gênero: Terror, comédia. Nacionalidade: Estados Unidos da América, Reino Unido e Canada. Trilha Sonora Original: Edo Van Breemen. Fotografia: Nico Aguilar. Edição: Graham Fortin e Greg Ng. Direção de Arte: Brendan Megannety. Design de Produção: Danny Vermette. Figurino: Mica Kayde. Empresas Produtoras: Atomic Monster, Black Bear International e British Columbia Film Commission. Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 01h38min. CLASSIFICAÇÃO 18 ANOS.
Para os fãs de terror literário e cinemático, a produção vai evidenciar inúmeros eastereggs dentro do universo Stephen King, como personagens com nomes que remetem a outros livros do autor ou frases que se referem aos filmes que se baseiam em sua obra. A diversão, de todo jeito, é garantida, ainda que aqui não se crie um clássico. 
 
Avaliação: Três toques de tambores macabros (3/5).

HOJE NOS CINEMAS

Carcaça, de André Borelli | Disponível nas Plataformas Digitais

 
“Eu não sou os meus monstros. Eu sou o homem da tua vida”!

O confinamento forçado – porém necessário – que atormentou diversas pessoas, ao redor do mundo, durante os primeiros anos da década de 2020, desencadeou um novo subgênero cinematográfico, que podemos classificar como “filmes de pandemia”. A maior parte dos títulos associados a este subgênero tende a refletir sobre as conseqüências da privação interativa, em âmbito presencial, de modo que as situações repetitivas da rotina forçada justificam a curta duração das obras – experimentais, geralmente. Aqui, temos um exemplar fílmico que adota as convenções de suspense para amplificar o cotidiano perturbado de um casal que se ameaça diariamente, já que são obrigados a conviver tão mútua quanto exclusivamente…

Reutilizando a mesma estrutura de progressão esquizofrênica que ele adotara no interessante “O Tio” (2020), o diretor, roteirista, produtor e montador André Borelli não é tão exitoso em sua investigação psicopática sobre a quarentena, visto que incorre numa estetereotipia de papéis matrimoniais que, ainda que não seja inverossímil, infelizmente, reitera clichês tramáticos de cariz machista.

Se, durante os setenta minutos de duração desta obra, acompanhamos as ameaças constantes de um casal tóxico, a partir do olhar aflitivo da protagonista feminina, a perspectiva objetiva da câmera a objetifica sexualmente. Ou seja, quando Lívia (Carol Bresolin) tem algum pesadelo em que teme ser morta por seu marido Davi (Paulo Miklos), acompanhamos tudo por seu ponto de vista, mas, quando ela está desperta – realizando algum exercício aeróbico, por exemplo –, suas nádegas são focalizadas em ‘close-up’, o que acontece mais de uma vez ao longo da projeção.

Sabemos pouco sobre Lívia e Davi, nas breves conversas que eles travam: o modo como eles mantêm aquela residência de alto valor aquisitivo não é explicado, mas logo percebemos que Davi se dirige à sua esposa mais jovem com prepotência, de maneira possessiva. Enquanto ele lê manuais cinematográficos e um romance de Jean-Paul Sartre, ela deseja publicar algumas dancinhas no Instagram – o que, ironicamente, depõe contra a ascendência ‘youtuber’/’tiktoker’ da atriz.

         Crédito de Imagens: Borelli Entretenimento / Califórnia Filmes/ Divulgação
O longa passou pelos Festivais de Stockholm City Film Festival, na Suécia, e Athens International Art Film Festival, na Grécia, além de receber "Menção Honrosa" em solo italiano no ''Rome Prisma Film Award''

Filmado em preto e branco, sem que haja uma razão internamente esclarecida para tal, “Carcaça” se inicia com uma frase atribuída ao filósofo dinamarquês Søren Aabye Kierkegaard [1813-1855]: “a angústia é a vertigem da liberdade”. Tenta-se, desta maneira, concatenar os comportamentos agressivos dos personagens ao fato de que eles não podem sair de casa, mas há pouca sintonia dialogística entre eles: enquanto Davi passa o dia quase inteiro lendo e bebendo vinho, Lívia faz ginástica e cheira as suas cuecas sujas, antes de vesti-las. Até que ela descobre o que ele vê no computador, enquanto se masturba…

Não sabemos o conteúdo do que excita Davi (imagens de teor necrofílico? Pedofilia?), mas Lívia aproveita-se disso para constrangê-lo, quando ele menciona a possibilidade de chamar a polícia, ao constatar que ela, supostamente, insere veneno de rato nas comidas e bebidas que prepara para ele. Com que intuito? “Os incomodados que se mudem”, vocifera Lívia para Davi, numa das inúmeras discussões que ocorrem durante a projeção.

Terminado o filme, não se consegue discernir adequadamente o que é delírio ou realidade, tal qual acontecera no trabalho anterior (e deveras superior) do realizador: o roteiro parece girar em torno de uma única orientação ativa (Davi intimida Lívia – ou vice-versa), enquanto a edição desperdiça o quociente psicanalítico, derivado desta opressão concomitante, através de cortes progressivos ou de enquadramentos que mostram algum dos personagens de cabeça para baixo. O desfecho, portanto, é sobremaneira previsível: quando ele acontece, comemora-se a interrupção de um ciclo de agressões simultâneas, aliado ao desconforto induzido no espectador, que não é intelectualmente beneficiado por uma reflexão validada acerca da origem da repulsa entre parceiros sexuais. É um filme esvaziado de intenções, que estrebucha tanto quanto os dois amantes, no afã por chamar a nossa atenção. Isto ocorre da pior maneira, lamentavelmente: é triste que, em 2025, uma relação heterossexual seja reduzida a tamanho grau de maniqueísmo destrutivo, em que a assimetria de julgamentos morais depõe, evidentemente, contra a mulher! 

Trailer
 

 
Ficha Técnica
  • Título Original e Ano: Carcaça, 2024. Direção e Roteiro: André Borelli. Elenco: Paulo Miklos, Carol Bresolin. Gênero: Suspense Psicológico. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora original: Clelson Lopes. Fotografia: Evandro Albuquerque. Edição: André Borelli. Direção de Arte: Paulo Rocco. Figurino: Caroline Azebedo. Empresas produtoras: Borelli  Entretenimento e Califórnia Filmes. Distribuição: California Filmes. Duração: 70 min. Classificação: 18 anos.
DISPONÍVEL NAS PLATAFORMAS DIGITAIS

Mickey 17, de Bong Joon Ho | Assista nos Cinemas


Em tempos que bilionários preferem trabalhar pela colonização de planetas que, talvez, tenham a chance de ser habilitados por seres humanos um dia, ao invés de achar soluções viáveis para resolver os dilemas terrenos, e os quais muitos foram causados por suas próprias empresas, adentramos a jornada de vida ficcional do pobre coitado Mickey (Robert Pattinson) em "Mickey 17, novo longa do diretor sul-coreano Bong Joon Ho (Parasita,2019). 

Na trama, o homem, tenta ter seu negócio com o "amigo" Timo (Steve Yeun), e fica nas mãos de perigosos agiotas. Para não perder a vida da forma mais grotesca possível, já que o projeto fracassa e eles não conseguem dinheiro para pagar o empréstimo realizado, ele se inscreve em uma missão inter-espacial para acompanhar a primeira tripulação que está indo colonizar um planeta ainda inseguro para se habitar. Inocente e sem capacidade o suficiente de interpretação, Mickey faz o inusitado e não só se habilita para ir ao espaço, mas se faz como alguém que cumprirá o papel de pessoa "descartável". A categoria colocará o rapaz em maus lençóis já que ele será cobaia para todas as prováveis necessidades dos cientistas a bordo da aeronave, inclusive, testes mortais. Todavia, seu DNA é replicado e sempre que algo der errado, ele será "impresso novamente" para realizar novas tarefas e conseguir dar a tripulação vacinas e a imunidade necessária para viver no lugar, pois suas memórias e transformações ficarão gravadas com o auxilio de uma tecnologia distinta. Enquanto tudo isto acontece, Mickey arranja tempo para encontrar uma namorada, a soldado Nasha (Naomi Ackie), e perceber que o ex-colega trapaceiro também está por ali. Belo dia, durante uma missão externa, Mickey, em sua 17° versão, consegue sobreviver ao cair em um mega buraco e se deparar com criaturas horripilantes (mas nada é o que parece). Ao retornar para spaceship percebe que Mickey 18 foi impresso e mais sórdido e inteligente. Este último não querendo deixar de existir, ainda que o seu antecessor também não, propõe uma parceria. Logo, os dois vão tentar de um tudo para que não sejam descobertos, pois a ''anomalia'' significaria o fim do DNA do rapaz de vez.

A narrativa é adaptada do livro de Edward Ashton "Mickey 7", publicado lá fora em 2022, e que chegou ao Brasil em outubro de 2023 pela Editora Planeta Minotauro. Na obra, Ashton faz um uso menor da quantidade de vezes em que o personagem central precisa morrer para satisfazer as necessidades da tripulação, já Joon Ho escolhe trabalhar mais essa possibilidade para realmente deixar o espectador estupefato por ver como um ser humano pode tratar o outro e impor que alguém se sacrifique de formas horrendas em nome de uma causa maior. O lançamento é da Warner Bros Pictures e o elenco ainda traz Mark Ruffalo, vivendo o líder Kenneth Marshall, uma espécie de Donald Trump com trejeitos de inúmeros presidentes ou líderes autoritários atuais misturado a facetas de Elon Musk, Jeff Bezos e outros multibilionários sem qualquer essência. A sempre maravilhosa Toni Collette interpreta a esposa de Marshall, Ylfa.

                         Crédito de Imagens: © 2025 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.
A produção é o primeiro filme pós a fenomenal jornada de ''Parasita'' nas premiações em 2020. O longa rendeu a equipe do diretor mais de duzentos prêmios na award season daquele ano.

Mickey 17 nos apresenta um estudo magnifico do comportamento humano em situações incomuns, além de perturbante. Se tem um quadro gigante de diferentes personalidades em tela, da mais desagradável e vil a mais doce e inocente possível. O protagonista se põe disponível para os maiores distratos que alguém poderia passar, e que talvez muitos animais de laboratórios já experienciam no seu dia-a-dia. Dito isto, a sociedade dentro da nave é permeada daqueles que querem sobreviver e os que não ligam para o que acontece à Mickey. O grupo tem em sua presença uma liderança nefasta (Marshall) e que manifesta todas as características imagináveis do capitalismo em sua essência e dominância. O humanismo, por sua vez, vem em forma de uma mulher preta (Nasha) e que usa de sua fortaleza interna para se compadecer com o homem franzino e pouco provido de sagacidade que Mickey o é. Bong Joon Ho descreve que a única diferença para o Mickey do livro é que o do filme possui um alto nível de libido, enquanto o personagem literário não demonstra tal alteração.
 
O longa tem um tom cômico impressionante, além de emplacar romance, drama, aventura em um só filme e maravilhar o espectador pela condução certeira do diretor. É fascinante assistir a estranheza que Bong Joon Ho investe na narrativa ao mesmo tempo que sua marca nos faz rememorar filmes que ele dirigiu como ''O Hospedeiro'' (2006), ''Expresso do Amanhã'' (2013) e até mesmo ''Parasita'' já que em ambos os filmes, o artista é pontual ao retratar problemas entre classes sociais e outras mazelas da estranhice humana. 
 
O próximo trabalho de Bong Joon Ho será uma animação, ainda sem muitos detalhes, pois está em desenvolvimento.

                         Crédito de Imagens: © 2025 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.
                 A obra literária de Edward Ashton continua em ''Antimatter Blues'' (St. Martins' Press, 2023), mas ainda não há notícias de pré produção de um segundo filme

A trama, assim como acontece em ''A Chegada'' (2016), de Denis Villeneuve, coloca o ser humano para se conectar com ''Aliens'' de um jeito inesperado. A única diferença é que desta vez, os humanos é que estão em terra alheia e invadindo o espaço e matando quem não se deve, seja por medo ou para ter poder sobre o desconhecido. A chave da resolução deste encontro será o próprio protagonista e, ainda que o filme entregue uma resolução aprazível, a construção desta é que satisfaz mais ainda.
 
Robert Pattinson nos entrega uma atuação camaleônica visto que tem que ir diferenciando seus ''Mickey's". O 17 e o 18 são os mais extremos. Do rapaz franzido, super sexual, ingênuo e de voz irritante e frágil para um homem sagaz, esperto, e sem escrúpulos para o que vier. Excelente performance do ator. Toni Collette e Mark Ruffalo vivem o puro suco da gentalhada milionária que ostenta a idéia nazista de supremacia. Toni já tem outros personagens mais vilanescos, porém Ruffalo tem experimentado outros lados do mundo teatral e têm surpreendido bastante. Aqui consegue nos fazer pensar na pequenez de lideres como o atual presidente norte-americano. Naomi Ackie (Pisque Duas Vezes, 2024) mais uma vez entregando um super papel e muita adequação ao personagem. A atriz já está cotada para mais quatro produções cinematográficas, aliás. Para quem assistiu o filme britânico ''This Is England'' (Shane Meadows, 2006), que aborda a questão de jovens nazistas na Inglaterra, vai ser fácil reconhecer o jovem ator Thomas Turgoose. Aqui ele interpreta um dos soldados de Marshall. Steve Yeun trabalha com Bong Joon Ho pela segunda vez, a primeira foi em Okja (2017). Sua atuação de pilantra também é super convincente.

Trailer


Ficha Técnica

  • Título Original e Ano: Mickey 17, 2025. Direção: Bong Joon-Ho. Roteiro: Bong Joon-Ho —  adaptação do livro de Edward Ashton ‘Mickey 7’. Elenco: Robert Pattinson, Mark Ruffalo, Steve Yeun, Naomie Ackie, Toni Collette, Thomas Turgoose, Steve Park, Patsy Ferran, Daniel Henshall, Anamaria Vartolomei, Cameron Britton, Holliday Grainger. Gênero: Scifi, comédia, fantasia. Nacionalidade: Coréia do Sul e Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Jung Jae-il. Fotografia: Darius Khondji. Edição: Jinmo Yang. Direção de Arte: Jason Knox-Johnston. Design de Produção: Fiona Crombie. Figurino: Catherine George. Empresas Produtoras: Warner Bros., Plan B Entertainment, Offscreen, Kate Street Picture Company. Distribuidora: Warner Bros Pictures. Duração: 2h19min.


Edição, fotografia e trilha sonora fazem o conjunto da obra aterrizar nos cinemas como um das melhores estreias da semana. O filme nasce, inclusive, de um roteiro bem escrito e bem adaptado.

Avaliação: Quatro aparelhos que traduzem aliens e fazem a alegria dos mais sensíveis (4/5).

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