segunda-feira, 31 de março de 2025

Distribuidora Imovision traz ao Brasil o maior Festival de Cinema Europeu

 Evento celebra a diversidade do cinema europeu contemporâneo e terá uma abertura de gala em Niterói com estrelas do cinema internacional
 

A Imovision, uma das mais influentes distribuidoras de cinema independente da América Latina, tem o prazer de anunciar a realização do Festival de Cinema Europeu Imovision, um evento novo e ambicioso que celebra a força, diversidade e excelência do cinema europeu no Brasil.

 

A primeira edição do festival ocorrerá entre os dias 24 e 30 de abril de 2024, com a exibição de uma curadoria exclusiva de 14 filmes inéditos e premiados, vindos de algumas das mais importantes cinematografias da Europa. O festival contará também com presenças internacionais, sessões especiais com debates e uma ampla campanha de divulgação em todo o país.

 

O ponto alto do evento será sua abertura oficial em Niterói, no dia 23 de abril, com uma noite de gala no Reserva Cultural – Caminho Niemeyer, reunindo estrelas do cinema internacional, cineastas, atores e grandes nomes da indústria audiovisual brasileira e europeia. A realização da abertura na cidade conta com o patrocínio da Neltur – Niterói Empresa de Lazer e Turismo, reafirmando o compromisso da cidade com a promoção da cultura, do turismo e da economia criativa.

 

Niterói, com sua rica tradição cultural e histórica, é a cidade ideal para sediar a abertura deste grandioso evento. O Reserva Cultural, localizado no icônico Caminho Niemeyer, projeto do renomado arquiteto Oscar Niemeyer, é um dos maiores marcos culturais da cidade e um verdadeiro símbolo da união entre arte, arquitetura e inovação. O espaço se torna o cenário perfeito para este evento de prestígio, destacando Niterói como um polo cultural em constante crescimento, que atrai não só turistas, mas também artistas e cinéfilos de todo o mundo.

 

O Festival de Cinema Europeu Imovision se diferencia de outras mostras e festivais por sua proposta única: levar o melhor do cinema europeu para diversas cidades do Brasil. A programação está estruturada para alcançar uma audiência nacional, com o impacto cultural sendo ampliado pela presença de convidados internacionais. Com isso, o evento se consolida como o maior festival dedicado exclusivamente ao cinema europeu já promovido no Brasil, tanto em alcance quanto em relevância.

 

“Esse festival é a concretização de um sonho que temos há muito tempo: expandir o acesso ao cinema europeu para muito além dos grandes centros, com estrutura, qualidade e uma curadoria forte. É um movimento de celebração e democratização do cinema de arte no Brasil”, afirma Jean Thomas Bernardini, fundador da Imovision.

 

A seleção de filmes inclui obras de Alemanha, França, Grécia, Islândia, Itália, Noruega, Suíça e Ucrânia, representando diferentes estéticas, temas e gerações da produção cinematográfica europeia contemporânea. Os títulos serão anunciados em breve, como parte da campanha de divulgação do evento.

 

SOBRE A IMOVISION

Com 35 anos de trajetória no Brasil, a Imovision é uma das principais distribuidoras de cinema independente da América Latina. Responsável pelo lançamento de mais de 600 filmes, muitos premiados nos maiores festivais do mundo, foi pioneira na introdução de cinematografias e movimentos marcantes no país, como o Dogma 95 e o cinema iraniano.

 

Além da distribuição, a Imovision assina projetos estratégicos como os cinemas Reserva Cultural (São Paulo, Niterói e Fortaleza) e a plataforma de streaming Reserva Imovision, lançada em 2021. A empresa também é reconhecida por promover encontros históricos com grandes nomes do cinema mundial, tendo trazido ao Brasil personalidades como Catherine Deneuve, Gérard Depardieu, Bertrand Bonello, Gaspard Ulliel, Gaspar Noé, Audrey Tautou, Francis Ford Coppola, Thierry Frémaux, Louis Garrel e Juliette Binoche.

 

Com uma curadoria reconhecida e atuação consistente, a Imovision segue ampliando pontes entre o Brasil e o cinema de arte global, agora também por meio do Festival de Cinema Europeu Imovision, sua mais nova iniciativa.

quinta-feira, 27 de março de 2025

Câncer com Ascendente em Virgem, de Rosane Svartman

O universo feminino ganha uma página super bem explorada no filme ''Câncer com Ascendente em Virgem'' que chega aos cinemas este fim de mês. A produção passou pela ''Mostra Brasil'' da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo , em 2024, e tem direção de Rosane Svartman (Desenrola, 2010) e produção de Clélia Bessa, responsável pelo blog e também pelo livro ''Estou com Câncer, e Dai?'' que inspira a trama da película. O roteiro é de Suzana Pires, que também é protagonista do longa e vive Clara, uma professora de matemática super alto astral e independente que se descobre com um câncer de mama aos 40 e tantos. 

A narrativa abraça todo o sentido da palavra ''sororidade'' e confirma que a rede de apoio em processos como o que uma mulher passa quando se está doente, é altamente necessária para não se desequilibrar e perder a força contra a doença. Ademais, Câncer com Ascendente em Virgem traz personagens de avós, mães, filhas, amigas e um núcleo diverso que consolidam a importância de se ter temáticas do universo feminino figurando na telona.
 
O elenco é formado por Marieta Severo (Leda), Nathália Costa (Alice), Fabiana Karla (Dircinha), Carla Cristina Cardoso (Paula), Ângelo Paes Leme (Renato), Yuri Marçal (vivendo ele mesmo), Heitor Martinez (Marcos), Pedro Caetano (Guilherme) e muitos outros.

            Crédito de Imagens: Downtown Filmes - Divulgação
O filme tem cena emocionante onde a personagem principal decide raspar os cabelos após iniciar a quimioterapia

Em 1998, Chris Columbus dirigiu o drama ''Lado a Lado'', estrelado por Julia Roberts e Susan Sarandon, duas atrizes maravilhosas. Na trama a personagem de Julia vivia a ''madrasta'' dos filhos de Susan e esta última estava definhando com câncer. O filme evidencia conflitos ligados a competição feminina, mulheres mais jovens chegando para tomar o lugar de mulheres mais velhas, mas se resolve com as duas solucionando suas batalhas internas e externas e caminhando de mãos dadas. No longa de Svartman, que tem um olhar muito mais feminino por ter um time de realizadores e produtores mulheres, se assiste algo semelhante a temática, quando Clara e Ju, nova esposa do ex da professora, tem momentos de companheirismo. No entanto, o roteiro trabalha por novos caminhos. 

Clara é uma docente premiada, dá aulas nas redes e é cheia de amor para dar, seja aos pares românticos que talvez apareçam durante uma festa de comemoração ou a família. É centrada, ética, enérgica e amiga. Aliás, quando não está dando aulas, corre para aulas de danças e ainda passa na feirinha que tem próxima a academia e faz amizades como a que conquista em Dircinha. Sua filha, Alice, está na fase 'da adolescência e volta e meia solta aquela expressão famosa do ''Ai, que saco, mãe!'' Mas não deixa de se preocupar com a progenitora quando esta descobre que está doente. Leda, a matriarca da família, é aquela avó cheia de cultura e espiritualidade que todos gostaríamos de ter para sempre. A mulher se agarra a tudo que pode e decide vir para perto da filha e da neta para cuidar mais e mais delas.
 
             Crédito de Imagens: Downtown Filmes - Divulgação
O filme foi lançado em março, no mês da mulher, mas remete a outro período do ano relevante que ganhou até projeto titulado ''Outubro Rosa''. Ele surgiu internacionalmente durante os anos 90 e no Brasil ganhou força pela Lei nº 13.733/2.018. Com objetivo a alertar os cuidados com a saúde da mulher, o mês inteiro é proposto que empresas e órgãos governamentais promovam a prevenção contra o câncer de mama e útero. 

Outros aspectos importantes que são explorados no texto, é que Clara não deixa de ser uma pessoa combatente e vaidosa. Ao não poder mais esbanjar seus lindos fios, raspa a cabeça e investe em lenços, perucas e maquiagens com a boca vermelha para destacar sua feminilidade, muito presente nela, mesmo nesta fase. A leveza com que a situação séria é remontada na tela emociona e engrandece o filme. 

Dircinha e Clara, por exemplo, revelam uma amizade fofa durante os momentos de passeio de Clara pelo bairro e logo descobrem que estão no mesmo barco. Uma dá apoio a outra e usam até ''a fofoca'' para se distrair durante a químio, um momento árduo para os pacientes com câncer. Dircinha é casada com Marcos e a mulher tem também esse braço para auxiliar nos momentos complicados do seu tratamento.
 
Trailer

 
 
Ficha Técnica
 
  • Título original e ano: Câncer com Ascendente em Virgem, 2025. Direção: Rosane Svartman. Roteiro: Suzana Pires, Martha Mendonça e Pedro Reinato. Colaboração no Roteiro: Ana Michelle, Rosane Svartman e Elisa Bessa. Elenco: Suzana Pires, Marieta Severo, Nathália Costa, Fabiana Karla, Carla Cristina Cardoso, Ângelo Paes Leme, Julia Konrad, Maria Gal, Mariana Costa, Yuri Marçal, Heitor Martinez,Gabriel Palhares, Pedro Caetano, Rafael Tannuri, Ariane Souza, Giovana Lima, Lucca Fortuna, Carlos Rosário, Aline Menezes, Marcio Fonseca, Rodrigo Átila, Cibele Santa Cruz, Kika Farias, Prazeres Barbosa, Claudia Barbot, Giovanna de Toni. Gênero: Comédia, Drama, Romance. Nacionalidade: Brasil. Direção de Fotografia: Dudu Miranda. Cibele Santa Cruz e Junior Prado. Figurino: Márcia Tacsir. Maquiagem: Mari Figueiredo. Som Direto: Valéria Ferro. Edição de som: Maria Muricy, ABC. Mixagem: Armando Torres Jr.. Montagem: Natara Ney.Trilha Sonora Original: Flavia Tygel. Still: Mariana Vianna. Maquinista Chefe: Alessandro Corino. Gaffer: Allan Paulo. Produção: Raccord Produções. Coprodução: Globo Filmes e RioFilme. Produção Executiva: Bárbara Isabella Rocha. Direção de Arte: Fabiana Egrejas. Produção: Clélia Bessa. Distribuição: Downtown Filmes. Duração: 100 min.
 
A produção ganha trilha sonora assinada por Flavia Tyngel e uma lista de música íncriveis perambulam por algumas cenas do filme (escute aqui). A cantora Preta Gil empresta sua voz para ''Tudo Vai Passar'', canção que ressoa em umas da muitas lindas cenas de Clara encarando o câncer. Além da trilha, o figurino é outro departamento rico do longa que encanta por mostrar mulheres femininas e as vestir conforme a carruagem anda.
 
Rosane Svartman consegue entregar a audiência um filme belíssimo e com uma mensagem altamente positiva. A diretora tem no currículo os longas  “Mais uma Vez Amor” (2005), “Desenrola” (2010), “Tainá 3” (2013) e “Pluft, o Fantasminha” (2022).
 
Chame as amigas e corra para o cinema!
 
Avaliação: Três abraços para deixar o coração quentinho (3/5).
 
HOJE NOS CINEMAS

Resgate Implacável, de David Ayer

O escritor de quadrinhos Charles ''Chuck'' Dixon ficou conhecido nos anos 90 e 2000 por seu trabalho com a Marvel e com a DC Comics. Em 2021, ele iniciou a série ''Levon Cade'' para a editora Rough Edges Press. O personagem gerou uma série de 12 livros muito lucrativa e é a base da trama que David Ayer e Sylvester Stallone utilizaram para criar o roteiro de ''A Working Man'', filme que chega aos cinemas brasileiros com o título de ''Resgate Implacável'' e tem lançamento da Warner Bros. Pictures. 

Na trama, o ator inglês Jason Statham encarna o ex-militar Levon Cade, viúvo e pai de uma adorável garotinha. Agora o homem ganha a vida como construtor nas empresas da família Garcia. Belo dia, a adorável e espevitada Jenny Garcia (Arianna Rivas), filha de Joe Garcia (Michael Peña), é raptada dentro de uma boate onde estava se divertindo com as amigas. Joe solicita então que Levon o ajude a encontrar a filha desaparecida, pois não tem cabeça para nada e muito menos força para lutar com a máfia russa, grupo envolvido no sequestro, mas que apenas o espectador tem consciência. Apesar de resistência inicial, Levon segue as pistas que encontra e sai a caça de todos que podem ter relação com o sumiço de Jenny. Pelo caminho, o ex-militar só deixa sangue e rastros de bandidos aniquilados, após uma boa surra. Gunny Lefferty (David Harbour), é um ex-amigo dos tempos de exército, e Levon acaba pedindo que ele cuide de sua pequena filha para que nada a aconteça, já que seu disfarce pode ter sido descoberto. A partir dai, ele tenta encontrar lideres de gangues e chefões dos mundos das drogas. O resultado é que ninguém está a salvo quando Levon está por perto. 

A produção da Black Bear, Block Films, Balboa Productions e outras lá fora tem distribuição da Amazon MGM Studios e a mão do grupo consegue entregar um baita entretenimento para os machos de plantão. Além de entreter pela ação exacerbada, tem cenas cômicas e escolhas inusitadas para o direcionamento dos personagens, que por mais que soem clichês, tem tudo para divertir a audiência. Stallone escreve pela segunda vez um texto para que Jason Statham atue, a primeira vez foi em ''Linha de Frente'' (2013) e os dois tem trabalhado juntos desde 2010 por conta da franquia ''Os Mercenários''. 
 
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Ficha Técnica
  • Título original e ano: A Working Man, 2025. Direção: David Ayer. Roteiro: Sylvester Stallone, David Ayer - baseado na série ''Levon Cade'' de Chuck Dixon. Elenco: Jason Stathan, Jason Flemyng, Mereb Ninidze, Noemi Gonzalez, Maximilian Osinski, Ariana Rivas, Cokey Falkow, David Harbour, Michael Peña,ISla Gie, Emmett J Scanlan, Eve Mauro, Piotr Witkowski, Greg Kolpakchi, Andrej Kaminsky, Chidi Ajufo, Ricky Champ. Gênero: Ação. Nacionalidade: Reino Unido e Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Jared Michael Fry. Fotografia: Shawn White. Edição: Fred Raskin. Design de Produção: Nigel Evans. Direção de Arte: James Lewis. Figurino: Tiziana Corvisieri. Empresas Produtoras: Black Bear, Block Films, Balboa Productions, CAT5, Cedar Park Entertainment, Punch Palace Productions. Distribuidora: Warner Bros. Pictures Brasil. Duração: 10h56min.
O filme entrega narrativa baseada no primeiro livro da série escrita do Chuck Dixon ''Levon's Trade: A Vigilante Justice Thriller '' e exibe um justiceiro sendo reativado no modo hard de aniquilação. O texto usa da pior imagem possível para os mafiosos russos que ganham estereótipos, sotaques horrendos e um figurino ultra questionável. A garota que desaparece é vitima de Dimi Kolisnyk (Maximilian Osinski), que além de vender as drogas mais pesadas do ramo, também trafica mulheres para clientes ricos. Enquanto a dupla Viper (Emmett J Scanlan) e Artemis (Eve Mauro) tenta não decepcionar o chefe e roubar as garotas, Levon está a solta visitando os vendedores das drogas ou pessoas que estavam na boate quando Jenny foi levada. O surto coletivo de surra que a galera toma não está no papel. E até a atuação mais pífia em cena vai divertir ''os marmanjos brucutus'', público a quem o filme é direcionado. 
 
            Créditos de Imagens: © 2025 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.

Jason Statham chega a marca do seu 50º filme com ''Resgate Implacável''

A direção de David Ayer segue o mesmo rumo de sempre, mas a mistureba de tonalidade que o filme entrega faz a produção ir crescendo a cada ato. A mocinha do filme realmente precisa de ajuda, mas os momentos em que está também sai lutando contra pessoas do mesmo sexo consegue mostrar que não é de porcelana. O ato final do longa é emblemático em entregar personagens góticos, luas gigantescas no em um cenário mais medieval com vilões asquerosos que até remetem a um figurino ''Zé do Caixão de ser". A trilha sonora investe aqui e ali em músicas com estilo punk rock ou heavy como ''The Boys Are Back'', do grupo norte americano Dropkick Murphys. A mesma embala uma cena de porradaria extrema que sinaliza exatamente o que a letra diz.

Sendo uma das opções na cartela de estreias, Resgate Implacável é talvez a mais certa para os saudosos e apaixonados do estilo Stallone de cinema. 
 
Avaliação: Três senhores da luta (3/5). 
 
Hoje nos Cinemas

Novocaine: À Prova de Dor, de Dan Berk e Robert Olsen

Dirigido por Dan Berk e Robert Olsen, as mentes por trás de filmes como "Uma Obsessão Desconhecida" (2022), "Novocaine" surge como uma proposta inesperada dentro do cenário cinematográfico atual. Embora o longa siga uma fórmula já conhecida pelo grande público, unindo elementos de comédia e ação, ele se destaca pela maneira criativa com que desenvolve sua premissa.
 
A trama apresenta Nathan Caine (Jack Quaid), um gerente de banco que sofre de uma rara condição congênita que o torna completamente insensível à dor. Essa peculiaridade, que moldou sua existência desde o nascimento, é o catalisador de uma série de eventos inesperados, muitas vezes absurdos e, em certos momentos, grotescos.
 
A originalidade da premissa é, sem dúvida, um dos pontos fortes do filme. A ideia de um protagonista incapaz de sentir dor abre um leque de possibilidades para sequências de ação e situações do cotidiano extremamente criativas. Além de entreter, essa característica permite uma abordagem mais profunda sobre as implicações psicológicas e sociais da condição de Nathan. Os diretores exploram essa premissa ao longo da trama, oscilando entre momentos de humor e cenas que podem incomodar os espectadores mais sensíveis. Portanto, a classificação da produção está a nível 18 anos.
 
        Crédito de Imagens:  Marcos Cruz/Marcos Cruz - © 2024 PARAMOUNT PICTURES. ALL RIGHTS RESERVED.
O longa foi rodado na Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2024

A comédia do filme bebe muito da fonte do humor "pastelão", o que se mostra eficaz e combina perfeitamente com a proposta do longa. Especialmente nas reações de Nathan diante de situações que seriam dolorosas para qualquer outra pessoa, vemos um protagonista por vezes perdido, sem perceber ou entender que foi "machucado" – o que garante várias cenas hilárias.

Já as sequências de ação, beneficiadas pela condição única de Nathan, são um dos maiores atrativos de "Novocaine". A coreografia e a encenação exploram de forma inventiva a imunidade à dor do protagonista, resultando em combates e perseguições que se destacam pela originalidade. Mesmo quando gravemente ferido, Nathan mantém sua expressão serena e sua preocupação com os outros ao seu redor, sem se dar conta da gravidade de seus ferimentos.

Quando o foco se volta para a atuação de Jack Quaid, percebe-se um dos pilares que sustentam o filme. Ele entrega uma performance carismática, despertando empatia no espectador e tornando crível a estranheza de seu personagem. Sua expressividade facial e a maneira como lida com as situações extremas são fundamentais para o tom peculiar da narrativa.
 
         Crédito de Imagens:  Marcos Cruz/Marcos Cruz - © 2024 PARAMOUNT PICTURES. ALL RIGHTS RESERVED.
A produção contou com exibição no inicio de março pelo projeto do  cinemas AMC de ''Exibições Secretas'' titulado ''Monday Mistery Movie''
 
Os personagens secundários também são bem trabalhados, ainda que sigam alguns clichês do gênero. Amber Midthunder interpreta uma mulher interesseira com conexões criminosas, que inicialmente parece estar apenas impulsionando a trama, mas aos poucos recebe um desenvolvimento mais aprofundado, enriquecendo a dinâmica da história. Ainda estão no elenco: Ray Nicholson, Jacob Batalon, Garth Collins, Lou Beatty Jr., Craig Jackson, Evan Hengst e Conrad Kemp.
 
A direção de Berk e Olsen demonstra uma visão clara do tom que desejam imprimir ao filme, alternando habilmente entre momentos de tensão e leveza. A identidade visual do longa contribui para sua ambientação, dando suporte tanto às sequências de ação quanto aos momentos de comédia – elementos que só alguém "à prova de dor" poderia vivenciar de forma tão singular.
 
Em suma, "Novocaine: À Prova da Dor" apresenta um protagonista diferenciado e oferece uma experiência única para quem busca algo além do comum. A atuação de Jack Quaid e a originalidade da condição de seu personagem são destaques que tornam o filme memorável, apesar de se ter uma perfeição do gênero ou algo inovador. É uma obra que certamente divertirá o espectador.
 
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Ficha Técnica 
  • Título Original e Ano: Novocaine, 2025. Direção: Dan Berk e Robert Olsen. Roteiro: Lars Jacobson. Elenco: Jack Quaid, Amber Midthunder, Ray Nicholson, Jacob Batalon, Garth Collins, Lou Beatty Jr., Craig Jackson, Evan Hengst, Conrad Kemp, Gênero: Ação, Comédia, Thriller. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Lorne Balfe e Andrew Kawczynski. Design de Produção: Kara Lindstrom. Direção de Arte:Kirk Doman. Edição: Christian Wagner. Fotografia: Jacques Jouffret.  Empresas Produtoras: Paramount Pictures, Department of Trade and Industry of South Africa, Infrared, Québec Production Services Tax Credit, Safehouse Pictures. Distribuidora: Paramount Pictures Brasil. Duração: 01h50min.
HOJE NOS CINEMAS 

Meu Nome é Maria, de Jessica Palud


“Uma página em branco que carrega uma ferida”.

Baseado no livro “My Cousin Maria Schneider: A Memoir”, escrito por Vanessa Schneider, “Meu Nome é Maria” é uma comovente narrativa, um tributo a Maria Schneider, jovem estrela de cinema da década de 70. A produção conta com direção de Jessica Pallud e no elenco estão: Anamaria Vartolomei, Matt Dillon, Giuseppe Maggio, Marie Gillain, Yvan Attal, Céleste Brunnquell, entre outros. A trama é contada pela perspectiva da prima mais nova, Vanessa, que a admirava, e relata como Maria alcançou a fama através do polêmico e controverso filme “O Último Tango em Paris” (Bernardo Bertolucci, 1972) e se viu envolvida em um escândalo que a perseguiria pelo resto de seus dias.

Maria Schneider nasceu em 1952 no 15º arrodissement de Paris, área nobre a sombra da Torre Eiffel fruto de um relacionamento extraconjugal de seu pai, o ator francês Daniel Gèlin. A mãe, Marie-Christine Schneider, mantinha uma relação distante e conturbada com o progenitor da jovem, que nunca a reconheceu. Apesar de ausente, Maria se espelhava no trabalho do pai e queria seguir carreira, o que gerava atrito e discussões acaloradas com a mãe. Mas, a garota amava a sétima arte desde a adolescência. Aos 15 anos, a belíssima jovem saiu de casa e começou a atuar em teatro para se manter. Foi também modelo e figurante em filmes, onde conheceu pessoas importantes do meio. Aos 18 anos, mentiu sua idade e foi escolhida por Bertolucci para o papel de Jeanne, protagonista de “O Último Tango em Paris”, contracenando com o astro Marlon Brando. 
 
O diretor era manipulador e aproveitava-se da ingenuidade da atriz iniciante. A famosa e controversa cena do estupro com manteiga, foi sugerida por Marlon a Bernardo, que aceitou, desconsiderando o roteiro que Maria havia recebido. Ignorando o teor violento da cena, Maria viu-se humilhada e realmente “estuprada por dois homens, Bernardo e Marlon”. Marlon apenas disse: “Maria, não se preocupe, é apenas um filme” e nem ao menos se desculpou. Mesmo se tratando de uma simulação, não invalida o sofrimento da jovem que realmente chorou em cena. Ali não era Jeanne, a personagem atuando, era Maria sendo violada devido ao uso forçado da ação e do não conhecimento do que esta teria de fazer. O diretor apenas reagiu dizendo que ''a atriz não ter conhecimento faria bem às cenas para exibir sua total surpresa''. As consequências do trabalho para a carreira da jovem atriz e para sua saúde mental foram devastadoras. 
 
Crédito de Imagens: Les Films de Mina, Orange Cinéma Séries, Moteur S'il Vous Plaît, StudioCanal, Cinema Inutile, Ciné+. Divulgação: Imovision
A produção estreou na última edição do Festival de Cannes
 
Esta leitura da história mostra tudo que Maria passou, indo da fama imediata ao fundo do poço por ser o cerne de um escândalo sexual. Depressão profunda, álcool, drogas, internações constantes, tentativas de suicídio. Vida e carreira destruídas pela inconsequência de um diretor misógino e insensível. A película aborda o fato de que filmes desta natureza são realizados por homens, para uma audiência masculina e que fazem das atrizes simples objetos, explorando submissão e subestimando a inteligência e perspicácia destas mulheres. E a indústria, predominantemente masculinizada, perpetua esse tipo de situação há séculos.

Anos depois, Maria abandonou o set de filmagens de ''Calígula'' (Tinto Brass, Bob Guccione, Giancarlo Lui, 1979) por não querer fazer cenas de sexo e nudez. Foi substituída por  Teresa Ann Savoy que era conhecida de Tinto Brass por terem trabalhado juntos no passado. De toda forma, esta última acabou se rendeu ao sistema.
 
 
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  • Título Original: MARIA, 2024. Direção: Jessica Palud. Roteiro: Jessica Palud e Laurette Polmanss - baseado no livro “My Cousin Maria Schneider: A Memoir”, de Vanessa Schneider. Elenco: Anamaria Vartolomei, Matt Dillon, Giuseppe Maggio, Celeste Brunnquell, Yvan Attal, Marie Gillain, . Gênero: Drama, Ficção. Nacionalidade: França.  Direção De Fotografia: Sébastien Buchmann (Afc). Direção De Arte: Valérie Valero (Adc). Figurino: Alexia Crisp-Jones. Música: Benjamin Biolay. Montagem: Thomas Marchand. Design de Produção: Valérie Valéro. COR. Produção: Marielle Duigou, Les Films De Mina. Empresas Produtoras: Les Films de Mina, Orange Cinéma Séries, Moteur S'il Vous Plaît, StudioCanal, Cinema Inutile, Ciné+. Distribuição: Imovision. Duração: 1h42min. Classificação: 16 anos

Maria Schneider se declarou bissexual, em 1974, sofreu com problemas toxicogicos nos anos 90, mas se afastou com o apoio de amigos e de sua companheira. Após largar o cinema, tornou-se uma defensora dos direitos das mulheres e pelo uso correto da imagem destas em Hollywood até sua morte em 2011, aos 58 anos de idade.

A arte não pode ferir os direitos e a integridade de quem quer que seja.

Assista! Vale o ingresso!!!
 
HOJE NOS CINEMAS

quinta-feira, 20 de março de 2025

O Bom Professor, de Teddy Lussi-Modeste

 
Em 2019, em uma escola de Seine-Saint-Denis (nos subúrbios do norte de Paris), o diretor e co-roteirista de ''O Bom Professor'', Teddy Lussi-Modeste, era um dos educadores do lugar. Uma estudante de 13 anos o acusou de assédio por conta de uma situação onde a menina disse ter visto o professor ''tocar o cinto enquanto a olhava''. Como consequência, um de seus irmãos mais velhos chegou a ameaçar o homem, enquanto outro dos familiares da garota a levou à delegacia para registrar uma queixa. Em um contexto onde a instituição não protegeu o pedagogo, todos os outros entraram em greve e demais fatores foram tornando o ocorrido maior do que realmente era. Anos mais tarde, o constrangimento virou filme estrelado pelo astro francês François Civil. A película foi exibida na última edição do Festival Varilux de Cinema Francês e chega aos cinemas brasileiros esta semana com distribuição da Mares Filmes.
 
Na trama, Civil interpreta o professor de ensino médio Julien Keller que não só leciona francês e poesia, mas se preocupa em incentivar os alunos a serem críticos e terem ideais de vida. Certo dia, durante o trabalho, é chamado pela direção para responder sobre uma acusação de assédio feita pela aluna Leslie Reynaud, interpretada por Toscane Duquesne. O docente desconhece o motivo que causou a ação da adolescente e, desta forma, solicita que a mesma esteja presente para contestar a acusação. No exato momento, a coordenação faz uma ligação para que um responsável da garota compareça a escola imediatamente. Apesar de certa relutância, um dos irmãos de Leslie decide ir ao lugar e o que poderia ser resolvido sem embates ou envolvimentos de terceiros se torna uma situação constrangedora para o professor, pois o rapaz decide levar a irmã a polícia e fazer a acusação de forma que esta se torne uma investigação séria e puna o verdadeiro culpado. Com o passar das cenas, o espectador, que desde o começo tem provas imagéticas do perfil ético do trabalhador de educação, entende que caprichos de adolescentes e falsas informações foram espalhadas sobre este último.
 
A obra traz à tona um eloquente debate sobre acusações feitas indevidamente a alguém e como tais podem ferir a imagem e o trabalho de profissionais sérios e dedicados tais quais professores. A situação apresentada na narrativa e a condução do diretor faz ainda com que a audiência ganhe tempo para refletir sobre acontecimentos outros que possam ter sido testemunhas ou apenas sabido da existência e não concordado. Os diversos cenários em que circunstâncias como estas ocorrem, podem ser prejudiciais a saúde mental mais do que tudo, tanto de quem o vive, como de quem presencia.

                  Crédito de Imagens: Kazak Productions,Frakas Productions,France 3 Cinéma - Mares Filmes, Divulgação
A primeira exibição do filme foi no Festival Ramdam, na Bélgica, em janeiro de 2024.
 
O roteiro e a edição trabalham de forma a ir apresentando o que realmente ocorreu ao professor nos dias passados, após este ir conversando com seus inquisidores. É quando o professor conta ao diretor da escola que, para incentivar os alunos que se saíram bem na matéria a se conectar de forma mais humana e amigável no ambiente escolar, os levou a uma lanchonete para comer Kebab. Océane, papel de Mallory Wanecque, de braços dados com uma amiga, acabou indo atrás do grupo para entender o que acontecia e ficou sabendo que foi excluída do passeio, visto não ser uma boa aluna. Ainda que leve, se vê o desdém no olhar da garota, mas nem em sua pior versão Julien imaginaria que o momento seria motivo para criar uma desavença com a jovem ou que esta buscaria um motivo para ferrar a vida do professor. Adorada ou não por seus colegas, a garota intimida a todos com seu caminhar prepotente e de que deve ser agradada como uma rainha, e as meninas que querem ser como ela, desejam estar em sua presença e assim fazem o que acham por bem para satisfazê-la. É quando Leslie entra em cena e aos poucos todos os estudantes são manipulados a ficarem contra o professor pelo pensamento de que este é ''estranho e isolado'' do restante.
 
A situação causa certo alvoroço entre os docentes, mas não o necessário. Ainda assim, devido as ameaças de morte que Julien recebe dos familiares de Leslie, alguns professores começam o acompanhar após o término das aulas, ou ainda indicar que ele saia por um portão diferente, ainda que seja desolador para ele se esconder.
 
                    Crédito de Imagens: Kazak Productions,Frakas Productions,France 3 Cinéma - Mares Filmes, Divulgação
O Bom Professor é o segunda longa-metragem de Teddy Lussi-Modeste

O personagem, desde os primeiros momentos do filme, é visto em uma relação com outro homem, e sem qualquer indicio de ter infligido o espaço dos alunos. A sexualidade do professor é colocada em cheque e usada como artifício de dano moral pelos alunos para um momento de bullying dentro de sala de aula. O ocorrido chega a sala dos professores, que tudo debate e vota, mas estes se mostram ainda mais preconceituosos do que as crianças. Um dos magistrados até diz que o colega poderia usar o fator para se defender do despautério da acusação de assédio, mas em tom sensato Julien responde ''que ele deve ter o direito de se defender sem expor sua vida pessoal como qualquer outra pessoa'' e o mesmo colega também chega a conclusão de que tal exposição também faria mal à sua imagem perante os pais e todos ali. 
 
Como pano de fundo, têm se ainda que o professor e o namorado não estão bem das finanças e não podem contratar um advogado. Alguns professores, como Nora (Myriam Djeljeli), se solidarizam do colega, mas até mesmo esta se torna ''raivosa'' quando descobre que Julien é gay. A inundação de fatos que favorecem a conduta do pedagogo não trazem qualquer auxilio à ele, pois a instituição prefere não se envolver e o defender por medo de perder os alunos. Como em situações que vários magistrados passaram nos últimos anos, o homem tem seus passos vigiados dentro de sala de aula e o ato final do filme coincide em um momento de explosão e stress para ele.

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Ficha Técnica
  • Título Original e ano: Pas des Vagues, 2024. Direção: Teddy Lussi-Modeste. Roteiro: Teddy Lussi-Modeste, Audrey Diwan. Elenco: François Civil, Shaïn Boumedine, Toscane Duquesne, Bakary Kebe, Mallory WanecqueMarianne Ehouman, Luna Ho Poumey, Mohamed Fadiga, Emma Boumali, Estevan Marchenoir,Myriam Djeljeli,Atik Jawed. Gênero: Drama. Nacionalidade: França, Bélgica. Trilha Sonora Original: Jean-Benoît Dunckel. FotografiaHichame Alaouie. Edição: Guerric Catala. Design de Produção: Chloé Cambournac. Figurino: Joana Georges Rossi. Empresas Produtoras: Kazak Productions,Frakas Productions,France 3 Cinéma. Distribuição: Mares Filmes. Duração: 91min.
 
De certo, O Bom Professor traz ao catálogo de estréias um sabor difícil, mas muito eficiente para conversas que circundam o dia a dia da sociedade. A sempre incrível atuação de François Civil é outro grande destaque para não perder o filme em cartaz.
 
Avaliação: Três incentivos a investigações sérias sobre acusações e fake news (3/5).

HOJE NOS CINEMAS

The Alto Knights: Máfia e Poder, de Barry Levinson


Robert De Niro interpreta dois chefes da máfia, Vito Genovese e Frank Costello, que, antes amigos, agora estão em franco combate. No final da década de 50, quando o governo estadunidense inicia uma guerra ao tráfico de entorpecentes e às máfias que comandavam, nos bastidores, a polícia e a política, esses dois chefes buscam seus próprios interesses. Vito deseja se tornar o Poderoso Chefão, enquanto Frank quer abandonar a vida de crimes, pelo menos é isso que ele diz. O roteiro é assinado por Nicholas Pileggi (Os Bons Companheiros, 1990) e a direção é de Barry Levinson (Rain Man, 1988).

São óbvias as inspirações da produção em contar essa história baseada em fatos. Podemos ver acenos à obra-prima de Coppola (O Poderoso Chefão, 1972), um dos grandes filmes de Martin Scorcese (Os Bons Companheiros, 1990) e, em certa medida, até mesmo Hitchcock (Vertigo, 1958) passa na paleta de referências visuais.

É impressionante ver um bom ator trabalhar, De Niro consegue dar dois tons muito distintos aos seus personagens e, mesmo quando estes interagem, é possível dizer que são duas pessoas diferentes os interpretando. A disposição do ator de 81 anos é impressionante, sua versatilidade é imensa e sua reputação não é mero acaso. O restante do elenco também acompanha bem o veterano, em especial Debra Messing (Mais Que Amigos, 2022), Cosmo Jarvis (Persuasão, 2022), Kathrine Narducci (O Irlandês, 2019) e Michael Rispoli (Um Amor Após a Vida, 2020).
 
Crédito de Imagens: Cortesia da Warner Bros - © 2025 Warner Bros. Entertainment Inc.
Nicholas Pileggi assina três roteiros para próximos filmes, um deles sobre o mafioso Gregory Scarpa
 
A direção de Levinson também é a contento, mas o roteiro de Nicholas Pileggi (GoodFellas, 1990) não deixa a história crescer. O filme possui bons momentos de humanização daqueles personagens, seja numa discussão sobre a origem dos mórmons, ou sobre como um assassinado deve ser confirmado, mas quando ele tenta criar tensão, ele falha.

Até mesmo a resolução do filme carece de tensão, toda a velocidade de narrativa construída no começo se perde no decorrer da história. A decisão de trazer uma espécie de entrevista com um dos chefes da máfia para cobrir todo o período de amizade e o cisma, enfraquece o filme, que fica refém de recortes temporais esparsos que atravancam o desenvolvimento.

No final, é um filme com uma boa direção, mas que carece de força narrativa. Há uma boa história sendo contada ali, mas ela se perde numa montagem engessada, diálogos mal filmados, mesmo com um bom texto, além da falta de tensão nas cenas. Muitos momentos, que aparentavam ser decisivos ou viradas de mesa, são menores por essa falha na direção.

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Ficha Técnica
  • Título Original e Ano:  The Alto Knights, 2025. Direção: Barry Levinson. Roteiro: Nicholas Pileggi. Elenco: Robert De Nir, Debra Messing, Kathrine Narducci, Cosmo Jarvis, Michael Rispol, Robert Uricol, Frank Piccirill, James Ciccone, Bob Glouberma. Gênero: Crime, Biografia, Mafia, Drama. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original:David Fleming.  Fotografia: Dante Spinotti. Edição: Douglas Crise. Design de Produção: Neil Spisak. Direção de Arte: Ian Scroggins. Figurino: Jeffrey Kurland. Empresas Produtoras: Warner Bros e Winkler Films. Duração:2hrs.
 
NOTA DA EDITORA
O palco da história nomeia o filme ''The Altos Knights''. Este era um Clube Social, fundado em 1926, e conta com uma uma longa e célebre história, pois o notório estabelecimento era conhecido como ''o lugar da máfia'', o que faz deste um personagem central na trama. O Clube ficava localizado na esquina da Kenmare com a Mulberry Street e, apesar de seu fim ignominioso, permanece um símbolo proeminente do passado histórico da máfia na cidade de Nova York. O cenário do filme foi remontado no Arnold’s Bar & Grill, em Ohio.   
 
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Branca de Neve | Assista nos Cinemas


Um conto de fadas que vai além da polarização global social e política.

Nascida da tradição oral alemã, a fábula “Branca de Neve” (Schneewittchen) passava de geração a geração e sofria naturalmente as modificações da oralidade. Os Irmãos Grimm fizeram um compilado que foi publicado, juntamente com outras histórias, entre os anos de 1817 e 1822. A verdadeira origem desta fábula é desconhecida e pode ter sido na Idade Média. Entretanto, a versão dos Irmãos Grimm tornou-se a mais conhecida.

A clássica história foi um dos primeiros longa metragens da história do cinema mudo. Lançado em 1916, a produção conta com direção de J. Searle Dawley, com Miss Marguerite Clark e Dorothy Cumming nos papéis principais. Branca de Neve foi também uma das primeiras animações dos Estúdios Disney - o clássico “Branca de Neve e os Sete Anões” (1937), de 
William Cottrell, David Hand e Wilfred Jackson, (disponível no Disney+) e marcou a infância de muitas gerações. Impossível não ter alguma memória afetiva embalada por canções como “Heigh-Ho” ou “Whistle While You Work”.

No decorrer do tempo, a narrativa foi se adequando às exigências sociais e aos valores de cada época histórica, incorporando novas facetas, extraindo ou modificando aquilo que não mais seria aceitável. Chegou-se a um ponto em que o texto deixou de ser um mero entretenimento infantil e passou a ser uma forma de transmitir valores, mensagens e lições de moral. Rodeado por um turbilhão de notícias polêmicas e discussões acaloradas, chega nesta quinta-feira, 20 de março, aos cinemas brasileiros mais uma releitura do clássico conto de fadas. Repaginado, modernizado, atualizado! Tudo isso visando conquistar o público atual, mais exigente e crítico, e trazer boas lembranças a audiência que cresceu assistindo aos clássicos.

Desta feita, teremos a versão musical,  um live-action dirigido por Marc Webb, conhecido por dirigir vídeos para as bandas Evanescence, Green Day, My Chemical Romance, entre outras, além de diretor de ''O Espetacular Homem-Aranha'' (2012) e diversas séries e filmes. O roteiro é assinado por Erin Cressida responsável pelos scripts de '' Homens, Mulheres & Filhos'' (2014). No elenco: Rachel Zegler (Branca de Neve), Gal Gadot (Rainha Má), Andrew Burnap (Jonathan), Ansu Kabia (Caçador) e Patrick Page (Espelho Mágico), entre outros.

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Ficha Técnica
 
  • Título Original e Ano: Snowhite, 2025. Direção: Marc Webb. Roteiro: Erin Cressida Wilson.  Elenco: Rachel Zegler, Gal Gadot, Andrew Burnap,Andrew Barth Feldman,  Tituss Burgess, Martin Klebba, Jason Kravits, George Salazar, Andy Grotelueschen, Jeremy Swift, Ansu Kabia, Patrick Page,  . Gênero: Live-action, Adaptação, Fantasia, Conto de Fadas, Romance. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Jeff Morrow. Fotografia: Mandy Walker. Edição: Sarah Broshar  e Mark Sanger. Design de Produção: Kave Quinn. Direção de Arte: Niall Moroney.  Figurino: Sandy Powell. Empresas Produtoras: Marc Platt Productions, Walt Disney Studios, Walt Disney Pictures, The Walt Disney Company. Distribuidora: Walt Disney Studios Brasil. Duração: 01h49min. CLASSIFICAÇÃO: 10 anos. 
 
A trama segue a linha do clássico conhecido iniciando com a explicação do nome escolhido para a bebê real. Branca de Neve veio ao mundo em um dia de forte nevasca. Enfatiza-se o fato dela ter sido criada por pais amorosos e atentos, que lhe passaram bons exemplos, preparando-a para um dia assumir o trono e ser uma soberana justa, autêntica, que olharia para seus súditos com sabedoria e justiça. Um mundo ideal, “onde as coisas boas crescem” e tudo é dividido entre o povo, como as tortas de maçã que ela aprende a fazer. Aqui já se nota a primeira mudança na narrativa. Não se exibe mais uma jovem princesa à espera do príncipe encantado que a fará feliz para sempre. Branca de Neve é protagonista de sua história, apesar de já ter seu destino pré definido. Mas tudo muda com a morte de sua mãe, a rainha. O novo casamento do pai traz à história uma bela mulher, interesseira, que só valoriza a beleza exterior, não respeitando os direitos do povo e suas necessidades básicas. Para ela “beleza é poder”. O reino entra em crise. Os artistas de rua que antes alegravam as praças agora se veem obrigados a roubar para não morrer de fome. Neste contexto, Branca de Neve conhece Jonathan. Ela, aparentemente, uma simples serviçal da rainha, ele um ladrãozinho barato roubando comida e lutando em nome de um rei justo e bom. O encanto é mútuo. 
 
Outra mudança na narrativa, eles se apaixonam, algo perfeitamente aceitável. Ele não é “o príncipe encantado que rodou o mundo à procura de sua escolhida, para tomá-la sem seu consentimento”. O sentimento da inveja continua presente na narrativa. A rainha quer destruir a beleza que lhe impõe concorrência. Branca de Neve foge para a floresta e encontra a casinha onde vivem sete criaturas mágicas com centenas de anos de vida. Tudo que eles tocam se transforma em pedras preciosas. Mais uma vez, visando não reforçar estereótipos, os sete anões da versão original aqui são espécies de gnomos da floresta elucidados por cgi. E diga-se de passagem, muito convincentes. Os gnomos são bem fofos semelhantes àquelas estatuetas de jardim e Dunga (voz de Andrew Barth Feldman) ganha o coração do público.

Como última tentativa, a Rainha se utiliza da maçã envenenada que apenas adormece Branca de Neve. A cena da transformação da Rainha em bruxa é sensacional. Jonathan, apaixonado, beija sua amada, supostamente morta, como uma prova de amor. A trama tem um toque de romance, mas não passa aquela premissa do amor romântico ideal e único. Essa nova versão traz uma jovem mulher que descobre sua força e se empenha para se tornar aquela líder justa que seus pais a fizeram acreditar que seria.

               Crédito de Imagens:  © Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.
Esta é a terceira adaptação da narrativa de Branca de Neve durante os anos 2000, sendo as outras    ''Espelho, Espelho Meu", de Tarsem Singh, e Branca de Neve e o Caçador, de Rupert Sanders, ambos os filmes foram lançados em 2012.
 
Os cenários abusam das cores azul, amarelo com toques sutis de rosa, criando um visual bem alegre. Quanto a rainha má, seu figurino abusa do preto, marinho e roxo. Um arraso! As canções estão a cargo de Benj Pasek e Justin Paul (Aladdin, de Guy Ritchie, lançado em 2019 e outros) e só poderiam estar maravilhosas. Raquel Zegler incorpora a personagem e entrega canções melodiosas, cercada dos animaizinhos mais fofos do mundo.

Disney trouxe de volta a magia e o encanto das fábulas de outrora, com um ar moderno e atual.

Vale o ingresso!!
 
Avaliação: Quatro tortas de maçã (4/5).
 
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