“Comigo, não tem essa história de começo, meio e fim, não. É na ordem que eu quiser!”
A fim de exortar a diversidade de gêneros do cinema brasileiro e o alcance das mais variegadas fatias de público, é interessante valorizar a produção de comédias românticas, que traduzem para o contexto nacional os clichês que consumimos por anos a fio, nas programações televisivas e cinematográficas. Neste sentido, que um realizador cearense tenha se dedicado a uma produção de cariz homossexual, com diversos números musicais, é algo a ser celebrado. Sobretudo quando Alan Deberton foi o responsável pelo maravilhoso “Pacarrete” (2019), merecedor de oito prêmios no Festival de Cinema de Gramado.
“O Melhor Amigo” (2024) não tem receio de abarcar o popularesco, convidando a ‘drag queen’ Deydianne Piaf e a cantora Gretchen como partícipes, em cenas-chave do enredo: graças a essas duas musas dos ‘gays’, os personagens deste filme finalmente tomarão as decisões que procrastinaram por tanto tempo. Além disso, há um farto quociente de publicidade, no que tange à valorização das benesses turísticas do lugar que serviu de cenário para as libações homoeróticas dos envolvidos.
Na abertura, o protagonista Lucas (Vinícius Teixeira) fala sobre como se apaixonou por Felipe (Gabriel Fuentes): ele cria que era heterossexual, mas beijou o colega de faculdade em meio a uma bebedeira e, depois disso, o rapaz sumiu. Parou de ir às aulas e deixou Lucas numa crise existencial, até que ele conheceu Martin (Léo Bahia), com quem encetou um romance. Ocorre que o jeito extravagante de Martin difere dos comportamentos mais reclusos de Lucas, de modo que eles brigam.
Na abertura, o protagonista Lucas (Vinícius Teixeira) fala sobre como se apaixonou por Felipe (Gabriel Fuentes): ele cria que era heterossexual, mas beijou o colega de faculdade em meio a uma bebedeira e, depois disso, o rapaz sumiu. Parou de ir às aulas e deixou Lucas numa crise existencial, até que ele conheceu Martin (Léo Bahia), com quem encetou um romance. Ocorre que o jeito extravagante de Martin difere dos comportamentos mais reclusos de Lucas, de modo que eles brigam.
Crédito de Imagens: Vitrine Filmes - Divulgação
O Melhor Amigo faz parte do projeto de incentivo ao acesso aos cinemas e às produções brasileiras dentro do projeto ''Sessão Vitrine Petrobrás''
Antes de se aventurar por um final de semana na praia de Canoa Quebrada,
no município de Aracati, Estado do Ceará, Lucas é despertado por um
carro de som: ansioso por lhe pedir desculpas, Martin contrata este
serviço barulhento, o que deixa o jovem arquiteto ainda mais irritado.
Já na praia, enquanto negocia um passeio pelas dunas, ele reencontra
Felipe, e anima-se quanto à possibilidade de reatar um antigo romance.
Porém, Felipe se define como “amante profissional”, sendo bastante
cobiçado pelos homens e mulheres do local. Lucas, por sua vez, afoga as
suas mágoas em encontros sexuais através de aplicativos de paquera,
passando uma noite intensa com um casal indiscreto (formado por Mateus
Carrieri e Diego Montez). Eis que Martin também aparece no hotel…
Os quiproquós e os desencontros deste filme, além de forçados em seu tom de chantagem emocional, são piorados pela falta de carisma do protagonista, desenxabido e enfastiante. É muito difícil se identificar e/ou torcer para que Lucas seja exitoso em suas intenções amorosas, já que ele é pantinzeiro e um tanto esnobe na maneira como conversa com as pessoas. Mas o fascínio desencadeado por Felipe compensa provisoriamente este problema elementar: as cenas em que ele canta e dança são boas, além de habilmente inseridas na trama.
Os quiproquós e os desencontros deste filme, além de forçados em seu tom de chantagem emocional, são piorados pela falta de carisma do protagonista, desenxabido e enfastiante. É muito difícil se identificar e/ou torcer para que Lucas seja exitoso em suas intenções amorosas, já que ele é pantinzeiro e um tanto esnobe na maneira como conversa com as pessoas. Mas o fascínio desencadeado por Felipe compensa provisoriamente este problema elementar: as cenas em que ele canta e dança são boas, além de habilmente inseridas na trama.
Trailer
Ficha Técnica
- Título Original e Ano: O Melhor Amigo, 2025. Direção: Allan Deberton. Roteiro: Allan Deberton, Raul Damasceno, Otavio Chamorro e Pedro Karam. Elenco: Vinicius Teixeira, Gabriel Fuentes, Léo Bahia, Mateus Carrieri, Cláudia Ohana, Gretchen, Deydianne Piaf, Souma, Muriel Cruz, Mulher Barbada, Patrícia Dawson, Diego Montez, Walmick de Holanda, Solange Teixeira, Adna Oliveira, Gabriel Arthur. Gênero: Comédia Romântica. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora Original: Herlon Robson. Direção de fotografia: Beto Martins. Direção de arte: Rodrigo Frota. Figurino: Chris Garrido. Maquiagem: Elen Barbosa. Som Direto: Guma Farias. Edição de Som e Mixagem: Érico Paiva (Sapão). Assistência de Direção: Breno Baptista. Coreografia: Rômulo Vlad. Montagem: Germano de Oliveira e Victor Costa Lopes. Produtora Associada: Ariadne Mazzetti. Produção: Allan Deberton e Marcelo Pinheiro. Produção Executiva: Patrícia Baia e César Teixeira. Distribuição: Sessão Vitrine Petrobrás, Vitrine Filmes. Duração: 94 min.
Se o longa-metragem tivesse investido em mais cenas musicais, tornar-se-ia mais divertido, conforme demonstrado nos instantes em que personagens cantarolam “Perigo”, canção que ficou consagrada na voz de Zizi Possi. O momento em que Martin tenta pedir Lucas em casamento, ao som de “Escrito nas Estrelas”, também é bacana, não obstante ele ser interrompido por uma discussão moralista sobre os padrões de fidelidade desrespeitados pelo protagonista, que se revelará um promíscuo ciumento, num dos encontros com Felipe. É realmente constrangedor defender um personagem como este!
O desfecho do filme, baseado num curta-metragem homônimo, do próprio diretor, evita o final feliz arquetípico, ainda que o encaminhe, através de trajetos convergentes, que permanecem em aberto. Para tanto, foi decisiva a participação da vidente/vendedora de geladinhos, interpretada por Cláudia Ohana, que diz a Lucas que algo decisivo acontecerá em sua trajetória: enquanto Deydianne lamenta que conseguiu quase tudo o que queria, mas “tem a impressão de que falta alguma coisa”, Lucas aproveita as conseqüências de uma bebedeira para dar um jeito na “ressaca de sua vida”. Ao som de “Flashdance… What a Feeling”, ele e Deydianne aceitam aquilo que é proposto pela canção: “agarrem a sua paixão – e façam acontecer”. A nossa esperança é a de que o mesmo aconteça com a platéia, após a sessão. A despeito das caricaturas consensuais do microcosmo homoafetivo, os bons augúrios namorativos são universais: o capitalismo precisa deles para vender mais filmes como este!
O desfecho do filme, baseado num curta-metragem homônimo, do próprio diretor, evita o final feliz arquetípico, ainda que o encaminhe, através de trajetos convergentes, que permanecem em aberto. Para tanto, foi decisiva a participação da vidente/vendedora de geladinhos, interpretada por Cláudia Ohana, que diz a Lucas que algo decisivo acontecerá em sua trajetória: enquanto Deydianne lamenta que conseguiu quase tudo o que queria, mas “tem a impressão de que falta alguma coisa”, Lucas aproveita as conseqüências de uma bebedeira para dar um jeito na “ressaca de sua vida”. Ao som de “Flashdance… What a Feeling”, ele e Deydianne aceitam aquilo que é proposto pela canção: “agarrem a sua paixão – e façam acontecer”. A nossa esperança é a de que o mesmo aconteça com a platéia, após a sessão. A despeito das caricaturas consensuais do microcosmo homoafetivo, os bons augúrios namorativos são universais: o capitalismo precisa deles para vender mais filmes como este!
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